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Uma em cada cinco profissões no Pará pode adotar o home office, revela estudo

Análise realizada pelo Ipea revela que 16% das ocupações, que representam mais de meio milhão de trabalhadores no Estado, são aptas para o teletrabalho

Thiago Vilarins

Com a pandemia de coronavírus (Covid-19), milhares de paraenses abandonaram os escritórios e passaram a trabalhar de casa. O teletrabalho, ou home office, já era uma tendência no mundo e, com a mudança nos hábitos, deve se fortalecer mesmo após a crise. De acordo com análise do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) divulgada na última semana, o formato poderá ser adotado em 16% das ocupações do Pará, alcançando 554.655 trabalhadores.

"Sabemos que o trabalho em domicílio é uma realidade que independe da pandemia", destacou Felipe Martins, um dos coautores da pesquisa, ressaltando que ainda não é possível avaliar o impacto das medidas de isolamento adotadas por quem pode ficar em casa no avanço do teletrabalho.

Segundo o pesquisador do Ipea, a proporção paraense de pessoas em potencial de teletrabalho, por exemplo, é uma das menores do País, que assinalou média de 22,7%, o que corresponde a 20,8 milhões de trabalhadores.

Essa, inclusive, é uma das principais conclusões do levantamento: as desigualdades regionais do Brasil também se refletem no potencial de teletrabalho de cada estado. No Distrito Federal, unidade da federação com a maior renda média do País, o percentual chega a 31,6% (450.424 pessoas). São Paulo (6.167.672) e Rio de Janeiro (2.009.689) também ficam acima do potencial nacional, com 27,7% e 26,7%. Ainda no topo aparecem os três estados da Região Sul.

Entre os estados com menor média, apenas o Piauí tem potencial inferior ao do Pará: 15,6% dos empregos (192.657 trabalhadores) podem ser realizados de maneira remota. Fecham as últimas posições Rondônia (16,7% ou 134.854 pessoas), Maranhão (17,5% ou 386.388) e Amazonas (17,7% ou 288.905).

"Este trabalho demonstrou claramente esses aspectos no que se refere as pessoas em teletrabalho, revelando as desigualdades regionais e as diferenças no acesso a essa modalidade no território nacional. As perspectivas da retomada das atividades econômicas após a pandemia devem levar em conta as novas modalidades de trabalho que emergiram de forma marcante no período de isolamento e que, muito provavelmente, serão mais utilizadas, o que reforça a necessidade de estudos que quantifiquem e localizem essas novas possibilidades de teletrabalho", avalia Martins.

O estudo "Potencial de Teletrabalho na Pandemia: Um Retrato no Brasil e no Mundo" segue metodologia da Universidade de Chicago na estimativa do teletrabalho em 86 países, adaptada à realidade brasileira com a conversão das funções para a Classificação de Ocupações para Pesquisas Domiciliares, adotada pela Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Na comparação internacional, Luxemburgo lidera o ranking, com 53,4% dos empregos com potencial para teletrabalho.

O patamar é muito superior ao de economias menos desenvolvidas, como as da América Latina. Dos nove países da região que constam no estudo (Brasil, Bolívia, Chile, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México e Panamá), o que apresenta maior potencial é o Chile, com percentual de 25,74%. Já na lanterna está Moçambique, com apenas 5,24% das atividades passíveis de serem realizadas remotamente.

Ocupações passiveis de teletrabalho

Os resultados mostram que das 434 ocupações analisadas, mais de um quinto podem ser realizadas remotamente. Isso coloca o país na 45ª posição no ranking mundial, e em 2º lugar na América Latina. Segundo Felipe Martins, os profissionais com maior potencial para o teletrabalho estão nos grupos profissionais das ciências e intelectuais (65%), diretores e gerentes (61%) e trabalhadores de apoio administrativo (41%).

Com menor potencial, também constam nesta lista trabalhadores técnicos e profissionais de nível médio (30%), trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (12%) e trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios (8%). Na outra ponta, trabalhadores rurais, da caça e da pesca, operadores de instalações de máquinas e montadores e membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares possuem o menor potencial (0%).

"Se a ocupação envolve trabalho fora de um local fixo e operação de máquinas e veículos ela é considerada não passível de teletrabalho", explicou o pesquisador.

Os pesquisadores também concluem no estudo que é prematuro avaliar se as modalidades de trabalho que surgiram ou cresceram no período de isolamento seguirão a mesma tendência no pós-pandemia.

"Como as relações trabalhistas no país são, sob vários recortes, muito heterogêneas é muito cedo ainda para se descortinar tendências mesmo que setoriais”, esclareceu Geraldo Góes, que também assina a pesquisa.

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