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Papel da mulher no agronegócio é tema de abertura de encontro ruralista

Comissão criada pela Faepa pretende estreitar laços de empreendedoras rurais paraenses

O Liberal
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A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) iniciou nesta terça-feira (31) a 57ª edição do Encontro Ruralista do Pará, com o tema "Agro mais perto", que tem como objetivo discutir os desafios e soluções da agropecuária paraense e trocar experiências sobre as atividades no campo que são uma parcela grande da economia paraense.

O primeiro dia do evento teve como destaque a reativação da Comissão das Mulheres em Campo do Estado do Pará, uma iniciativa que busca reforçar a cooperação entre as mulheres do agro para que elas potencializem os próprios empreendimentos com eficiência e sororidade. Márcia Centeno faz parte da Comissão e conta que o projeto será, inclusive, interiorizado, para garantir que os 144 municípios possam oferecer apoio para as mulheres no ramo.

"Temos desafios em vários setores, porque a mulher muita das vezes está à frente da própria casa, mas também gerenciando o espaço ou a propriedade junto com o marido, gerenciando a família. A mulher acumula vários afazeres e compromissos que nunca acabam quando a noite chega. Sempre há um outro turno, que é o turno da família. E sempre tiramos de letra, conduzindo tudo com honradez e dignidade. É nisso que a gente está apostando. A Comissão chega para ressaltar que as mulheres não só ajudam os maridos nas propriedades rurais, mas também há muitas que estão à frente dos negócios", afirma ela, que faz parte da diretoria da Faepa.

Em 2021, uma pesquisa da Associação Brasileiro do Agronegócio apontou que 64% das mulheres da agropecuária nacional apontam a desigualdade de gênero como uma questão presente no agronegócio. 46% delas avaliam que ganham menos do que os homens. 79% delas, porém, avaliaram que a situação é melhor do que 10 anos atrás. 33% entendem que possuem menos acesso ao crédito do que os homens. Segundo o estudo, 69% delas são proprietárias ou arrendatárias, enquanto 41% possuem pós-graduação e outros 29% detém ensino médio completo. 34% delas vivem em zonas rurais e possuem a média de 40 anos. Os dados foram coletados nos estados do Pará, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Na opinião de Cristina Malcher, pecuarista e conselheira da entidade, a presença da mulher no agronegócio paraense já é uma realidade notável e o dever da Comissão é ocupar espaços para garantir que as produtoras tenham apoio e possam se comunicar com a sociedade da mesma maneira que os homens. "Tem muito a evoluir pois ainda precisa ter esse espaço, esse canal para que ela possa se alinhar com outras mulheres e conhecer as novidades, participar ativamente deste trabalho. 10% dos nossos sindicatos são presididos por mulheres, temos diretoras na Federação. Mais do que somente os cargos, queremos que as mulheres sejam reconhecidas pela sociedade como agentes econômicos importantes para o agro. A mulher avançou muito em outras áreas mas precisa avançar mais no agro. Digo isso porque, por conta das parcerias com maridos e filhos, elas são sempre colocadas em segundo plano. Mas a mulher tem protagonismo e precisa entender a própria importância para além de cuidar dos filhos e da casa. Os homens reconhecem mais nossa capacidade intelectual e de trabalho. Não é um processo traumático para os homens, vejo como algo tranquilo. Estamos aqui para somar", avalia. 

image Teixeira conta que não faltam homens para atrapalhar mulheres determinadas (Ivan Duarte/O Liberal)

Inicialmente treinadora de voleibol, Liana Pires Teixeira hoje é produtora rural no arquipélago do Marajó. Segundo ela, não faltam homens para atrapalhar a jornada de mulheres autônomas e independentes. É por isso que elas precisam estar unidas. "Vim do esporte com a minha bagagem de treinadora, então botar a mulher em ação para resolver tudo faz parte da minha história. Já vim de um universo no qual eu era a única mulher. A importância da comissão é até difícil de avaliar. É uma iniciativa tão gigante que a proporção dela é uma tsunami, pois o número de mulheres no agro paraense é muito significativo. As mulheres precisam de espaço e acreditar que são, que podem.  E, principalmente, fazer com que os homens que elas encontram no caminho ouçam um 'sai da frente que eu tô passando', com vontade e com fé. Porque normalmente nós encontramos homens que atrapalham, criam dificuldades, puxam tapetes", argumenta.

A deputada estadual Nilse Pinheiro (PDT) participou do evento e disse que as mulheres produtoras rurais devem ocupar espaços não só no campo, mas também nas casas legislativas e na política de modo geral. "A gente desde 2020 vinha dialogando sobre como poderíamos retomar essa comissão de mulheres no agro. Essa iniciativa mostra que a mulher tem total condição. Muitas vezes é a oportunidade que precisamos nos dar. A gente vê que essa expansão da representatividade da mulher no Pará, nas diretorias da Faepa, nos sindicatos. É muito bom poder contribuir enquanto mulher, nos integrarmos, trocar ideias e fortalecer os empreendimentos. Esse encontro nos traz momentos de aprendizagem com pessoas dotadas de conhecimento na área", diz.

O Encontro Ruralista segue nesta quarta-feira (1) com mais palestras e a presença do governador Helder Barbalho (MDB), que participará do encerramento do evento. A programação completa está disponível em sistemafaepa.com.br.

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