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Depois da alta médica, o Dia dos Pais é data mais comemorada por familiares de pacientes da covid-19

Pais relatam os momentos difíceis, a vitória e como veem a vida após a recuperação frente ao coronavírus

Cleide Magalhães
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Desde que a pandemia da covid-19 chegou no Pará, oficialmente dia 18 de março, o Estado somou mais de  149.284 mil pessoas recuperadas da infecção pelo novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave - Sars-Cov-2), até a manhã desta sexta-feira (7). Dos pacientes recuperados, muitos são homens e também pais. Neste Dia dos Pais, alguns deles ainda estão na luta para vencer as sequelas deixadas pela doença. No entanto, estão bastante felizes por terem vencido o que parecia ser a morte e, principalmente, por terem a chance de ver o mundo com outros olhos e por estarem junto da família, amigos e parentes para mais uma data comemorativa importante. 

Pai de 11 filhos, Mizael temia a morte


Foi no dia em que completou 48 anos de idade, 10 de junho, que o mecânico aposentado, Misael Ramos, que mora em Abaetetuba, nordeste do Pará, além de festinha no hospital, ganhou um dos maiores presentes na vida dele: alta da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Materno-Infantil de Barcarena Doutora Anna Turan, onde esteve internado durante sete dias na luta contra a covid-19. Mas a luta não parou ainda por aí. Misael, que tem diabetes e pressão alta e estava internado desde 25 de maio, seguiu internado na Enfermaria do hospital, onde ficou até 22 de junho, para finalizar o tratamento e, depois, voltar para casa mais recuperado da covid-19. 

"Entrei lá e achei que não ia voltar mais, porque meu pulmão ficou comprometido em 88%. Consegui sair só com a misericórdia de Deus e da equipe médica, porque passei 11 dias só na UTI. Ainda sinto canseira e continuo indo para o médico. Minha preocupação maior era como minha família ia ficar, se eu morresse... morreram muitas pessoas do meu lado. É muito importante as pessoas tomarem cuidado, porque a vida é só uma e essa doença é terrível", conta Misael. 

Misael Ramos tem 11 filhos, de 33 a três anos de idade, frutos de cinco casamentos. Atualmente, quatro ainda moram com ele, que conta a  felicidade que sente passar o Dia dos Pais com a família.

"Ah, nem pense, Deus o livre. Todas as horas do meu tempo agora eu dou valor, brinco com meu filho, porque eu não tirava esse tempo. Agora é uma nova vida, uma nova chance. Para o Dia dos Pais a gente faz só uma comemoração no almoço e vamos à igreja, à noite. Ser pai para mim é uma maravilha, é bom demais, dou maior valor e amor para os meus filhos", ressalta Ramos, que foi pai aos 15 anos.

"Achei que não ia voltar mais. Meu pulmão ficou comprometido em 88%. Minha preocupação maior era como minha família ia ficar, se eu morresse... morreram muitas pessoas do meu lado. É muito importante as pessoas tomarem cuidado. A vida é só uma e a covid-19 é terrível", conta o mecânico aposentado Misael Ramos, pai de 11 filhos

 

'Seu Barcarena': felicidade de estar em casa


Outro paciente recuperado da covid-19, que esteve também em estado gravíssimo de saúde foi Henrique Moraes, 72 anos. Ele é feirante no Ver-o-Peso, em Belém, onde é conhecido como "Seu Barcarena", e ficou dois meses internado na UTI e Enfermaria da Fundação Santa Casa de Misericórdia, na capital paraense, de onde recebeu alta médica em 10 de junho.

"Estou feliz de voltar para casa e para minha família, porque passei meu aniversário, 2 de junho, internado. Agora, no Dia dos Pais, vamos fazer aquele almoço com a família. Quando a pandemia passar e eu estiver melhor, quero voltar a ir pra feira pra trabalhar", pensa Moraes, que ainda hoje se recupera de dores nas costas e fraquezas.

