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Prazo para chegada do 5G a Belém foi adiado em 60 dias

Grupo de trabalho da Agência Nacional de Telecomunicações alega dificuldades técnicas e logísticas

O Liberal

A chegada do 5G vai demorar mais que o esperado nas duas maiores cidades da região Norte: Belém e Manaus. Dificuldades técnicas e logísticas seriam o motivo. A decisão foi tomada oficialmente na sexta-feira (12), mas a informação já havia sido dada no início da última semana pelo presidente do Grupo de Acompanhamento de Interferência na Faixa, Moisés Moreira, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Moreira admitiu que o prazo inicial, estabelecido para o dia 29 de setembro nas capitais, poderia ser estendido. O grupo tem a prerrogativa de pedir um adiamento de 60 dias, caso considere necessário. A possibilidade já vinha sendo aventada desde julho e agora foi confirmada, após reunião do grupo de trabalho. 

Mesmo que a previsão seja de que alguma cidade consiga ter o espectro limpo para o 5G pouco antes do final de agosto, Moreira considera que a prorrogação é necessária. "Se as capitais ficarem para os últimos dias, por segurança é melhor pedir o prazo adicional antes, porque tem o ritual de chegar à área técnica, subir ao conselho, que relata e vota. Se perder esse timing, pode ocorrer infração", disse ele ao site Teletime, ainda antes da reunião.

A implementação efetiva da tecnologia dependerá de como progridem os trabalhos na mitigação das estações profissionais de serviço satelital fixo na banda C estendida. Conforme destacou Moisés Moreira, outras praças deverão receber a tecnologia mais tranquilamente. "No Rio de Janeiro já estamos trabalhando, e acredito que saia com tranquilidade. Talvez no final de semana que vem já se tenha uma definição", colocou. 

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A nova frequência do 5G pode ter velocidade superior a um gigabit por segundo. De acordo com a Anatel, há atualmente 81 modelos habilitados para o 5G. Mas só 59 desses smartphones estão aptos à rede pura. Em média, segundo as operadoras, a rede standalone vem registrando velocidade média de conexão entre 300 megabit por segundo (mbps) e 400 mbps, portanto, bem abaixo da capacidade do 5G. Por enquanto, Curitiba, Goiânia e Salvador são as próximas cidades a receberem a tecnologia de internet mais rápida, já liberada nas capitais Brasília, Belo Horizonte, João Pessoa, Porto Alegre e São Paulo. 

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Calendário

Após Belém, Ananindeua deve ser a segunda cidade paraense apta para a tecnologia, a partir de 1º de janeiro de 2023, durante a implantação do 5G nos municípios brasileiros com população superior a 500 mil habitantes. Depois, cidades como SantarémMarabá, Parauapebas e Castanhal, com mais de 200 mil habitantes, também receberão a tecnologia, com data de início para a implementação fixada a partir de 30 de junho de 2023.  

No ano de 2024, será a vez das cidades com mais de 100 mil habitantes, o que inclui os municípios paraenses de  Abaetetuba, Cametá, Marituba, São Félix do Xingu, Bragança, Barcarena, Altamira, Tucuruí, Paragominas, Tailândia, Breves e Itaituba. Os municípios brasileiros com população de até 30 mil habitantes vão ser gradualmente incluídos no sistema 5G. No Pará, 65 cidades possuem este perfil demográfico e poderão receber a tecnologia a partir de 30 de junho de 2025. A ideia é que todos os demais municípios possuem cobertura 5G até o fim de 2026.

As estimativas do professor do professor Leonardo Ramalho, diretor da faculdade de engenharia da computação e telecomunicações da Universidade Federal do Pará, são menos otimistas. Ele argumenta que o cronograma 5G estabelece que as operadoras devem atender 100% dos municípios com população igual ou superior a 30 mil habitantes, com pelo menos uma antena a cada 15 mil habitantes. Ou seja, aproximadamente 79 cidades devem ser contempladas, ou seja, 54,8% dos 144 municípios. O último censo demográfico no país foi realizado, porém, 12 anos atrás, e as eventuais mudanças a serem registradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022 não foram consideradas.

"A Anatel colocou como pré-requisito que a operadora se comprometa a fazer investimento em regiões menos privilegiadas na implementação de conexões anteriores. Atualmente muitas cidades nem possuem cobertura de 4G", afirmou em entrevista concedida no dia 16 de julho para O Liberal. 

O engenheiro de computação Allan Castro tem acompanhado o tema de perto e conta que já esperava que os desafios naturais da implantação se acentuariam mais ainda na região amazônica. "Você tem a questão das distâncias e da logística de garantir a chegada dessa frequência de maneira limpa. E mesmo com ela de fato implementada, o número de aparelhos aptos é pequeno, muitos são modelos mais recentes e mais caros. Creio que o 5G vai se tornar uma realidade em Belém rápido, mas em todo o Pará esse processo deverá ser longo e cheio de obstáculos estruturais", aponta.

O professor Tadeu Paes, especialista em cibersegurança, lembra que é necessário uma grande quantidade de torres para as conexões de espectros curtos, o que significa um grande investimento e uma infraestrutura totalmente nova e dedicada ao 5G, sem aproveitar a estrutura usada até hoje pelo 4G. "É esse o 5G impuro, que aparece nos visores dos celulares pelo país. No 4G, uma torre manda o sinal para um bairro inteiro, por exemplo. Já as ondas do 5G são mais curtas e quanto mais curta, maior a velocidade. Por isso, serão necessárias dez vezes mais dispositivos", afirma ele, que estima que o processo será lento.

5G: o que é e como funciona?

A tecnologia 5G é a nova geração de conexões via internet que promete ser mais rápida e com maior alcance. Ela deve substituir as atuas conexões 4G e devem consumir até 90% menos energia. O tempo de conexão entre aparelhos móveis serão inferiores a 5 milissegundos, bem menor que os atuais 30 milissegundos das redes 4G. Além disso, o número de aparelhos conectados por área devem ser 50 a 100 vezes maior que o atual. Outra promessa da tecnologia é a potencialização da chamada "internet das coisas", ou seja, a possibilidade de conectar aparelhos, casas, eletrodomésticos, carros, sensores e dispositivos públicos de maneira cada vez mais autônoma. 

Todas as antenas da rede 5G serão acopladas às antenas já existentes, que serão adaptadas para funcionar em paralelo com a nova infraestrutura de conexões. Além disso, antenas menores com alcance de poucos metros, como as domésticas, poderão ser instaladas para repetirem o sinal dos dispositivos locais, que será, então, redirecionado para uma estação central. Já as antenas replicadoras, instaladas em postes ou em prédios altos, serão capazes de cobrir distâncias de até 250 m, ampliando o raio das conexões.

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