Descarte correto de lixo eletrônico reduz danos ambientais

Aparelhos como fones de ouvidos, celulares e computadores, quando perdem a utilização, se tornam Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE)

Fabyo Cruz

O destino que damos a um celular que parou de funcionar pode influenciar diretamente no meio ambiente e na saúde humana. O mesmo ocorre com fones de ouvidos, lâmpadas, geladeiras, secadores de cabelo e ventiladores, quando perderam a utilização, esses viram o chamado “lixo eletrônico”, ou, conforme a denominação técnica, se tornam Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE). Alguns fatores, como a “logística reversa” e os “ecopontos” contribuem para o descarte correto desses objetos. 

Computadores, smartphones, caixas de som e outros aparelhos que iriam para o lixo foram recondicionados e estão sendo utilizados no Instituto Alachaster, uma empresa que dirige negócios sociais como a coleta seletiva, educação e empreendedorismo ambiental. O recolhimento é realizado por meio do projeto Recicle+, um programa de gestão de resíduos sólidos com ecopontos e coleta domiciliar e empresarial para condomínios, instituições públicas, privadas e eventos, atendendo a Região Metropolitana de Belém (RMB).  

image Ted Vale, diretor-presidente do Instituto Alachaster, diz que computadores, smartphones, caixas de som e outros aparelhos que iriam para o lixo foram recondicionados e estão sendo utilizados na sede do grupo (Thiago Gomes/O Liberal)

“O grupo realiza coleta desse material, desde 2018, devido ao fato de nós sermos um negócio social que nasce com essa filosofia 100% sustentável. Aqui, os celulares que usamos no grupo, assim como notebooks e outros aparelhos vieram da coleta seletiva. O que não conseguimos recondicionar encaminhamos para parceiros através de doação ou então vendemos as peças. Portanto, nós conseguimos dar um direcionamento  para todo material que recebemos tanto pelo ecoponto ou por meio da coleta seletiva domiciliar”, disse Ted Vale, diretor-presidente do Instituto Alachaster.

Carlos Oliveira, técnico ambiental e coordenador do programa Recicle Mais, explica que nos ecopontos são recebidos materiais reciclados, entre eles, eletroeletrônicos de todo modo, exceto pilhas e baterias. "Recentemente começamos a receber também lâmpadas. Dentro delas encontram-se o mercúrio, então é necessário fazer uma separação adequada desses contaminantes químicos e a separação de materiais de plástico e vidro que compõem essa lâmpada”, comentou.

image Carlos Oliveira, técnico ambiental e coordenador do programa Recicle Mais, conta que o número de coletas de resíduos eletrônicos aumentou por conta de um processo chamado "logística reversa" (Thiago Gomes/O Liberal)

O número de coletas de resíduos eletrônicos aumentou por conta de um processo chamado logística reversa, afirma Carlos Oliveira. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305, de 2010), cabe aos proprietários dos equipamentos entregá-los para que possam ser corretamente descartados e reciclados. A legislação é regulamentada pelo Decreto Federal 10.240/2020. Este dispositivo define metas para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sobre a quantidade de pontos de Entrega Voluntária (PEV) que devem ser instalados, o número de cidades atendidas e o percentual de aparelhos eletroeletrônicos a serem coletados e destinados corretamente. 

“Através dessa parceria de logística reversa, reciclagem e recondicionamento, na Região Metropolitana, conseguimos aumentar as coletas, por meio da divulgação e educação ambiental principalmente. No primeiro momento, exatamente há um ano, recolhíamos cerca de 10 toneladas de material reciclado mensalmente, dentro do programa Reclicle+, e atualmente recolhemos em média 18 a 20 toneladas”, explicou. 

Retorno para a comunidade  

No final deste mês, o Instituto Alachaster deve lançar um projeto socioambiental de recondicionamento de resíduos eletroeletrônicos. Com apoio de parcerias públicas e privadas, o grupo fará turmas com jovens de baixa renda para capacitá-los, por meio de turmas de microlinhas de produção, que servem como ferramenta de educação e capacitação para recondicionar e revender os equipamentos a preços acessíveis. “O projeto tem como objetivo treinar pessoas, empoderar e profissionalizar comunidades. Digamos que é a contrapartida social como negócio social que somos para dar à comunidade, em parceria com órgãos públicos e empresas privadas”, disse Ted Vale.

Mobilizações municipal e estadual 

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), da Prefeitura de Belém,  informou por meio de nota que “tem realizado a coleta de lixo eletrônico por meio de parceria com a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree), que possui um projeto de recolhimento de lixo eletrônico com as associações de reciclados da capital paraense, em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente. A Associação Nhandeara, que desenvolve mensalmente o Drive Thru Ambiental, atua também como parceira da Semma no recolhimento de lixo eletrônico”.

Segundo a Semma, a parceria é recente e “visa retirar o lixo eletrônico de todas as formas de coleta de resíduos e encaminhá-los para reciclagem. A campanha será constante”. Ainda de acordo com a pasta, em breve será divulgado “local para receber este material, o qual será repassado à cooperativa parceira, que os encaminhará para as recicladoras. Em breve serão divulgados pontos para que a população entregue o seu lixo eletrônico”.

A Semma finaliza o comunicado solicitando à população que acumule os produtos até o momento da divulgação dos pontos. “Em breve os pontos estarão estabelecidos e estes materiais poluentes serão reaproveitados, evitando assim, prejudicar nossa natureza”. Também via nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), pasta do governo do Pará, informou que “possui parceria com o Instituto Alachaster, que faz o recolhimento de material eletrônico e o encaminha para as empresas de reciclagem”

Principais impactos ambientais dos resíduos eletroeletrônicos

Os principais danos provocados pelo resíduo eletrônico podem ser divididos em três grandes grupos. São eles:

  • Diminuição do tempo de vida útil dos aterros sanitários

Quando descartados em aterros sanitários, os resíduos eletrônicos aumentam o volume do lixo no local e reduzem seu tempo de vida útil, causando ainda mais impacto ambiental.

  • A contaminação dos metais pesados

Os resíduos eletroeletrônicos possuem quantidades significativas de  mercúrio, chumbo e cádmio, além de outras substâncias altamente poluentes e que afetam tanto a qualidade do solo quanto da água, dos rios e dos lençóis freáticos.

  • Impactos à saúde pública

A poluição causada pelo descarte irregular pode causar danos à saúde da população que vive no entorno dos aterros sanitários ou que vivem da separação dos resíduos destinados aos mesmos.

Série de O Liberal com reportagens especiais sobre Meio Ambiente

Em virtude das celebrações da Semana Mundial do Meio Ambiente, o jornal O Liberal traz uma série com três reportagens especiais sobre o tema aos domingos, a partir de hoje (22), até 5 de junho, quando é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente.

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