Redes sociais e ‘coaches’ de investimento: os riscos da desinformação para as finanças

Especialistas alertam investidores paraenses quanto aos perigos de se consultar com profissionais que não tenha certificados do mercado

Elisa Vaz
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A disseminação de informações financeiras pode ser positiva para quem quer adquirir a prática de cuidar do próprio dinheiro com sabedoria, mas procurar aconselhamentos sobre investimentos com os chamados "coaches" pode ser prejudicial e contribuir para a redução do patrimônio. Isso porque os profissionais do mercado financeiro precisam, antes de mais nada, de certificações e formações específicas, que fogem das “receitas prontas” sobre como ganhar dinheiro.

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O assessor de investimentos Leonardo Cardoso, criador da empresa Nortistas na Bolsa, que promove cursos, treinamentos e mentorias para investidores, afirma que a internet ajudou muito a propagar a educação financeira entre os brasileiros. Por outro lado, muitos conteúdos, segundo ele, são recheados de regras que não funcionam para todo mundo, e por isso os investidores precisam tomar cuidado.

“Com toda essa informação disponível, os investidores chegaram ao mercado com o ‘prato feito’ do influenciador, aquela receita de bolo pronta que não funciona para todo mundo, o que gera uma quebra de expectativas. Acredito que, dentro do mercado financeiro e de qualquer área da vida, tudo requer planejamento prévio. Começar a investir escolhendo somente produtos pela rentabilidade é o caminho mais rápido para a frustração, que foi o que aconteceu com muitas pessoas que começaram a investir pela dica 'quente' que viram na internet”, alerta.

Receita de sucesso

Uma das dicas que o especialista dá é em relação à fonte de notícias. Leonardo lembra que existem sites especializados na cobertura do mercado financeiro, mas, no geral, ele acredita que a fonte mais segura sempre serão os livros, onde o investidor pode ter acesso a “informações cruciais” sobre estratégias e montagem de portfólio. “Em um mundo repleto de informações e onde todo influenciador quer ser o ‘dono da verdade’, é importante que o investidor saiba minimamente o que está fazendo antes de tomar qualquer decisão com o seu dinheiro”.

Outra indicação do assessor é ter sempre um suporte especializado de um profissional com certificações do mercado. Isso, segundo ele, ajuda na tomada de decisões sobre investimento e pode ser um divisor de águas na vida financeira. Assim como as pessoas têm um médico ou advogado de confiança, Leonardo diz que precisam também de um consultor ou assessor para ajudar a gerir o dinheiro.

“Na hora de escolher um profissional para lhe ajudar a tomar boas decisões com o seu recurso, existem alguns critérios básicos, como as certificações que esse profissional tem, a qual instituição financeira ele está plugado e qual é a segmentação especializada dele. Tudo isso vai ajudar o investidor a ter segurança na hora de tomar suas decisões. Outro caminho bastante comum é através de indicações de amigos e pessoas próximas que já façam investimentos com o suporte de especialistas da área”, orienta.

Segurança e direitos

Existem diversas regras jurídicas que protegem os investidores, de acordo com o advogado André Luiz Bastos, que é presidente da Comissão de Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Pará (OAB-PA). Entre elas está a lei 6.385/76, que criou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autoridade reguladora responsável por supervisionar o mercado, tendo poderes para fiscalizar, investigar e sancionar violações.

Além disso, existe a Lei de Crimes Financeiros, de nº 9.613/98, para prevenir as fraudes e a lavagem de dinheiro; a lei 14.478/2022, das criptomoedas, determinando que o Banco Central (BC) é o órgão responsável pela supervisão do mercado de criptoativos no Brasil; e, do Código de Defesa do Consumidor (CDC), a lei 8.078/90, que pode amparar por existir uma relação jurídica de consumo.

O especialista ainda afirma que as plataformas de redes sociais e sites que hospedam informações financeiras também têm responsabilidades pelo aspecto legal. “Essas plataformas devem ser fiscalizadas pela CVM e diversas implicações podem ocorrer quando elas divulgam conteúdo enganoso. A CVM pode iniciar um processo administrativo disciplinar, podendo ao final acarretar multas e até mesmo um processo judicial”, afirma.

Quanto aos próprios influenciadores financeiros que promovem informações enganosas ou fraudulentas nas redes sociais, André indica que os investidores lesados façam denúncia aos órgãos reguladores. “Caso suspeite que um influenciador financeiro esteja promovendo informações enganosas ou fraudulentas, você pode denunciá-lo aos órgãos reguladores relevantes, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou o Banco Central do Brasil. Eles têm o poder de investigar e tomar medidas legais, se necessário. Esses influenciadores também podem sofrer processos por danos morais e materiais”, detalha o advogado.

Para ele, os desafios são enormes na proteção de investidores contra conteúdos enganosos na internet, principalmente porque a quantidade de informações dificulta a autoridade reguladora e fiscalizadora de acompanhar e rastrear pessoas ou empresas que operam fora das regulamentações. Essas informações imprecisas ou enganosas, segundo ele, podem levar a um prejuízo “incalculável” e ainda afetar negativamente o mercado e a confiança dos investidores. No caso de fraudes, quem for lesado ainda pode fazer um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil e contratar um advogado ou buscar a Defensoria Pública para ingressar com as ações judiciais necessárias.

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