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Mais de duas toneladas de resíduos são retirados de manguezais em Salinas

Todo o lixo recolhido foi entregue à Cooperativa de Reciclagem da cidade

Natalia Mello

Mais de duas toneladas de resíduos foram retirados dos manguezais do Rio Sampaio e do Igarapé da Roça, no município de Salinópolis, no último sábado (20). Realizada pela Federação Paraense de Surf (Fepasurf), em parceria com a Cooperativa de Reciclagem de Salinópolis (Coopresal), catadores de caranguejo, ribeirinhos, pescadores, ONGs, e praticantes de esportes radicais, a iniciativa visou para além da “simples” limpeza da área de mangue, mas ainda a sensibilização da população e o fomento ao trabalho da Coopresal, que ficou com todo o lixo coletado.

Salinas

A ação se estendeu ainda para as praias do Atalaia, Farol Velho e Corvina. A limpeza foi feita em pranchas de Stand Up Paddle (SUP), caiaques, jet sky, lanchas, barcos e canoas regionais, reunido diversos atores sociais e a população em geral. O idealizador da iniciativa, Noelio Sobrinho, surfista há 37 anos e precursor do surf na pororoca, hoje presidente da Fepasurf e da Associação Brasileira de Surf na Pororoca (Abraspo) falou sobre o prejuízo ao meio ambiente e o ganho da ação para a sensibilização das pessoas.

“O lixo vem do Atalaia, joga para fora vazando e na enchente da maré joga para dentro da praia e entra nos manguezais. Prejudica a vida de peixes, aves, crustáceos, porque aqui é um berçário. A ação tem vários lados, que é a sensibilização dos praticantes de esporte, a maioria das pessoas que surfa tem uma rotina com a natureza; tem também as pessoas da cooperativa, temos um amigo que pega resíduos e faz biojoias. O saldo foi muito positivo. Esse é o I Circuito de Conscientização Ambiental da Amazônia em Salinas e já estamos pensando na segunda edição”, ressalta.

Francisco da Costa, um dos participantes do evento, compartilha da concepção de mudança de pensamento a partir de ações como essa, e conta que vem buscando a adoção de um novo modo de agir quanto à natureza. “Eu adoro pescar, e às vezes via um colega jogar algo no mar e não falava nada. Hoje não aceito mais. Meu jeito de cuidar da natureza mudou”, afirma o autônomo, que leva o neto Pablo, de 10 anos, desde os 3 para estar em contato com a natureza.

Pablo, que antes morria de medo da água, conta que já tem o seu esporte preferido: andar de caiaque. E, graças à sua leveza, sai cortando as águas com o remo em velocidade, e brincando de navegar. “É o vovô que me leva e me ensinou. Quero ser o cara do caiaque”. O avô lembra como tudo começou. “Ele chorava de medo da água até os 3 anos, aí uma vez fiz quatro milhas até a ponte e voltei de standup e ele de caiaque, aí ele perdeu o medo. Hoje ele faz percursos sozinho, sempre de salva-vidas, mas navega sozinho”, conclui.

A Cooperativa de Reciclagem de Salinópolis informou que todos os resíduos de alumínio retirados da natureza irão para a fábrica da entidade e destinados à produção de novas garrafas. Já as garrafas de vidro serão matéria-prima para artesanato local.

Biojoias

Marcelo Freire, de 45 anos, é um dos beneficiados com a ação. Morador de Salinas há 3 anos, o empreendedor conta que há um ano e meio produz pulseiras, cordões, copos, vasos e até vasilhas para colocar alimento nos restaurantes locais. Ele conta como iniciou nesse segmento que, atualmente, é de onde tira o sustento dele e da família, formada pela esposa e dois filhos. “Vim para cá para sair da rotina de estresse de trabalho em Castanhal, onde atuava com construção civil. Sempre vinha para surfar e acabei ficando. Um dia me cortei com uma garrafa na praia e pensei que tinha que fazer algo com as garrafas. Foi aí que surgiu a Mahalo, da reciclagem das garrafas”, lembra.

Hoje com um faturamento que varia entre R$ 6 e R$ 8 mil, ele fala sobre a rentabilidade do vidro, que pode substituir a areia, ser utilizado na argamassa e ainda na produção e vigas. O sonho de fazer um novo investimento em maquinário e ampliar o negócio é alimentado por ações como a de sábado. “Eu sei que assim vou conseguir colocar várias pessoas para trabalhar e fazer algo pela natureza. Sou presidente comunitário de um lugar que antes era invasão e hoje é comunidade. Imagina, eu consegui a colocar a garrafa pet no uso do fecho das minhas pulseiras. Crescendo o negócio, compramos terreno pra fazer uma cooperativa para pegar essas garrafas e beneficiar”, finaliza.

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