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Cancro: o que está sendo feito para contornar a doença que afeta frutas cítricas

Um dos principais frutos que está ameaçado pelo cancro cítrico é o limão tahiti, um dos produtos mais populares dos temperos da culinária paraense

Fabyo Cruz
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O cancro cítrico é uma doença causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp.citri que ocasiona lesões em folhas, frutos e ramos. A praga quarentenária atinge com maior incidência os citros, como o limão tahiti, impondo restrições no comércio e no trânsito de frutos. Apesar de não existirem ocorrências no Pará, a ameaça requer atenção de produtores, pesquisadores e do poder público.

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A cadeia produtiva paraense é formada, na sua grande maioria, por agricultores familiares. Se a praga entrar no território paraense, o Pará pode perder o status sanitário de área livre - que é uma condicionante para a exportação de frutos - sofrer impactos na economia local, prejudicando pelo menos 5 mil famílias.

O município de Monte Alegre, no oeste do Pará, movimenta $20 milhões no comércio local com o mercado do limão tahiti, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer),  Este ano foram exportadas para a União Europeia, 175 toneladas do fruto.

A engenheira agrônoma Alessandra Morais, professora doutora em fitopatologia e colaboradora do programa de pós-graduação em agronomia da Universidade Federal Rural da amazônia (Ufra), explica que o cancro cítrico é Inicialmente trazido pelo vento ou disseminado por chuva, materiais ou implementos contaminados, além de ferramentas ou até mesmo pelo ser humano, por meio dos calçados que podem levar a bactéria para o campo de produção.

“Outra via de disseminação muito frequente é o uso de mudas contaminadas, ou seja, quando levadas para campo, essa contaminação faz com que ação ocorra em área que talvez nem tenha ainda a reprodução dessa praga”, disse a especialista. Alessandra esclarece que o risco de contaminação é maior na fase efetiva, quando a bactéria entra na planta. “Dependendo do ataque, se for muito intenso, reduz a área foliar, causa queda de folhas, flores e frutos, e isso faz com que diminua a produtividade”, afirmou.

Como identificar a doença?

A identificação precisa de treinamento, diz Alessandra. “Como são sintomas muito peculiares, forma-se como se fosse uma verruga, uma multiplicação celular diferenciada de coloração marrom, com algo amarelado ao entorno da mancha na própria casca. Existem alguns testes que você pode comprar com imunostrip, que é um tipo de exame por antígeno, podendo ser feito por qualquer pessoa. Há outra forma que seria por meio da diagnose molecular, basta levar para um laboratório especializado para fazer a identificação”, explicou.

Formas de combate

A Agência de Defesa Agropecuária do Pará reforçou as barreiras sanitárias para impedir a entrada do cancro cítrico no território paraense. A praga quarentenária está presente em outros estados da federação como São Paulo, Minas Gerais e Paraná, mas não tem ocorrência no Pará, onde existem duas importantes regiões produtoras de citros: o nordeste e o oeste do estado.

Para evitar que cargas de frutos contaminados cheguem aos polos citrícolas localizados no Pará, a Adepará intensificou a fiscalização de trânsito agropecuário nas regiões de fronteira e tem feito com que cargas vindas de estados com a presença da praga retornem ao seu local de origem.

Durante a fiscalização no Posto do Itinga, na divisa do Pará com o Maranhão, fiscais estaduais agropecuários e agentes fiscais agropecuários da Adepará  identificaram uma carga de tangerina ponkan vindas do município de Campanha, em Minas Gerais. Mais de 14 mil e 100 quilos da fruta foram verificados e foi identificado que a carga não passou pelo processo de seleção para a retirada de folhas e ramos.

De acordo com os fiscais, o transporte do fruto está em desacordo com as exigências fitossanitárias para o trânsito de tangerina de Minas Gerais para o Pará e, por esse motivo, a carga foi devolvida ao estado de origem.

Na mesma fiscalização, outro caminhão vindo de Minas Gerais com 20 mil quilos de tangerina também não passou na fiscalização de trânsito vegetal e retornou ao seu local de origem. Segundo a documentação apresentada aos fiscais, a carga tinha como destino a Central de Abastecimento do Pará (Ceasa), onde a Adepará também intensificou a fiscalização.

O trabalho de fiscalização é realizado pela Gerência de Trânsito Agropecuário da Adepará (GTAGRO). “Mesmo portando a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV), que é o documento sanitário que acompanha as cargas, estas estão sendo inspecionadas minuciosamente a fim de impedir a entrada de frutos doentes no estado. Cargas com presença de folhas, talos ou outras sujidades e sinais de doenças serão retornadas nos postos fixos e unidades móveis nos limites geográficos e destruídas caso sejam interceptadas em trânsito dentro do estado. Os polos citrícolas do estado também receberam atenção redobrada para resguardar a condição sanitária de área livre de cancro cítrico”, explicou o médico veterinário Paulo Bastos, gerente de trânsito da Agência.

Ações de Defesa Agropecuária

Para manter o território paraense livre da doença e proteger os polos citrícolas do estado, a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) intensificou as ações de vigilância do trânsito de produtos vegetais nos postos de fiscalização agropecuária nas regiões de limite com outros estados, reforçou a fiscalização móvel e aumentou a fiscalização nas lavadeiras e fruteiras, além de realizar ações de educação fitossanitária.

O trabalho de fiscalização é executado pela Gerência de Trânsito Agropecuário (GTAGRO). Os fiscais e agentes agropecuários da Adepará estão atentos às cargas oriundas de estados onde existe a presença da praga, como São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Eles fiscalizam as cargas e os documentos fitossanitários, como a Permissão de Trânsito Vegetal - PTV, e orientam sobre os riscos da entrada da praga para o comércio local.

A atenção foi redobrada porque o estado do Pará é rota para abastecer de frutos o Amapá e o Amazonas. Por isso, cargas oriundas de estados onde existe a presença da praga passarão próximo a outras regiões produtoras e livres da doença.

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