Amigos de infância relembram travessuras e sonhos de Maradona Pessoas próximas revelam lado pouco conhecido de 'El Pibe' Agência Estado 29.11.20 7h42 Quem foi Diego Armando, que escolheu eclipsar na data da morte de Fidel Castro, que arrastou uma multidão à Praça de Mayo, como pouco políticos conseguiram, cujo funeral quase provoca a tomada da Casa Rosada pelo povo? É um mito na Argentina. Mas antes de ser mito, foi povo e, por ter sido povo, cativou como poucos aqueles que encontram no futebol uma das únicas formas de escapar das agruras do dia a dia. "Maradona sempre representou essas emoções difíceis de descrever. É um mito real que emanou de seu corpo expressões que todos temos escondidas. Amor e fúria exacerbada o tempo todo. Perfeição e debilidade", diz Matías Mosquera, fanático que nunca o viu jogar. "Sabe quando faz muito calor e você toma um banho gelado e se refresca, mas, ao mesmo tempo, fica meio sem ar? Isso era Diego. Ele nos deixou sem ar quando conseguiu fazer-nos campeões e elevar-nos. Algo único", descreve José Veeg, torcedor do River Plate, principal rival do Boca Juniors, também ele um fã de Maradona. A história de Diego todos conhecem na Argentina. E é por ela que o povo se dobra. O 'PELUZA' DA VILLA FIORITO - Declaradamente peronista (do presidente Juan Domingo Perón - 1895/1974), Diego nasceu no dia 30 de outubro de 1960 em um hospital batizado Eva Perón (Evita, primeira-dama) no bairro humilde, hoje mundialmente conhecido, de Villa Fiorito. Foi lá onde arriscou suas primeiras jogadas com a bola, ao lado do melhor amigo e vizinho, Gregorio Goyo Carrizo. Eles se conheceram quando ambos tinham sete anos e Diego passava o dia implorando para que jogassem bola. "Goyito, joga comigo?", pedia o pequeno Diego, ao que o outro respondia, em tom de brincadeira: "Pelucinha (pela cabeleira negra e armada), joga você para mim". E assim eles cresceram juntos. O amigo relembra ironizando que os jogadores de futebol reclamam hoje de sofrer pressão em partidas importantes, mas que "pressão mesmo era a que sentíamos quando jogávamos peladas contra o Diego apostando uma nota e com um pessoal armado acompanhando o jogo do lado de fora", contou ao jornal La Final em 2000. "Com apenas nove anos, iam nos buscar no Siete Canchitas, como se chamava o lugar onde o Maradona e eu jogávamos, e nos incluíam em times formados por caras muito mais velhos do que nós", diz. "Em uma dessas finais, vi o Diego marcar o melhor gol de sua vida, pegou a bola na ponta esquerda e foi se aproximando da área... De costas para o gol, e de bicicleta, cravou uma bomba no ângulo direito. O mais impressionante foi que a bola entrou tomando aos poucos o efeito que Maradona havia lhe dado", relata Goyo. Foi Goyo Carrizo quem convenceu o jovem habilidoso da Villa Fiorito a se apresentar ao Argentinos Juniors. Ele já jogava na divisão de base, equipe conhecida como Cebollitas, e foi perguntando se alguém mais na Villa jogava como ele. Não teve dúvidas em levar o amigo, futuro camisa 10, ao clube de La Paternal. "Diego era o representantes dos favelados", atestou. Nessa mesma época, idos dos anos 1970, quem também era parte do elenco do Cebollitas era o jogador Daniel Delgado, conhecido como Pólvora, que foi capitão da equipe de Maradona. "Nós jogamos desde pequenos no Argentinos. Eu era o capitão e o Diego, já naquela época, era o melhor de todos. Foi a melhor época dele", diz Pólvora. "Maradona jogava de 10 e eu jogava como a 11. Fazia os gols graças a ele." O amigo ressalta que Maradona era um garoto bárbaro, que todos eram amigos no Cebollitas, "meninos humildes que se davam bem, foi um período lindo", conta Delgado que hoje trabalho no Defensa y Justicia. "Diego era de poucas palavras", diz rindo, "aprendeu a falar anos mais tarde". O ex-Cebollitas conta que em um partida do torneio chamado Evita, terminaram o primeiro tempo ganhando de 4 a 0. No segundo, Diego e outro dois garotos chegavam na entrada da área e chutavam a bola por cima do gol, na direção de