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Setor de eventos vive retomada, mas ainda sente efeitos da pandemia: 'fomos os mais prejudicados'

Presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), Doreni Caramori Júnior destaca recuperação e importância econômica do setor, mas cita 'efeitos colaterais que persistem'

O Liberal
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Presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), Doreni Caramori Júnior avalia 2022 como o "ano da retomada, de colocar ordem na casa". Mas apesar da recuperação nos últimos meses, segundo ele, o setor de eventos ainda sente "efeitos colaterais que persistem", após dois anos de paralisações pode causa da pandemia da Covid-19. "As empresas do segmento ainda vão levar um tempo para recuperar o tempo perdido", diz Caramori, que destaca a importância econômica do setor: "Sempre falamos que o setor de eventos de cultura e entretenimento mereciam um olhar especial, não só por ser o mais afetado pelas paralisações, mas pela capacidade que tinha de promover a recuperação rápida da economia, gerando empregos e desenvolvimento", completa. Veja a entrevista concedida ao Grupo Liberal. 

Em novembro, houve a primeira reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e Entretenimento da Câmara dos Deputados, após as eleições. Como os promotores de evento avaliam o trabalho da Frente?

O parlamento, Câmara dos Deputados e Senado, foi fundamental para que o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos - PERSE se tornasse realidade. Essa aproximação entre o setor, deputados e senadores resultou no único programa econômico criado especificamente para um segmento durante a crise da pandemia e agora, no processo de retomada dos eventos de cultura e entretenimento no país, está sendo essencial para as empresas voltarem com suas atividades, gerando emprego e movimentando a economia.

O trabalho continua. Recentemente criamos o movimento  “Eleições 2022 - Vamos com Eventos e Turismo”, uma iniciativa que reúne entidades representativas e que apresentou aos eleitores durante a campanha eleitoral, em especial aqueles ligados às 52 áreas que fazem parte da cadeia produtiva, candidatos que estivessem comprometidos com a agenda dos setores envolvidos. Este grupo foi recebido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, após as eleições para fortalecer o trabalho da frente parlamentar e apresentar os resultados do PERSE. 

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Há muito trabalho pela frente além de monitorar os efeitos do programa, mas o mais importante é que a relação entre setor de eventos e parlamento está madura e consolidada. Deputados e senadores estão conscientes da força econômica que o segmento tem no país. 

Quais são as principais demandas do setor de eventos junto aos poderes Executivo e Legislativo?

As prioridades, no momento, estão em resguardar e disseminar os benefícios do PERSE. O período crítico da pandemia passou, mas as empresas ainda sofrem os efeitos de dois anos de paralisação. É sempre importante lembrar que fomos o setor mais prejudicado: os primeiros a parar e os últimos a retornar. Por mais que a percepção seja de que tudo voltou ao normal, com eventos lotados e fazendo sucesso, as empresas do segmento ainda vão levar um tempo para recuperar o tempo perdido. Há, também, os efeitos colaterais que persistem, como a defasagem de mão-de-obra qualificada. Durante a crise, muitos profissionais tiveram que recorrer a outras atividades para sobreviver pois, como já disse, ficamos totalmente paralisados.

O setor foi um dos mais impactados pela pandemia da Covid-19. Após os dois anos mais críticos da pandemia, qual a avaliação que a Abrape faz em relação a 2022?

Ano da retomada, de colocar ordem na casa. Quando iniciamos a luta pelo PERSE, sempre falamos que o setor de eventos de cultura e entretenimento mereciam um olhar especial, não só por ser o mais afetado pelas paralisações, mas pela capacidade que tinha de promover a recuperação rápida da economia, gerando empregos e desenvolvimento. 

Veja o exemplo da tradicional disputa entre os bois Caprichoso e Garantido, em Parintins. A festa é o principal vetor econômico da cidade de aproximadamente 110 mil habitantes, a exemplo de tantas outras pelo Brasil afora, e gerou 10 mil empregos diretos e indiretos. Esse é um detalhe que, por vezes, é esquecido quando se debate o tema: o evento é o principal fomentador local da economia e geração de empregos, impulsionando o turismo e a prestação de serviços.

Quais são as expectativas do setor em relação aos próximos meses?

Consolidar as conquistas do PERSE e, gradativamente, retomar os mesmos resultados que o setor apresentava antes da pandemia. Mas, como disse, há desafios ainda a serem superados como a recuperação econômica das empresas e a mão-de-obra.

Em relação aos empregos gerados, o setor conseguiu recuperar os números de antes da pandemia?

Continuamos em franca recuperação no país. Dos 2.147.600 empregos gerados no Brasil, entre janeiro e setembro, 229.437 foram no hub setorial que abrange 52 áreas e 14.262 especificamente no setor de eventos, representando, respectivamente, um crescimento de 10,7% e 0,7% na participação relativa do setor na geração de vagas de trabalho. Há, em 2022, 47.621 empregos registrados a mais do que em 2019, um crescimento de 1,4%.

Entre janeiro e setembro foram criados 14.262 novos empregos nas cinco atividades core business do setor de eventos: Atividades de organização de eventos, Atividades artísticas, criativas e de espetáculos, Atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental, Atividades de recreação e lazer e Produção e promoção de eventos esportivos. Esse resultado é 337% maior que o total de igual período do ano anterior, quando foram registrados 3.265 novos empregos.  No ano de 2021, foram criadas 9.561 vagas. 

Quais são os principais desafios do setor?

Consolidar a recuperação econômica das empresas e resgatar a mão-de-obra que procurou outras atividades para sobreviver durante a crise da pandemia. O PERSE, uma grande conquista do setor, está possibilitando que essa caminhada avance. O nosso segmento é essencial para a economia. O desempenho positivo do hub de eventos, que envolve operadores turísticos, bares e restaurantes, serviços gerais, segurança privada, hospedagem etc, vem impactando diretamente nas taxas de crescimento do segmento de serviços do PIB. Nos últimos 12 meses, houve um aumento acumulado de 12,3%. No mesmo período, o PIB da indústria cresceu 0,1% e o da agropecuária teve um decréscimo de 5,5%. No momento, é o setor de eventos que está impulsionando o PIB do país para cima, por ter um desempenho acima da média.  

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