Saiba por que alguns jovens da geração Z levam pais para entrevistas de emprego
Pesquisa com cerca de 1.500 jovens mostra que um em cada quatro vai com um 'responsável'

Um levantamento feito pela empresa Resume Templates em 2024 apontou que um em cada quatro jovens já levou um dos pais durante entrevistas de emprego. A pesquisa foi feita com cerca de 1.500 jovens residentes dos Estados Unidos e que integram a Geração Z, que é formada pelas pessoas nascidas entre o final da década de 1990 e anos 2000. O público entrevistado foi formado por jovens que possuem 18 a 27 anos.
Débora Brito, psicóloga organizacional que também possui pós-graduação em gestão de pessoas, avalia que a prática também está se tornando recorrente no Brasil. Segundo ela, o motivo é parecido com o indicado na pesquisa estadunidense: falta de confiança em relação ao processo seletivo. “Isso ocorre, principalmente, por causa da insegurança em relação ao mercado de trabalho e da pressão por conseguir o primeiro emprego”, explicou.
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Além do comparecimento dos responsáveis na entrevista, a pesquisa também apontou que os jovens pedem que os pais formulem o currículo, com estimativa de um a cada dez entrevistados. Outro dado apontado pela Resume Templates é que também é comum que os pais sejam solicitados para realizar o envio do currículo para as vagas que os filhos têm interesse, além de também serem os responsáveis por achar vagas, através da internet ou de networking. Ainda segundo a pesquisa, as mães são mais propensas a ajudar os filhos na procura do emprego. No total, entre os que conseguiram um emprego, 83% atribuem o sucesso aos pais.
A pesquisa também avaliou que, entre os fatores que podem levar a Geração Z a procurar ajuda dos pais, estão o número de oportunidades de emprego e a complexidade do mercado de trabalho. Saber o que uma empresa faz, verificar a legitimidade dela e entender o que um determinado emprego necessita, por exemplo, podem ser tarefas desafiadoras para alguém que não possui nenhuma experiência profissional.
Para Débora, que também é recrutadora, a presença dos pais, entretanto, pode gerar complicações ao jovem e ser um indicativo de falta de autonomia e maturidade ao candidato. “Isso pode passar a impressão de que ele não está preparado para lidar com a independência exigida no ambiente profissional, o que pode ser visto como um ponto negativo”, pontuou.
A psicóloga também acredita que a independência é um fator decisivo, especialmente no cenário em que a vaga pretendida é a primeira do jovem. A presença dos pais durante a entrevista de emprego pode indicar também que a pessoa não possui a confiança necessária para assumir responsabilidades no ambiente de trabalho.
Respeitando limites, ajuda dos pais pode ajudar com a contratação
Edimylla Paiva, de 19 anos, trabalha atualmente como assistente administrativa. A jovem conta que iniciou a busca pelo primeiro emprego no final da adolescência, por necessidades pessoais. “Eu também queria desprender um pouco meus pais de algumas responsabilidades e auxiliar em casa como eu pudesse,” contou.
Ela conta que, apesar de não levar os pais para as entrevistas de emprego que realizou, ambos deram apoio durante o processo. O principal auxílio, segundo Edimylla, veio na forma de dicas em como agir e se portar durante os processos seletivos.
“Meus pais me ajudaram principalmente com o básico necessário: quais as documentações que eu precisava apresentar, quais vestimentas eram mais adequadas e em como agir diante das futuras dificuldades que eu encontraria”, explicou a jovem. Entre os pontos mais trabalhados, o pai e mãe da jovem reforçaram a importância da inteligência emocional e e cautela.
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