uma árvore, porque haviam apostado para ver quem conseguia derrubar um ninho de João-de-barro. "O prêmio era uma garrafa de Coca-Cola", contou. O jovem que jogava pensando em ganhar um refrigerante, logo se transformaria num craque. Em sua primeira declaração a um canal de televisão, disse: "Eu tenho dois sonhos, o primeiro é jogar uma Copa. O segundo é sair campeão dela." O 1º CONTRATO - A carreira de Diego começou no Argentinos Juniors. Sua estreia foi contra o Talleres de Córdoba. Tinha 15 anos. Mas foi o Boca que o alçou à fama mundial. "Quando Diego veio ao clube (Argentinos), tinha 18 anos e ele nove. Foi aí quando o conheci", conta Alberto Peréz, torcedor do primeiro time a contratar Maradona. Peréz estava começando a faculdade de Direito, a qual, anos depois, permitiria a ele aplicar seus conhecimentos com um cliente ilustre, o próprio Maradona. "Eu era amigo de Jorge Cyterszpiler, primeiro representante do Diego, o que me levou a assessorá-los em alguns contratos. Ele esteve no meu casamento, em 6 de janeiro de 1979. Tinha 18 anos", recorda. "Quando entrou no profissional, em 76, ele morava na favela. Então, para facilitar sua chegada aos treinos, conseguiram uma casa provisória no bairro onde está o Argentinos." A primeira casa onde viveu a família Maradona foi comprada pelo ex-advogado de Diego e transformada em um museu que reúne móveis e pertences da época. Tudo está tão bem caracterizado que até uma grande produtora de cinema a utilizou como locação para uma série sobre sua vida. Diego ouvia discos no quarto que ocupava na casa. Hoje, o bairro que testemunhou sua chegada e metamorfose, transformou-se em uma espécie de santuário a céu aberto. O estádio leva seu nome. La Paternal deverá se converter em local de peregrinação para aqueles que querem entender quem foi Diego antes de virar mito. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave esportes ae COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Esportes . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM ESPORTES FUTEBOL Águia perde para o Manauara dentro de casa e acumula três derrotas seguidas na Série D Azulão foi derrotado por 1 a 0, dentro do Zinho Oliveira e pode sair do G4 06.07.25 17h20 Futebol Tuna Luso encara o Manaus fora de casa e pode garantir classificação antecipada na Série D Jogo pode selar a classificação em caso de vitória – desde que conte também com uma combinação de resultados. 06.07.25 9h00 A mente comanda o corpo Thaysse Gomes destaca impacto da psicologia no Paysandu: 'Usar sentimentos a favor do desempenho' Psicóloga bicolor revelou com exclusividade ao Núcleo de Esportes de O Liberal o trabalho realizado diariamente com os atletas do time paraense. 06.07.25 8h00 FUTEBOL Debate sobre a discriminação racial no futebol cresce; FPF e Remo manifestam compromisso na causa Recentemente, o lateral Sávio foi alvo de injuria racial nas redes sociais, o que reacendeu a importância de debater o tema 06.07.25 7h00 MAIS LIDAS EM ESPORTES JOGOS DE HOJE Futebol: veja quem joga hoje, domingo (06/07), horários das partidas e onde assistir ao vivo Série B do Campeonato Brasileiro e Vitória Cup movimentam o futebol neste domingo 06.07.25 7h00 A mente comanda o corpo Thaysse Gomes destaca impacto da psicologia no Paysandu: 'Usar sentimentos a favor do desempenho' Psicóloga bicolor revelou com exclusividade ao Núcleo de Esportes de O Liberal o trabalho realizado diariamente com os atletas do time paraense. 06.07.25 8h00 REFORÇOS Marcos Braz fala sobre possível contratação de Titi Ortiz para o Remo Novo executivo de futebol do Clube do Remo não confirmou interesse do time pelo argentino, mas destacou a qualidade do atacante 05.07.25 16h01 FUTEBOL Técnico do Remo fala sobre contratações, forma de jogar e diz: 'Não vim fazer turismo' António Oliveira assumiu o Remo após a saída de Daniel Paulista. O técnico português comentou sobre o carinho do torcedor, a pressão no clube e como vem trabalhando para tentar colocar o Leão na Série A 06.07.25 8h30