Setor hoteleiro e de alimentação soma prejuízo de R$ 100 bilhões com golpes no país

No Pará, empresários relatam fraudes com PIX falso, cartões clonados e hóspedes que somem sem pagar; setor ainda enfrenta dificuldades para mensurar prejuízos e pede mais segurança nas transações.

Gabi Gutierrez
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Falsas reservas, comprovantes de Pix adulterados, cartões clonados e até encenações em restaurantes. Esses são apenas alguns dos golpes relatados por empresários do setor de hospedagem e alimentação em Belém, que acompanham uma tendência preocupante em todo o país, onde os prejuízos estimados são bilionários.

Segundo a Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), os prejuízos com fraudes e estelionatos já chegam a R$ 100 bilhões em 2024. Só no estado de São Paulo, o rombo ultrapassa os R$ 25 bilhões — com destaque para o golpe da falsa hospedagem, responsável por R$ 2,4 bilhões desse total.

No Pará, relatos apontam crescimento de fraudes

Embora ainda não haja dados consolidados no estado, os relatos de empresários indicam que os prejuízos no setor de hotelaria e alimentação são significativos. Fernando Soares, do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS), diz que o golpe mais comum é o do hóspede que paga uma parte da estadia e abandona o restante da dívida.

“Nos motéis, a situação é ainda mais complicada. É comum o cliente não ter como pagar e deixar objetos como garantia. Já tivemos uma hóspede que ficou 48 dias e pagou só pouco mais da metade”, conta Fernando.

Cartões clonados e reservas falsas

Em um hotel em Belém, no bairro de Nazaré, o supervisor de recepção Paulo Sérgio relata que fraudes com cartões clonados e reservas inexistentes são frequentes. “Quase caímos em um golpe com cartão clonado. Por sorte, a equipe percebeu o comportamento suspeito e conseguimos evitar o prejuízo”, relata.

Segundo ele, o hotel adotou medidas antifraude como verificação rigorosa de dados e treinamentos constantes para os funcionários da recepção.

Encenações e ameaças nos restaurantes

Nos restaurantes de Belém, o golpe mais comum envolve o uso fraudulento do Pix. Cláudia Yamaga, que administra um restaurante na Região Metropolitana, afirma que já viu de tudo: desde comprovantes falsos de Pix até clientes colocando cabelo no prato para tentar não pagar.

“Tem gente que faz escândalo, age com grosseria e tenta constranger os funcionários. Já perdemos dinheiro por confiar em prints falsificados”, diz. Hoje, o restaurante só aceita Pix com confirmação imediata, preferencialmente na frente do garçom.

Ela também relata fraudes no delivery: “Tem gente que promete pagar na entrega e depois simplesmente desaparece”.

Prejuízo também é fiscal

A Fhoresp defende a criação de um Cadastro Nacional de Estelionatários, interligado entre Polícia Civil, Ministério Público e órgãos de fiscalização. A proposta visa combater fraudes em hotéis e restaurantes, além de alertar consumidores sobre sites e pacotes falsos.

Além dos danos aos empresários, há perdas fiscais bilionárias. Apenas no caso das bebidas alcoólicas falsificadas ou contrabandeadas, estima-se que 36% do volume vendido no país esteja irregular — gerando uma perda fiscal de R$ 85,2 bilhões em 2024.

Enquanto não há sistema nacional, prevenção é local

Sem um sistema unificado de combate aos golpes em estabelecimentos de alimentação e hospedagem, empresários paraenses seguem apostando em estratégias próprias: controle interno, protocolos antifraude e capacitação das equipes.

“O golpe evoluiu, mas a vigilância também precisa evoluir. Hoje, quem trabalha com hospedagem e alimentação precisa estar preparado para tudo”, resume Paulo Sérgio.

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