Taxistas e motoristas de app de Belém começaram a sentir impacto do reajuste no preço da gasolina

Autônomos relatam que precisam de medidas no dia a dia para conseguir equilibrar gastos com ganhos

Camila Azevedo
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O aumento no preço da gasolina tem feito taxistas e motoristas de aplicativo de Belém buscarem opções no dia a dia para economizar e continuar trabalhando sem muitos prejuízos. A reoneração dos combustíveis foi anunciada pelo governo federal no início desta semana. Com uma diferença média de R$ 0,50 entre o valor antigo e o atual na capital paraense, os gastos antes feitos para abastecer e conseguir algum lucro precisam, agora, ser adaptados.

Taxista há mais de 30 anos, Paulo Maia conta que recebeu a notícia com tristeza e que terá prejuízos de mais de R$ 70 por semana. “A gente depende desse combustível para trabalhar. Antes, eu gastava em torno de R$ 35 a R$ 38 por dia. Agora, esse valor vai subir para cerca de R$ 43 para cada turno de trabalho. A gente nunca está feliz com isso e tem coisas que não compensam, como tirar o ar condicionado. A economia é pouca. Então, continua tudo normal. Tento rodar 120 km a 140 km”, afirma.

image O taxista Paulo Maia conta que medidas como diminuir o uso do ar condicionado não fazem tanto efeito para a economia (Sidney Oliveira / O Liberal)

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Gasolina alta atrapalha o dia a dia de trabalho

Já para Rhuan Viegas, de 31 anos e também taxista, a economia no dia a dia vai envolver o local em que as refeições são realizadas. “Antes eu conseguia almoçar em casa. Agora, tenho que trazer meu almoço. A gente tem um microondas na associação [de táxis] para esquentar a comida e almoçamos aqui. Tentamos economizar ao máximo”, conta.

Isso porque, segundo Rhuan, o aumento no preço da gasolina terá impacto de cerca de 30% em cima dos gastos diários. “Os novos valores afetam muito a gente, porque costumamos abastecer com R$ 80 ou R$ 100 e, agora, a gente tem que fazer um pouco de esforço para colocar R$ 130 e conseguir rodar até a noite. Se colocar esses R$ 80, não dá: chega de tarde e já tem que abastecer de novo”, ressalta o taxista.

Motoristas de aplicativo optam por estratégias para selecionar corridas

Reduzir o uso do ar condicionado, delimitar uma rota certa por dia e escolher bem o posto de gasolina são as medidas que o motorista de aplicativo Diego Assunção, de 37 anos, precisou adotar após o aumento dos preços. Além disso, encher o tanque do carro usado nas corridas antes de passar a valer os novos custos também foi uma forma de reduzir o impacto. “Minha estratégia é ficar nas viagens mais curtas e, preferencialmente, dentro do centro da cidade”.

Umarizal, Batista Campos, Nazaré, no máximo da divisa entre Jurunas e Cidade Velha, Cremação, Condor, São Brás e Fátima, pegando sempre as viagens curtas que paguem um certo valor que no final compense, tanto para ir buscar o passageiro, quanto para deixar ele no destino final. Então, cada um tem a sua estratégia”, relata o autônomo.

O prejuízo previsto e avaliado por Diego já chega a R$ 500 por mês. Com isso, o motorista teme pela qualidade do serviço e os lucros. “A maioria, para trabalhar entre 8h e 10h por dia e conseguir bater a meta, igualando com os ganhos, abastece em torno de R$ 100. A gente vai perder, em média, cinco tanques por mês de combustível e isso, sem dúvidas, vai impactar no nosso lucro e na prestação do serviço para o passageiro, porque não vamos aceitar qualquer corrida”, destaca.

Adicionais

Além dos novos preços, outros fatores devem contribuir para a realidade. “A plataforma, às vezes, cobra um valor bom do passageiro, mas repassar um muito baixo para o motorista. Então, tem a de taxa do app, o carro e, agora, com esse aumento da gasolina, estima-se que vá em torno de R$ 500 até R$ 600. Isso já é alguma coisa que deixa de investir no carro, na pessoa, fazendo compras pro dia a dia. Muitos motoristas que, por conta da volta do tributo, já deixaram de rodar. Vai ficar mais escassa a prestação do serviço”, conclui.

O mesmo sente Pedro Marconsini, de 22 anos. Trabalhando como motorista de aplicativo há três meses, ele afirma se sentir afetado. "Eu, particularmente, adotei medidas para que o gasto com a gasolina não seja tão alto quanto os ganhos na corridas, como optar por viagens mais curtas, reduzir consumo do ar condicionado e selecionar postos de gasolina mais em conta. Já notei uma brusca diferença, costumava gastar de R$ 50 a R$ 100 rodando pela manhã, agora se vai mais dinheiro por causa da mesma quantidade”, lamenta.

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