Hellen Patrícia defende o brega como patrimônio do Pará
Cantora destaca diferenças culturais entre o brega paraense e o pernambucano e contesta título concedido a Recife
A recente aprovação do Projeto de Lei 2.521/2021 pela Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado, que concede a Recife (PE) o título de Capital Nacional do Brega, continua gerando reações de artistas paraenses. A proposta, de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), já passou pela Câmara dos Deputados e recebeu parecer favorável do senador Humberto Costa (PT-PE). A decisão é terminativa e, caso não haja recurso, seguirá para sanção presidencial.
“O brega do Pará é diferente do de Recife”, diz Hellen Patrícia
Diante da notícia, a cantora Hellen Patrícia manifestou-se sobre as diferenças entre o brega produzido no Pará e o originado em Recife.
“Uma coisa que precisa ser falada também é que o brega do Pará é totalmente diferente do brega de Recife. Por quê? No estado do Pará, o brega, para nós, sempre foi um ritmo. Isso desde lá, quando os artistas precursores começaram e quando teve o primeiro boom do brega, no final dos anos 1970 para a década de 1980. Brega, aqui, sempre foi considerado um ritmo. E, em Recife, não tinha isso. Eles consideravam brega os artistas que gravavam músicas românticas com letras populares, e taxavam de cafona. Na verdade, o brega, no dicionário, significa cafona”, disse ao O Liberal.
VEJA MAIS
Preconceito no Nordeste e acolhimento no Pará
Ela ressalta que o preconceito enfrentado pelo estilo no Nordeste contrastava com a recepção calorosa no Pará:
“Então, eles achavam cafona falar de músicas, cantar músicas que tivessem linguagem popular, como o Reginaldo Rossi cantava: ‘Garçom, aqui nessa mesa de bar, já deu minha hora, vou pagar’. Então, eles consideravam isso cafona, porque era a forma mais popular de falar do que se estava sentindo, do sofrimento”.
Dança também é parte essencial do brega paraense
Além da sonoridade, Hellen Patrícia também destacou o papel da dança como elemento essencial do brega paraense, algo que, segundo ela, não existe da mesma forma em Recife.
“E, no estado do Pará, outra coisa que é muito forte é que aqui, como nós tivemos o brega sempre como um ritmo, um gênero musical, também se tem a dança — coisa que não tem em Recife”, declarou.
Para a artista, é evidente que Belém deveria ostentar o título em disputa.
“Eu acho que nada mais justo do que Belém ser a capital do brega, mas aí já não depende apenas de nós. A gente está tentando apenas esclarecer o que significa o brega para os paraenses e a diferença que existe entre o Pará e Recife”, afirmou.
Reconhecimento cultural e trajetória dos artistas
Ela finaliza lembrando a trajetória dos artistas nordestinos no Pará e o reconhecimento oficial da cena brega na região:
“Tanto que os artistas do Nordeste vinham fazer muitos shows aqui, porque o brega foi abraçado aqui. E as aparelhagens tocavam, sempre tocaram essas músicas. E a gente tem hoje o brega reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado do Pará”.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA