Corpo em necrotério secreto pode ser de líder religioso desaparecido há 50 anos
Documentário da BBC sugere que cadáver encontrado na Líbia pode ser de Musa al-Sadr, sumido desde 1978

Um documentário da BBC lançado nesta semana levanta a hipótese de que o corpo do líder religioso libanês Musa al-Sadr, desaparecido há 50 anos na Líbia, teria sido localizado em um necrotério secreto na capital Trípoli. O cadáver foi fotografado pelo repórter libanês-sueco Kassem Hamadé durante a cobertura da Primavera Árabe em 2011.
Sadr era uma figura importante no Líbano, conhecido por defender o diálogo inter-religioso e a unidade nacional. Em 1978, ele viajou à Líbia para se encontrar com o então líder do país, Muammar Kadafi. Após seis dias de espera, foi visto saindo de um hotel em um carro do governo e nunca mais apareceu. A justificativa oficial era de que teria ido para Roma, mas investigações posteriores teriam provado que a versão era falsa.
Investigação usa algoritmo de reconhecimento facial
A imagem do corpo foi analisada por uma equipe da Universidade de Bradford, no Reino Unido, especializada em tecnologia de reconhecimento facial. O software utilizado, chamado Deep Face Recognition, atribuiu uma pontuação de 60 à foto, indicando alta probabilidade de se tratar de Musa al-Sadr, segundo o professor Hassan Ugail, que lidera a pesquisa.
Filho de Sadr nega que corpo seja do pai
Apesar da análise, o filho de Musa al-Sadr, Sayyed Sadreddine Sadr, afirmou à BBC que tem informações mais recentes de que o pai ainda estaria vivo. O partido político xiita libanês Amal, fundado por Sadr, também mantém essa posição, considerada um símbolo de unidade entre os xiitas no Líbano.
DNA não teve resultado e equipe da BBC foi detida
De acordo com o documentário, folículos capilares foram coletados do corpo e entregues ao gabinete do presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, líder do Amal, para teste de DNA. No entanto, o partido alegou que a amostra foi perdida por “erro técnico”.
A equipe da BBC relatou ainda ter sido detida em março de 2023 por agentes de inteligência líbios durante nova tentativa de investigação no país. Eles foram libertados e deportados após intervenção diplomática do Reino Unido.
Sem respostas oficiais
Segundo a BBC, tanto o gabinete de Nabih Berri quanto autoridades da Líbia foram procurados para comentar o caso, mas não houve retorno até a publicação do documentário.
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