Onda de calor na Europa fecha escolas e eleva alertas em vários países
Temperaturas extremas que ultrapassam os 40 °C afetam França, Espanha, Itália, Portugal e Grécia

Uma onda de calor atinge países da Europa nesta segunda-feira (30), com temperaturas que passam dos 40 °C e afetam saúde, educação e infraestrutura. A previsão é de que o calor intenso persista por vários dias em regiões da França, Espanha, Itália, Portugal e Grécia. Com informações do g1 nacional e do UOL.
A situação levou a alertas, fechamento de escolas, suspensão de atividades externas e aumento nos atendimentos hospitalares.
França em alerta
Na França, 84 das 95 regiões continentais estão sob alerta laranja — o segundo mais alto — nesta segunda e terça-feira (1). Em muitas áreas, as temperaturas devem ultrapassar os 40 °C, com previsão de calor até o meio da semana.
"Nunca vimos isso antes", declarou a ministra da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, no domingo (29). O governo pediu que empresas protejam seus funcionários, e cerca de 200 escolas devem fechar parcial ou totalmente entre 30 de junho e 2 de julho.
Em Bordeaux, moradores relatam dificuldade em lidar com o calor. “No nosso apartamento é simplesmente um inferno. Vivemos no escuro, parece um forno”, contou Evan Bernard à AFP.
VEJA MAIS
Espanha registra recorde
A Espanha bateu recordes históricos no sábado (29), quando Granada, na Andaluzia, marcou 46 °C — superando os 45,2 °C registrados em Sevilha em 1965.
Em Madri, os termômetros chegaram a 40 °C. “Esse calor não é normal para esta época do ano”, lamentou o fotógrafo Diego Radamés, de 32 anos.
O serviço meteorológico Aemet indica que junho pode se tornar o mês mais quente já registrado. No Mar Mediterrâneo, a temperatura ultrapassou os 26 °C nas Ilhas Baleares — típico de agosto.
Itália amplia ações emergenciais
Na Itália, 21 das 27 cidades monitoradas estavam em alerta máximo no domingo (29), incluindo Roma, Milão, Nápoles, Veneza e Florença. Regiões como Lazio e Toscana suspenderam atividades ao ar livre nos horários mais quentes.
Ambulâncias foram posicionadas em pontos turísticos, e hospitais relataram aumento de 10% nos casos de insolação. “Principalmente nas cidades com calor e umidade elevados”, explicou Mario Guarino, vice-presidente da Sociedade Italiana de Medicina de Emergência.
“As principais vítimas são idosos, pacientes com câncer ou em situação de rua, sofrendo de desidratação e exaustão”, acrescentou.
Cidades adotaram medidas para proteger os mais vulneráveis. Veneza oferece visitas guiadas gratuitas em ambientes climatizados para idosos; Roma liberou o acesso às piscinas públicas para maiores de 70 anos; Bolonha criou “refúgios climáticos”, e Ancona distribui desumidificadores a famílias de baixa renda.
“As ondas de calor no Mediterrâneo tornaram-se mais frequentes e intensas, com picos de 37 graus ou mais nas cidades, onde o efeito de ilha de calor urbano agrava ainda mais as temperaturas”, afirmou Emanuel Piervitali, do Instituto Italiano para a Proteção e Pesquisa Ambiental (ISPRA).
Portugal e Grécia sob risco de incêndios
Em Portugal, regiões do sul, incluindo Lisboa, estão sob alerta vermelho até a noite desta segunda-feira, com previsão de mais de 42 °C. O risco de incêndios é elevado, como na Sicília, onde bombeiros combateram 15 focos no sábado (29).
Em Lisboa, moradores e turistas buscam se proteger. “Recomendamos que as pessoas fiquem em locais frescos. Mesmo assim, já registramos casos de insolação e queimaduras”, disse a farmacêutica Sofia Monteiro. “Está difícil de aguentar. Paramos com frequência, bebemos água, é uma desculpa para tomar um drink”, comentou o turista francês Cédric Gérard.
Na Grécia, um incêndio florestal ao sul de Atenas forçou evacuações e bloqueou estradas perto do Templo de Poseidon. As autoridades mobilizaram 130 bombeiros, 12 aviões e 12 helicópteros. Pelo menos 40 pessoas foram retiradas de cinco áreas.
Mudanças climáticas ampliam as ondas de calor
Cientistas afirmam que o aumento na frequência e intensidade das ondas de calor está diretamente ligado às mudanças climáticas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU (IPCC), é "quase certo" que esses eventos se tornaram mais comuns desde 1950 e continuarão a crescer com o aquecimento global.
*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Hamilton Braga, coordenador do núcleo de Política e Economia
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