Brasileira que estava no acidente de trem no Peru relata desespero: 'Foi inacreditável'
Turista que estava a bordo relatou pânico, ferimentos e demora no resgate após colisão frontal entre trens rumo a Machu Picchu, que deixou ao menos uma morte e dezenas de feridos
A brasileira Laís Torgeski, de Rondônia, viveu momentos de pânico nesta terça-feira (30) ao estar a bordo de um dos trens que se chocaram frontalmente na rota que leva a Machu Picchu, no Peru. O acidente deixou pelo menos uma pessoa morta e cerca de 40 feridos.
Laís estava em viagem com familiares e amigos, totalizando nove pessoas, quando o choque aconteceu. Ela contou que ocupava os primeiros bancos do vagão e que a batida ocorreu logo após uma curva. “Eu tinha acabado de gravar o café, era 13h19. A pancada foi muito forte, inacreditável. Todos os cafés voaram. Eu não consegui acreditar, até agora eu me pergunto, 'meu deus, a gente bateu de frente com um trem?'”, disse a turista em entrevista ao G1. Apesar do susto, ela e seu grupo saíram praticamente ilesos.
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Sobre o acidente
O choque envolveu dois trens das empresas PeruRail e Inca Rail, na linha férrea que liga a estação de Ollantaytambo a Aguas Calientes, a cidade mais próxima de Machu Picchu. O maquinista de uma das composições morreu no local, enquanto dezenas de passageiros sofreram ferimentos.
Autoridades peruanas mobilizaram 20 ambulâncias para atender os feridos, que foram encaminhados a hospitais da região de Cusco. Segundo o Ministério da Saúde do Peru, 25 pessoas permanecem internadas com múltiplos traumas e contusões, e nove já receberam alta. Entre os feridos leves, estavam três brasileiros.
Laís relatou que, durante a evacuação, os passageiros enfrentaram dificuldades. “Tinha um passageiro no banheiro no exato momento da pancada, e ele ficou com o nariz arrebentado. Foi um desespero para sair do trem, porque sentimos cheiro de gás e houve demora para abrir as janelas. No fim, conseguimos sair. Eu fiquei aliviada porque minha irmã também conseguiu sair. A gente só ficou suja de café, não de sangue”, contou.
Ela registrou vídeos mostrando o estado dos vagões, por dentro e por fora, e o atendimento das vítimas. A jovem destacou a presença de um médico entre os passageiros, que ajudou a socorrer os feridos antes da chegada das ambulâncias. “Ao todo, esperamos umas duas horas no local”, disse.
O governo peruano informou que o transporte ferroviário para Machu Picchu precisou ser temporariamente suspenso para garantir o resgate das vítimas e a segurança da linha. Este não é o primeiro acidente nesse trajeto: em julho de 2018, uma colisão deixou 35 pessoas feridas e isolou turistas por horas.
Machu Picchu, Patrimônio Mundial da Humanidade desde 1983, recebe em média 4.500 visitantes por dia, muitos estrangeiros. O acesso mais comum é por trem, partindo de Cusco, a cerca de 110 km. O acidente reacende a atenção sobre a segurança ferroviária na rota turística mais popular do Peru e alerta turistas sobre os riscos durante viagens em rotas históricas.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que o atendimento consular aos cidadãos brasileiros é feito mediante contato direto do viajante ou de sua família, sem divulgação de informações pessoais.
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