Qual o momento ideal para investir nos materiais da sua obra? Profissionais da área explicam.
Os materiais da construção civil podem sofrer variações de acordo com as movimentações econômicas e o cenário político mundial. Diante de um cenário de baixa do dólar, o Liberal foi entender se existe um momento ideal para investir no setor.
Setor da construção civil sofreu queda no crédito disponível no final do primeiro semestre de 2025. Porcentagem foi 63% menor comparado ao mesmo período do ano passado. A inflação do setor foi acima de 7% nos produtos, maior que o nível nacional divulgado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano (5.09%).
Em maio de 2025 a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou que no primeiro semestre deste ano houve uma diminuição no setor de 0,8% se comparado ao mesmo período do ano passado. A construção civil tem sido uma área com grande procura nos últimos anos, porém, os varejistas e consumidores não observaram diminuição nos valores dos produtos.
Em 2024, o setor teve um crescimento de 4,1% e contribuiu com mais de R$359 bilhões para o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB). Mesmo com este cenário de queda em 2025, a indústria permanece otimista quanto ao crescimento, por influência do contexto da COP30, profissionais paraenses da área indicam comprar os produtos o quanto antes.
HORA CERTA DE COMPRAR
Cláudio Batista, presidente do conselho da Associação dos Comerciantes de Material de Construção (Acomac-PA) e dono de uma grande loja na região metropolitana de Belém, não acredita que exista um momento ideal para investir na compra dos materiais de construção. De acordo com Batista, estimar um acréscimo ou decréscimo se torna incerto , já que a margem de valor de cada produto varia conforme a categoria, e apesar disso, o setor costuma se manter estabilizado com ofertas específicas ao longo do ano. Por isso, indica não contar com grandes quedas nos valores.
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Thiago Mariz, gerente de vendas de uma grande loja de varejo de construção em Belém confirmou que os materiais mais básicos como: cimento, tijolos e tubulações costumam ter a maior oscilação de valor com o passar do tempo, já que são mais suscetíveis às variações do mercado como preço do petróleo, valor do dólar e taxas de juros.
Confira abaixo a porcentagem de aumento nos últimos 12 meses:
- Cimento -> +5,85%
- Cerâmicas e porcelanatos -> +7,88%
- Tintas -> 9,21%
- Louças e metais -> 14,12%
Apesar disso, ele afirma que o momento certo para investir em materiais de construção na grande Belém será agora, já que o setor buscou manter os mesmos preços para atrair clientes durante a movimentação da cidade, “Em função da COP os preços estão estabilizados o ano inteiro, a gente não sabe como vai ser depois de novembro… quem puder, a hora é agora”.
Heloísa Santos, é engenheira civil e tem uma obra que já dura 3 anos. Iniciada em 2022, a construção é um ponto comercial e também vai contar com apartamentos residenciais. Para ela, os preços têm aumentado muito nos últimos anos e o peso no bolso é inevitável, inicialmente com orçamento para finalizar a obra em R$ 750.000,00, atualmente (julho/ 2025) já está perto do R$1 milhão e sem previsão de data para o fim.
Produtos básicos como cimento e tijolo podem causar uma alta no orçamento já que costumam ter os valores mais afetados.
“Desde que a gente iniciou assim, o material que a gente mais utilizou foi o cimento e o tijolo, a gente iniciou a obra (em 2022), conseguindo comprar cimento a R$30,00/ R$28,00 quando a gente comprava em grande quantidade, e o tijolo a R$450,00. Hoje o tijolo tá R$800,00 o milheiro, e R$60,00 a saca de cimento, então assim é um impacto muito grande no orçamento inicial que fizemos”, contou Heloísa.
Para Manoel dos Reis, que iniciou a carreira como pedreiro e atualmente é chefe de obras a tendência dos preços do setor é sempre aumentar: “cada ano entra uma novidade e o preço vai aumentando cada vez mais”, para ele os materiais estão mais caros em relação ao ano passado e a busca por serviço muito alta, já que não existe mão de obra suficiente para a demanda da região.
A atual falta de profissionais no mercado de construção tende a ser negativa para quem está em busca de mão de obra, a qualidade dos serviços e dos produtos também são um ponto importante a ser levado em conta no momento de realizar uma obra.
Manoel que trabalha na região metropolitana de Belém, mas também já aceitou ofertas de trabalho em municípios como Salinópolis e na Ilha do Marajó, trabalha por conta própria conta ter recebido oferta de trabalho de empresas, mas não aceitou: “eu ganho mais (trabalhando por conta própria), eu já fiz obra grande, já trabalhei de carteira assinada…e hoje com certeza (a profissão) é mais valorizada do que antigamente, cada ano que passa a mão de obra fica mais escassa”.
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