"Seu Barcarena" tem dois filhos. Um deles é o fisioterapeuta Paulo Moraes, 46 anos, que mora com a filha e esposa junto com os pais. Eles vão comemorar o Dia dos Pais juntos, depois de passarem por tantos momentos difíceis e incertos.

image 'Seu Barcarena': um dia dos pais como nenhum outro  (Thiago Gomes / O Liberal)

 

Feirante no Ver-o-Peso, Henrique Moraes, 72 anos, conhecido como 'Seu Barcarena' ficou dois meses internado na UTI. "Desde que tudo aconteceu com meu pai, a data que a gente comemora com alegria, depois da alta dele, é o Dia dos Pais. Vamos fazer um almoço reunindo a família para comemorar a saúde, a vida, o amor e a família unida", diz Paulo Moraes, filho mais velho. "Eu não achava que meu pai não ia sobreviver. Com fé e orações e ajuda dos médicos, deu tudo certo"

"Desde que tudo aconteceu com meu pai, a data que a gente comemora com alegria, depois da alta dele, é o Dia dos Pais, quando vamos fazer um almoço reunindo a família para comemorar a saúde, a vida, o amor e a família unida. A gente convive junto e este domingo marca uma fase nova na vida da gente", conta Paulo Moraes, filho mais velho de Henrique. 

O filho de "Seu Barcarena" agradece a Deus e aos médicos pela sobrevivência do pai. "Porque o papai deixou para ir pro hospital quando já estava grave, era muito resistente, achava que era só uma gripe e quando viu a covid-19 afetou 80% do pulmão. Eu não achava que meu pai não ia sobreviver, mas com fé e orações e ajuda dos médicos deu tudo certo".

Damasceno: atenção à fragilidade da vida 


Depois de enfrentar 12 dias árduos de internação na UTI e Enfermaria do Hospital Abelardo Santos, no Distrito de Icoaraci, em Belém, o servidor público Raimundo Damasceno dos Santos, 57 anos, que veio transferido de Igarapé Miri, nordeste do Pará, recebeu alta médica dia 5 de junho. Mas ele ainda se recupera, pois estando com a covid-19, contraiu o diabetes. Santos afirma que todo esse tempo serviu para ele refletir bastante sobre a vida e chegou a algumas conclusões. 

"Eu fui, na verdade, aprender que nós não somos nada nem levamos nada desta vida. É muito rápido para irmos embora. Por isso devemos valorizá-la, tratar e amar bem as pessoas, porque fazer o bem é o que nos faz ter créditos com Deus. A minha cidade, Igarapé Miri, é pequena e muitas pessoas se mobilizaram e fizeram corrente positiva pela minha saúde e de todos que partiram daqui em busca de atendimento médico na capital", conta Damasceno.

"Eu parti praticamente morto daqui, meus sinais vitais estavam muito baixos e meu nível de glicose em 973. Graças a Deus, às orações das pessoas e as médicos eu tive mais uma oportunidade de vida", agradece o servidor público, que recebe insulina e faz acompanhamento médico. 

 

"Eu fui aprender que nós não somos nada nem levamos nada desta vida. É muito rápido para irmos embora. Por isso devemos valorizá-la, tratar e amar bem as pessoas. Minha cidade, Igarapé-Miri, é pequena e muitas pessoas se mobilizaram e fizeram corrente positiva pela minha saúde. Eu parti praticamente morto daqui", conta Raimundo Damasceno, 57. Ele enfrentou 12 dias de internação na UTI do Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci

 

Uma nova vida 


Raimundo dos Santos tem cinco filhos, entre 40 e cinco anos de idade. Neste Dia dos Pais ele divide o tempo com o pai dele, que mora em Belém com a mãe dele e tem 78 anos. "Passei a olhar a vida diferente e hoje vivo voltado para a minha família. Neste Dia dos Pais vou em Belém almoçar com meu pai e volto, no mesmo dia, para casa para jantar com meus filhos". 

Para Cleidison Trindade, 27 anos, filho de Raimundo expressa a felicidade de estar com o pai neste dia tão especial. "Quando meu pai estava no hospital foram momentos muito difíceis para todos nós, tive medo dele morrer. Mas conseguimos superar com fé e um cuidando do outro. Não sei bem falar como estou feliz por ele estar de novo perto de nós", afirma Trindade. 

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