Após interdição, aeroporto de Cabul volta a operar, informa o Pentágono
Problemas de segurança fizeram com que voos ficassem parados por horas
O aeroporto de Cabul retomou suas operações na madrugada desta terça-feira, hora local (noite de segunda, 16, no Brasil), depois que as forças americanas o fecharam por horas após problemas de segurança que levaram à suspensão das operações de evacuação, informou um general americano.
O terminal aéreo na capital afegã reabriu às 16h35 de Brasília nesta segunda, informou o major-general Hank Taylor, especialista em logística do Estado-maior conjunto do Pentágono.
Ele afirmou que um avião de transporte C-17 tinha pousado com homens da Marinha americana a bordo, e que uma segunda aeronave levando uma unidade do exército aterrissaria em breve para ajudar a garantir a segurança no aeroporto.
Taylor disse que os Estados Unidos estavam "a cargo do controle do tráfego aéreo" no Aeroporto Internacional Hamid Karzai (HKIA) para voos militares e comerciais.
Ele acrescentou que já havia cerca de 2.500 soldados americanos em Cabul para ajudar a organizar a evacuação de milhares de americanos e afegãos que trabalhavam como tradutores e em outras tarefas.
Por volta da meia-noite desta segunda, hora dos Estados Unidos, disse que podia haver entre 3.000 e 2.500 em terra.
"Neste momento estamos concentrados em manter a segurança no aeroporto HKIA, continuar acelerando as operações aéreas, enquanto protegemos os americanos e civis afegãos", disse.
O aeroporto de Cabul foi fechado na segunda-feira depois que uma multidão de civis invadiu as pistas, informou o Pentágono.
Vídeos do terminaram mostraram centenas de afegãos entrando nas pistas e tentando impedir a decolagem de um dos aviões americanos.
Enquanto isso, dois homens armados afegãos foram mortos pelas forças americanas enquanto milhares tentavam embarcar nas aeronaves.
Pânico
Milhares de pessoas desesperadas seguiram nesta segunda-feira (16) para o aeroporto de Cabul para tentarem sair do Afeganistão, poucas horas depois de a capital do país ser controlada pelos talibãs, o que provocou o colapso do governo e a fuga do presidente Ashraf Ghani.
A situação no aeroporto, cujas pistas foram invadidas, piorou tanto que todos os voos - civis e militares - foram suspensos nesta segunda-feira à tarde, anunciou o Pentágono.
A vitória relâmpago dos insurgentes, que celebraram no domingo à noite ocupando o palácio presidencial de Cabul, desencadeou cenas de pânico e o caos no aeroporto da capital.
Milhares de pessoas correram para o aeroporto de Cabul, único ponto de saída do país, para tentarem fugir do novo regime que o movimento islamita radical, que retorna ao poder após 20 anos de guerra, promete estabelecer para os afegãos.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram centenas de pessoas correndo perto de um avião militar americano prestes a decolar, enquanto alguns afegãos tentam agarrar a lateral ou as rodas das aeronave.
Outros vídeos mostram milhares de pessoas aguardando na pista do aeroporto. Grupos de jovens se agarravam às escadas para tentar embarcar em um avião.
Depois de atirarem para o alto no domingo, as forças amercianas abriram fogo nesta segunda-feira e mataram dois homens "que brandiam suas armas ameaçadoramente", declarou um responsável do Pentágono em Washington.
A multidão, desesperada, não acredita nas promessas dos talibãs de que ninguém deve temer o movimento. Todos afirmam ter "muito medo".
"Temos medo de viver nesta cidade e estamos tentando fugir de Cabul (...) Como servi no exército, perdi meu trabalho e é perigoso viver aqui porque os talibãs vão me atacar, isso é certo", declarou à AFP Ahmad Sekib, de 25 anos, que se apresenta com um pseudônimo.
Companhias internacionais suspenderam o sobrevoo do país, a pedido do Afeganistão e devido ao tráfego militar americano.
As ruas de Cabul eram patrulhadas por talibãs armados, em particular a "zona verde", antes uma área ultrafortificada, que abriga as embaixadas e as organizações internacionais.
Nas contas do Twitter favoráveis aos insurgentes, as mensagens afirmam que os talibãs foram recebidos de maneira calorosa em Cabul. Também indicaram que milhares de combatentes estão chegando à capital para garantir a segurança.
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