Guerra Ucrânia x Rússia: ONU faz reunião de emergência por risco de catástrofe atômica

Seis países solicitaram encontro após ataques da Rússia a instalações nucleares na Ucrânia

Lázaro Magalhães
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Uma reunião de emergência foi convocada para esta sexta-feira (4) pelo Conselho de Segurança da ONU com a missão de avaliar os riscos e as consequências do ataque da Rússia a Zaporizhzhia, a maior central nuclear da Ucrânia e da Europa, informaram fontes diplomáticas.

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Para os membros da aliança, interferência direta no conflito poderia resultar em uma guerra total na Europa

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Estrutura essencial do complexo não foi atingida

A sessão foi marcada após solicitações feitas pela Grã-Bretanha, Estados Unidos, França, Noruega, Irlanda e Albânia. A reunião chegou a ser pedida diretamente pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, nesta mesma sexta-feira.

Por sua vez, o presidente americano Joe Biden também pediu à Rússia o "fim das atividades militares na área" da central nuclear de Zaporizhzhia. "Pedimos uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU. Isso é uma ameaça à segurança e à estabilidade europeias. E precisamos que os responsáveis prestem contas", justificou também a ministra das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Liz Truss.

Sobre o ataque russo a instalações nucleares na Ucrânia, o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, também subiu o tom. Ele acusou Putin de "brincar com fogo", sem qualquer lógica ou necessidade. "Isso é incrivelmente perigoso. Não apenas para a Ucrânia e os russos. É perigoso para a Europa", disse Wallace.

Volodimir Zelensky, presidente da Ucrânia, se pronunciou acusando Moscou de recorrer ao "terror nuclear".  Zelensky diz ainda que a Rússia quer "repetir" a catástrofe de Chernobyl - em referência ao acidente nuclear de 1986.

"Nenhum outro país, exceto a Rússia, jamais atirou em usinas nucleares. Esta é a primeira vez em nossa história, a primeira vez na história da humanidade. Este Estado terrorista está agora recorrendo ao terror nuclear", disse ele em vídeo divulgado essa semana.

Duas usinas nucleares tomadas por tropas russas


Ações militares da Rússia já resultaram na ocupação das usinas nucleares de Chernobyl e de Zaporizhzhia - hoje a maior usina nuclear da Ucrânia e da Europa, e que foi totalmente tomada nesta sexta-feira. A ocupação da usina de Zaporizhzhia ocorreu após ataques incendiaram as instalações. Não houve impactos para os níveis de radioatividade, mas a situação deixou a comunidade mundial em alerta para o risco de novas catástrofes atômicas.

Na quinta-feira (24), no primeiro dia da invasão russa ao território ucraniano, as tropas enviadas por Putin à Ucrânia assumiram o controle também da usina de Chernobyl - que já foi palco do pior desastre nuclear da história.

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Volodimir Zelensky disse que nenhum outro país, exceto a Rússia, disparou contra usinas nucleares

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Segundo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, caso ocorra uma explosão, o resultado pode ser pior do que o ocorrido em Chernobyl

O que é o Conselho de Segurança da ONU?


O Conselho de Segurança da ONU é formado por 15 membros: cinco são permanentes e dez não-permanentes - entre eleitos para mandatos de dois anos em assembleia geral da ONU. Entre eles está atualmente o Brasil.

Segundo o artigo 23º da Carta das Nações Unidas, são membros permanentes do Conselho de Segurança:

- Estados Unidos;
- Rússia;
- França
- Reino Unido e
- China.

São membros eleitos como não-permanentes até 2023, se juntando desde janeiro de 2022 à Índia, Irlanda, Quênia, México e Noruega:

- Brasil;
- Albânia;
- Gabão;
- Gana;
- Emirados Árabes Unidos.

Mundo em alerta


Veja outras manifestações de governos e entidades internacionais após a repercussão do ataque russo contra a usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, nesta sexta-feira (4):

AIEA


A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pediu o "cessar do uso da força" contra a usina nuclear de Zaporizhzhia e alertou para os riscos de um reator ser atingido.

"É uma situação sem precedentes" e "continua extremamente tensa e difícil", enfatizou o diretor da AIEA, Rafael Grossi, apesar de "os sistemas de segurança dos reatores não terem sido afetados" e os instrumentos de controle dos níveis de radiação estão "totalmente operacionais".

Otan


O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou a "irresponsabilidade" da Rússia. "O ataque a uma usina nuclear mostra a irresponsabilidade desta guerra e a necessidade de acabar com ela", afirmou.

Itália


O chefe de Governo italiano, Mario Draghi, condenou "o ataque vil da Rússia à usina nuclear de Zaporizhzhia, um ataque à segurança de todos".

"A União Europeia deve continuar a agir com união e com a maior firmeza, junto com seus aliados, para apoiar a Ucrânia e proteger os cidadãos europeus", afirmou.

Noruega


"Um ataque desse tipo é uma loucura", reagiu o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, expressando sua "forte condenação".

A chefe da diplomacia, Anniken Huitfeldt, enfatizou que "é profundamente irresponsável que os combates ocorram perto de instalações desse tipo".

Greenpeace


A ONG de defesa do Meio Ambiente disse estar "profundamente preocupada" e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de "correr o risco de uma catástrofe nuclear" depois de ter "lançado uma guerra ilegal contra o povo da Ucrânia".

O Greenpeace pediu um cessar-fogo no local da usina e insistiu que "deve ser a última vez que o Exército russo é visto perto de usinas nucleares na Ucrânia".

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