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Mais de 60% dos paraenses fecharam o ano com dívidas

Cartão de crédito é responsável por quase 80% dos endividamentos

Abílio Dantas
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Seis a cada dez paraenses com renda fecharam o ano passado com dívidas, já que 62% da população economicamente ativa encerrou o período de 12 endividada, representando a maioria tanto entre as famílias que ganham até dez salários mínimos (61,5%) quanto entre as que ganham mais que essa faixa (66,3%). Os meses com as maiores porcentagens de endividamento foram maio e junho, com 73,7% cada, seguidos por julho e agosto, com 72,4% e 70,6%, respectivamente. A quantidade daqueles que encerram o ano com dívidas e não conseguirão pagar é de 13,2%. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor no Pará (PEIC Pará), divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Pará (Fecomércio-PA).

As pessoas com dívidas ou contas em atraso, as inadimplentes, somaram 29,8% da população economicamente ativa em dezembro. Maio foi o mês em que esse número foi maior, alcançando 35%. Em comparação com os três meses que antecedem dezembro, a inadimplência caiu, já que a pesquisa aponta as marcas de 32,8%, 31,4% e 30,3%, em setembro, outubro e novembro. O tempo médio com pagamento em atraso para os endividados em dezembro deve ser de 63,6 dias, também de acordo com o levantamento, o que significa que os paraenses estão acumulando dívidas de até três meses após o gasto.

O cartão de crédito figura disparado na pesquisa como a maior ferramenta de endividamento no Pará, pois 77,3% dos endividados acumularam débitos por esse meio, entre os que ganham até dez salários mínimos (77,5%) e os que ganham mais (75,4%). Em segundo lugar entre as formas de contrair dívida, estão os carnês (16,2%), que tiveram maior uso pelas classes médias e baixas (16,2%), em contraste com as mais beneficiadas (1,8%). O financiamento de carros, por sua vez, ficou em terceiro lugar, com 10,4%. Nesse caso, entre os mais ricos, com mais de dez salários, a utilização do crédito foi maior (15,8%) em comparação com os indivíduos de menor renda (9,8%).

Alta

A taxa de endividamento entre os paraense representa uma alta em relação aos anos anteriores, o que está diretamente ligado aos efeitos econômicos da pandemia, de acordo com o economista Mário Tito, professor da Universidade da Amazônia (Unama) e mestre em Economia. Segundo ele, a crise sanitária e financeira fez com que o endividamento tenha “se imposto de maneira mais acentuada”, mas também analisa que o estrago poderia ter sido maior sem as medidas tomadas pelo Congresso e o governo federal. “Sem o auxílio emergencial, sem dúvida, nós veríamos um número de endividados muito maior. Deu uma amortizada no que poderia ser. Mas agora, com o fim dos auxílios, o endividamento pode aumentar ainda mais, já que o poder de compra da população vai diminuir. A única saída é o Congresso aprovar um prolongamento dos auxílios”, afirma.

Para Tito, a expectativa pela vacina ainda não pode ser encarada como um sinal de que a economia deve melhorar em breve. “No Brasil, diferente de outros países, não temos um plano de vacinação estabelecido. O horizonte ainda é muito incerto. E, por outro lado, nos lugares em que houve planejamento, a melhora econômica é esperada para, pelo menos, daqui a seis meses. Logo, não será algo imediato”, demarca.

A melhor forma de evitar permanecer endividado, aconselha Mário Tito, é deixar de utilizar o cartão de crédito e priorizar os gastos essenciais. “É necessário escolher os produtos de primeira necessidade, mas não apenas, devemos comparar sempre os preços, buscar os mais baratos. Algumas mudanças, como troca de fogão, por exemplo, devem deixar para ser feitas quando a situação estiver melhor”.

Lições

Em um supermercado no bairro do Marco, em Belém, a bancária Edilene Souza, de 60 anos, não esquece as lições aprendidas no banco mesmo na hora de fazer as compras. “É preciso sempre manter o controle”, atenta. Para ela, um dos maiores motivos para endividamento no Pará está na intenção de um membro da família em ajudar os outros. “Eu observo no meu trabalho que, na maioria das vezes, apenas uma pessoa da família possui e renda e, por isso, os outros utilizam a capacidade de crédito, trazendo o descontrole das dívidas”, reflete.

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Economia
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