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Mal da vaca louca: Pará deve ter redução de 50% nos abates se autoembargo permanecer

Entidades confirmam que consumo da carne, mesmo com o diagnóstico da doença, é seguro. Expectativa é que situação seja normalizada em 10 dias

Camila Azevedo

Com a confirmação do mal da vaca louca no Pará, o Sindicato das Carnes e Derivados (Sindicarne) e a Aliança Paraense pela Carne estão prevendo uma redução de abate em 50% se o autoembargo estabelecido nas exportações à China permanecer. A informação foi repassada pelas entidades durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (23), na sede da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa). A suspeita é que o caso, identificado em uma propriedade rural de Marabá, sudeste do estado, e confirmado nesta quarta-feira (22) pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), seja atípico, mas a certeza só virá após resultados de exames laboratoriais especializados feitos no Canadá.

O autoembargo foi uma medida adotada como zelo pelo Pará frente a questão, respeitando os protocolos sanitários adotados. A princípio, a dúvida era de que o animal doente, que tinha 9 anos, estivesse com raiva, botulismo, ou alguma outra situação relacionada à questão neurológica. O fiscal enviado pela Adepará coletou as análises no local e enviou para um laboratório, atestando para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como mal da vaca louca. Porém, os indícios afirmam se tratar de uma forma espontânea surgida na natureza, sem risco evidente para outros animais ou à saúde humana. Com o resultado, as 160 cabeças que fazem parte do rebanho na propriedade rural foram isoladas. 

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Expectativa é que situação seja resolvida em 10 dias

Daniel Freire, presidente do Sindicato das Carnes e Derivados do Pará (Sindicarne), explicou que a suspensão das exportações para a China foi uma medida adotada até que a contra-prova chegue, ou seja, até que o resultado do exame feito no Canadá comprove se tratar de um caso atípico da doença. O prazo é de 10 dias. “O Pará tem uma vantagem, a defesa agropecuária do estado detectou esse animal da porteira para dentro, ou seja, foi muito eficiente ao detectar o animal com uma pretensa doença, com risco de doença. Isso não traz nenhum problema ao consumo de carne bovina. Mesmo que seja confirmada a moléstia, o animal foi isolado na propriedade, os outros animais estão bem”.

Atualmente, o estado do Pará possui 26 milhões de cabeças de gado, sendo o segundo maior rebanho do Brasil. Desse total, 75% é destinado à China e cerca de 25% são para consumo no país. “Nós, logicamente, fomos impactados, porque pela responsabilidade que o Pará teve, ele se auto embargou. A gente produz um excedente de carne, então, se a gente se auto embarga a exportação, imediatamente a gente tem que adequar a oferta de carne à nova demanda, porque não vamos ter essa demanda chinesa até que se clareie o caso. Os abates foram paralisados momentaneamente em grande parte das indústrias, esperando o resultado do Canadá e a diplomacia do Ministério da Agricultura, junto com a Adepará”, avaliou.

Risco à saúde humana é zero, diz Aliança Paraense pela Carne

A decisão de suspender as exportações à China é devido ao zelo que o estado tem com seu maior comprador de carne. A afirmação foi feita pelo presidente da Aliança Paraense pela Carne, Francisco Victer, que disse, ainda, que não há nenhum risco à saúde humana e nem transmissão da doença para outros animais. Isso porque o gado analisado não consumiu ração, pressuposto para a forma grave da EEB. “Porém, em decorrência dessa forma atípica, considerada inofensiva, que é uma forma natural, por zelo cautela com o mercado chinês, se suspendeu as exportações. Eles não conhecem a nossa realidade. Mas não significa que ofereça risco. Então, a população pode ficar tranquila, pode continuar comendo carne que tem zero risco em relação a saúde humana”, ressaltou.

Resultado de mal da vaca louca não tem relação com cobertura vacinal nos animais

Victer pontuou que o diagnóstico para o mal da vaca louca não tem relação com a cobertura vacinal dos animais do Pará. “O estado conduz uma técnica de combate à febre aftosa na imunização de animais. Isso vem acontecendo normalmente e a cobertura vacinal chega a mais de 97%. Isso é muito bem sucedido. A vacinação está cumprindo o seu papel e nós estudamos, inclusive, a possibilidade de retirar a vacinação, porque já há uma imunidade natural, um sistema de defesa competente e capaz de impedir a entrada de qualquer ameaça”, completou.

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