Natal deve dar alívio na renda dos empresários do Pará

Apesar de crescimento tímido, presidente da Aspas afirma que índice deve ser visto com otimismo

Eduardo Laviano / O Liberal
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A Associação Paraense de Supermercados estima um crescimento de 4,5% nas vendas do setor em dezembro de 2021, quando comparado com o ano passado. O presidente da entidade, Jorge Portugal, afirma que, apesar de considerar o crescimento estimado para o Natal um tanto tímido, ele deve ser encarado como uma boa notícia, pois é reflexo de uma economia que, aos poucos, volta a ficar de pé após tantos baque causados pela pandemia de covid-19.

"A expectativa para o Natal não é tão grande mas esperamos que esteja um pouco melhor que ano passado, quando tínhamos muitas restrições, inclusive de famílias não podendo se reunir. Esse ano já vai poder. Poderíamos estar esperando um pouco mais, mas como a economia ainda está enfrentando dificuldades, com muito desemprego, aumento nos preços, salário não aumentou. Tudo isso diminui poder de compra", afirma.

Portugal conta que a cesta natalina encareceu, seguindo o caminho dos demais produtos do cotidiano brasileiro, abatidos pela inflação e pelo real que tem se desvalorizado diante do dólar americano. 

"Houve um aumento em diversos produtos, como temos percebido desde antes do Natal, mas principalmente dos produtos importados. Devido a diferença cambial do dólar, as pessoas tendem a comprar produtos que os substituem. Cito o exemplo do bacalhau importado, azeite importado. Tudo que vem de fora encareceu. Outra situação delicada é a do trigo, com muitos impactos, mas principalmente no panetone", conta ele, ao lembrar da alta na iguaria natalina que chega a até 28% na capital paraense em relação ao Natal de 2020, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Frutas cristalizadas

Mas o panetone não foi o único item natalino com aumento expressivo identificado pelas pesquisas do Dieese na Grande Belém. O quilo da ameixa seca disparou 59,37%, seguido pelo aumento das amêndoas (40,45%) e da maçã verde (32,55%). Já as as nozes com casca tiveram um reajuste de 11,24% e as passas escuras de 2,42%. Os dados se referem aos últimos 12 meses.

Nesta nova configuração socioeconômica, Portugal afirma que nota todos os supermercadistas buscando se adaptar ao momento que os consumidores vivem, para oferecerem mais opções e garantir que a ceia de Natal caiba no bolso de todos. "O bacalhau não sai mas aí o pessoal já correu para o frango, para o peru, mas eles também tiveram aumentos no preços. Mas a procura é maior. Temos aumentado com os fornecedores a quantidade de produtos com preços mais acessíveis. No ano passado, em relação a 2019, o patamar foi parecido, sem queda mas sem aumento, mas no ano passado tinha o auxílio emergencial, que ajudou. Vamos ver como ficará agora", diz.

Wesley Silva é diretor regional de uma rede atacadista que atua em Belém e torcem para que os impactos da pandemia sejam superados com um avanço consistente da vacinação.

"Em meio ao atual cenário, o nosso formato vem apresentando resiliência. Com isso, neste fim de ano esperamos que cada vez mais belenenses possam contar com nossas lojas para comprarem alimentos com economia e a segurança necessária para esse momento de consumo", diz ele, que afirma que o modelo de negócio dos atacados consegue oferecer preços que chegam a ser até 15% menores neste Natal. 

Natal diferente

A jornalista e designer Ingrid Bico começou um negócio próprio ao lado da mãe durante a pandemia: produz e vende bolachas decoradas e personalizadas. Ela acredita que a empreitada tem tornado o Natal de 2021 diferente, pois agora ela não prepara só o Natal dela mesma e da família, algo que sempre gostou de fazer.

"Era algo muito íntimo e que agora chega em famílias que a gente nem conhece. Tem sido muito gostoso", afirma ela, que é anfitriã das ceia, que é organizada meses antes. Ingrid contou para reportagem que todo o processo de Natal inicia na casa dela em setembro. "Minha dica é sempre tentar aproveitar ao máximo ideias simples. Por exemplo, eu amo tábua de frios. E às vezes é muito caro encomendar uma tábua para oito, dez pessoas. Então é legal combinar com quem vai participar de um levar o queijo tal, o presunto tal. Ou então fazer uma comida simples do dia a dia, como uma farofa, e colocar numa vasilha bonita. Tentar fazer uma apresentação mais bonita dos pratos. Trocar, substituir as coisas. O Peru é uma tradicão, mas pode ser substituído por um peixe", conta.

Maurício Freitas costuma receber os pais em casa no dia 24, que se somam ao filho e a esposa na celebração. Ele conta que a decoração da casa vai ficar um pouco a desejar por causa dos preços das comidas de Natal.

"Combinei com a minha mulher de usar tudo do ano passado mesmo e não comprar nada nem pra árvore, nem pra porta. A questão é que está tudo caro. Mas não vamos abrir mão de comer bem, ter o Peru de sempre, as rabanadas. É só uma vez no ano. A gente tira um pouco dali para tapar o buraco daqui", conta. 

No Brasil

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) atestou que, entre os itens da ceia natalina, a maior alta foi no frango inteiro, com 27,34% nas maiores capitais brasileiras. O aumento no preços dos ovos ficou em segundo lugar, com 20,05%. Em terceiro ficaram as carnes bovinas, com 18,68%.

Outro itens também pesaram na inflação da cesta de Natal, como o azeite (13,69%), pães de outros tipos (11,12%), bacalhau (7,98%), vinhos (7,77%), lombo suíno (6,48%) e pernil suíno (3,44%), segundo os dados apurados pela estudo. O único dos dez produtos da lista elaborada pela FGV que registrou queda em 12 meses foi o arroz : -4,45%.

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