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Coleta de lixo: fim de aterro pode instalar o caos

Falta de destino para o lixo a partir de maio deixará Grande Belém em colapso

João Thiago Dias
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A partir do dia 1º de junho, a Região Metropolitana de Belém (RMB) pode passar por um caos ambiental diante da falta de aterro sanitário para a destinação do lixo. O alerta foi feito pela promotora de justiça do Meio Ambiente de Marituba, Ana Maria Magalhães, que tomou como base uma avaliação da Fundação Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) sobre consequências/impactos da má disposição de resíduos sólidos.

Segundo a promotora, a situação é gravíssima, pois a empresa responsável pelo tratamento de resíduos sólidos reforçou que encerrará suas atividades de recebimento de resíduos no aterro de Marituba, em função da capacidade esgotada, no dia 31 de maio. E as prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba ainda não apresentaram nenhuma solução para o problema.

“Pedi uma avaliação para os professores da Fadesp sobre o que acontecerá com Belém se passarmos uma semana sem recolher o lixo. O resultado é que vamos ficar com 14 quilômetros de ruas repletas de lixo. O chorume vai escorrer pela as ruas. A cidade vai ficar um fedor. Qualquer pessoa que acenda um cigarro e jogue nesse lixo, vai ter o risco de virar um incêndio, porque formam os gases. Vai ser um caos ambiental e na saúde nos três municípios”, alertou a promotora.

“Estamos oficiando e cobrando os prefeitos. Qualquer solução iria necessitar de intervenção da engenharia, que não se faz da noite para o dia. A situação é muito grave. Quanto mais o tempo passa, mais ficamos sem saída”, acrescentou Ana Maria Magalhães. “Não existe espaço na região metropolitana para um novo aterro. Tem que procurar um local, “O resultado é que vamos ficar com 14 quilômetros de ruas repletas de lixo”, afirma a promotora Ana Maria Magalhães mas também existe a questão do custo com transporte se for distante. E demora até quatro anos para construir um novo”.

Ana Maria Magalhães explica que, na última reunião com o prefeito Zenaldo Coutinho, no dia 28 de janeiro, ele não apontou nenhuma solução, mas se comprometeu em reunir com urgência com a equipe de procuradores municipais e de técnicos para discutirem possíveis alternativas. “Eu sugeri que ele procurasse os outros prefeitos, porque a responsabilidade é dos municípios. E entendo que a intervenção do Governo do Estado é essencial”, concluiu.

PREFEITURAS

Ao longo da semana, a reportagem entrou em contato e insistiu com as três prefeituras para saber quais alternativas estão sendo discutidas para a destinação do lixo, mas, até o fechamento desta edição, apenas a Prefeitura Municipal de Marituba respondeu. A prefeitura disse que estuda, junto com os municipios de Belém e Ananindeua, além da Fadesp, a melhor solução para destinação destes resíduos.

A prefeitura de Marituba informou, ainda, que já cumpriu com mais de 70% das obrigações firmadas no Termo de Ajuste de Conduta e continua atuando na busca do seu cumprimento integral. “Até o presente, não foi firmado o consórcio para criação e operacionalização da política pública de manejo dos resíduos sólidos entre os municípios, tendo em vista que necessita dos esforços de Ananindeua e Belém para sua consecução”, explicou, em nota.

“O resultado é que vamos ficar com 14 quilômetros de ruas repletas de lixo”, afirma a promotora Ana Maria Magalhães

MORADORES AINDA RECLAMAM DE FORTE ODOR E PROMETEM NOVOS PROTESTOS

Mesmo ainda não existindo um novo local para destinação do lixo gerado na Região Metropolitana de Belém (RMB), o encerramento das atividades de recebimento no aterro de Marituba está sendo esperado em contagem regressiva pelos moradores do município. De acordo com Júnior Vera Cruz, membro do Fórum Permanente Fora Lixão de Marituba, se as atividades seguirem após o dia 31 de maio, a população fechará o caminho que dá acesso ao empreendimento.

image De acordo com Júnior Vera Cruz, membro do Fórum Permanente Fora Lixão de Marituba, se as atividades seguirem após o dia 31 de maio, a população fechará o caminho que dá acesso ao empreendimento. (Cristino Martins / O Liberal)

 

“Se a Justiça decidir que o empreendimento deve seguir com recebimento, nós que vamos fechar, pois dia 31 vamos fazer um ato. Só vamos sentir um pouco de alívio se realmente isso terminar nessa data. Nossa preocupação é fechar essa maldição que tirou nosso sossego”, reclamou Vera Cruz. “Faltam apenas quatro meses e as prefeituras não dão uma luz para resolver. Fazemos até uma alerta para a população questionar junto às autoridades sobre o que será feito do lixo a partir de junho”, comentou.

Segundo ele, cerca de dez comunidades de Marituba são afetadas diretamente pelo aterro, mas o mau cheiro é sentido até em Ananindeua. “Santa Lúcia I e II, Albatroz I e II, Santa Clara, Campina Verde, Uriboca, Beira Rio, Araganga e Pato Macho são comunidades que sofrem próximas ao aterro. Mas dá para sentir o mau cheiro em todo o município, inclusive em alguns pontos de Ananindeua, como Águas Lindas e Júlia Seffer”, finalizou Júnior.

Para a diarista Cátia Silva, 43 anos, moradora da comunidade Santa Lúcia I - que fica bem em frente ao empreendimento -, é impossível dormir tranquilamente por conta do mau cheiro. “Uso ventilador de madrugada porque o cheiro é muito forte. De manhã também. E, quando bate [o mau cheiro], penso em me mudar. Só que não teria para onde ir. Minha filha menor tem síndrome de Down, teria que pagar alguém para cuidar dela”, disse.

image Cátia Silva (acima) afirma que cotidiano da comunidade Santa Lúcia I é marcado pelo mau cheiro vindo do aterro. Júnior Vera Cruz prevê nova onda de protestos. (Cristino Martins / O Liberal)

 

TERMO

A empresa responsável pelo tratamento de resíduos sólidos informou que, após o dia 31 de maio, seguirá com todos os compromissos firmados no Termo de Ajuste de Conduta (TAC), assinado com o Ministério Público do Estado, arcando com os custos e obrigações legais, que envolve o monitoramento ambiental, tratamento do chorume e minimização do odor por até 20 anos no empreendimento. O monitoramento ambiental compreende o acompanhamento de águas superficiais e subterrâneas, flora e fauna. 

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