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Criminosos recorrem à criptografia para ofertar serviços ilícitos e contrabando online

Sites e aplicativos de mensagens instantâneas, como o Telegram, chamam a atenção da criminalidade que aproveitam opções de privacidade oferecida pelas ferramentas

Fabyo Cruz
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Nos últimos anos, algumas plataformas na internet foram cooptadas por criminosos para ofertar serviços ilícitos e o contrabando online, sendo o Telegram o exemplo mais notável. O software de mensagens instantâneas é totalmente legítimo, gratuito, de código aberto e baseado em nuvem. Ele ganhou enorme popularidade ao oferecer mensagens e chamadas criptografadas de ponta a ponta para que os dados não pudessem ser acessados por Provedores de Serviços de Internet (ISPs) e outros terceiros. 

A ferramenta chamou a atenção da criminalidade para aproveitar essas opções de privacidade. Tudo é oferecido, desde drogas, dinheiro falso, detalhes de cartões de crédito roubados e outros dados pessoais. Notavelmente, alguns fornecedores também estão oferecendo certificados falsos de vacinação covid-19 ou certificados para permitir viagens, cada um por cerca de US $260.

O anonimato oferecido pela plataforma tornou-se atraente para os criminosos, diz a delegada Vanessa Lee, titular da Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos, da Polícia Civil. “As pessoas que cometem essas práticas criminosas recorrem ao anonimato para oferecer esses serviços ou produtos, assim como fazem em grupos do WhatsApp, Facebook e outras redes sociais. O telegram dificulta um pouco mais as ações da polícia por causa da criptografia, porém nós pensamos estratégias para ter acesso a esses grupos”, contou. 

Cometer esse tipo de crime na internet de forma anônima, burlando o rastreamento, não é uma novidade.  Na chamada Dark Web - coletivo oculto de sites da Internet que só podem ser acessados com um navegador de Internet especializado - alguns criminosos sabiam como tirar proveito do anonimato oferecido e muitas vezes conseguiam escapar da aplicação da lei. 

No entanto, após um rápido avanço ao longo dos tempos, esse modelo está mudando. Os constantes fechamentos de sites muito discretos ou anônimos, como Silk Road e AlphaBay, e a dificuldade em atrair grandes volumes de clientes para a dark web fizeram com que organizações criminosas tivessem que buscar alternativas para alcançar seus mercados. 

Ao mesmo tempo, a pandemia do coronavírus ajudou a abrir novos caminhos para a atividade criminosa, desde o teletrabalho e todos os riscos de segurança que isso implica, até o acesso restrito a lugares e o uso de passaportes de saúde. As pessoas se acostumaram a passar mais tempo online do que nunca, aumentando as chances de entrar em contato com ofertas ilícitas.

Uma empresa de detecção proativa de ameaças, analisa como produtos e serviços ilegais são promovidos sem reservas nas mídias sociais, onde os mercados ilegais estão abertos à comunidade. A pesquisa destaca como esses golpes operam em escala global. Comparado à dark web, comprar por meio de redes sociais pode parecer menos perigoso, ou até lícito, e isso é destacado pelo estudo como parte do problema. “Uma aparência de respeitabilidade pode encorajar vendedores e compradores, levando a um aumento na atividade ilícita. Infelizmente, essas vendas geralmente financiam mais crimes e o ciclo continua”, afirma Camilo Gutiérrez Amaya, chefe do Laboratório de Pesquisa da ESET na América Latina.

Segundo Gutiérrez, grupos do Telegram podem ser encontrados em questão de minutos e com apenas alguns cliques. Para ele, o que talvez seja ainda mais desconcertante é o número de usuários que essa informação atinge, pois alguns grupos têm centenas de milhares de membros, abrindo o novo mercado ilegal para um grande público. No entanto, isso não está acontecendo apenas no Telegram. “Os usuários do TikTok também ofereceram drogas abertamente. Medicamentos classe A podem ser encontrados nesses sites em segundos, com a facilidade que implica a possibilidade de usar o chat para perguntar o que você procura”, afirmou.

O Telegram filtrou algumas palavras-chave que não são permitidas, mas a forma como a comunidade criminosa contorna isso é criando novas palavras para produtos e serviços permanecerem na pesquisa, comenta o especialista. “Infelizmente, onde há mercado, sempre haverá um caminho. O Telegram e alguns outros serviços de redes sociais provavelmente continuarão sendo usados para o mercado ilegal. Com software e técnicas agora amplamente disponíveis, para até mesmo apagar qualquer indício de evidência, está claro que estamos eliminando longe da solução contra estes crimes. Plataformas que oferecem privacidade sempre serão exploradas por quem quer se esconder nas sombras, por isso é vital que todos estejamos cientes do problema”, concluí Gutiérrez

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