Setor de serviços segue em alta e salões de beleza se destacam no ramo
Estúdios de beleza ganham cada vez mais espaço em Belém, superando desafios e trazendo renda para empreendedores

O setor de serviços manteve a trajetória de crescimento e, em maio de 2025, voltou a alcançar o ponto mais alto da série histórica iniciada em 2011. A alta de 0,1% em relação a abril marca um grande avanço, com resultado 3,6% superior ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em meio a esse movimento, um dos segmentos que mais têm se destacado é o da beleza. Em 2024, mais de 170 mil pequenos negócios ligados a cabeleireiros, manicures, pedicures, estética e lojas de cosméticos foram abertos no Brasil, conforme um levantamento feito pelo Sebrae e divulgado em setembro do ano passado. Isso representa uma média de quase 30 novos estabelecimentos por hora entre microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPPs).
Com esse ritmo, no mesmo ano, o país se consolidou como um dos maiores mercados no setor da beleza, alcançando o 4° lugar no ranking mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão.
Salão cheio e autoestima em alta
Para Karla Trindade, administradora e empresária do ramo em Belém, o movimento crescente é notável. Ela atua há 11 anos no setor e hoje comanda uma equipe de nove pessoas. “A procura pelos serviços aumentou muito. Acredito que seja pela valorização do autocuidado. Hoje, a mulher quer se sentir bem consigo mesma e aproveitar o salão também como um espaço de acolhimento com amigas e familiares”, afirma.
O serviço mais procurado em seu espaço é o realinhamento capilar, com preços que variam dependendo do tipo de cabelo de cada cliente. O salão também oferece corte, maquiagem, manicure, massagem corporal, limpeza de pele e outros serviços da área.
A empresária reconhece que, com o aumento de prestadores do serviço, a concorrência também ficou mais acirrada. “A concorrência cresceu bastante, principalmente porque a beleza traz mais oportunidades para mulheres empreenderem. A grande dificuldade hoje em dia é encontrar mão de obra qualificada, que ainda é escassa no setor”, destaca Karla.
Para enfrentar esse desafio, ela oferece cursos profissionalizantes. Repetindo a trajetória que viveu, Karla oferta chance de crescimento para os colegas da área. “Eu comecei minha formação em um centro comunitário. Hoje, organizo capacitações para quem quer entrar nesse mercado. Já fui a São Paulo buscar mais conhecimento e, agora em agosto, vamos abrir mais uma turma de formação”, conta.
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A percepção de crescimento também é compartilhada por Déia Paurá, proprietária de uma barbearia na capital paraense. Ela destaca que, nos últimos tempos, houve um aumento significativo na procura pelos serviços oferecidos em seu espaço, e acredita que os clientes passaram a enxergar mais valor nas experiências de cuidado masculino.
Entre os serviços mais procurados no estabelecimento estão o corte de cabelo e barba, além de sobrancelha, selagem capilar e hidratação. Os preços variam conforme o perfil capilar de cada cliente, mas, em média, o corte custa R$ 50, enquanto cabelo e barba saem por R$ 80. Os tratamentos capilares também são cada vez mais buscados: a hidratação custa R$ 50 e a selagem R$ 200.
Déia vê a concorrência crescente com bons olhos. “Ela faz parte do jogo e é positiva, porque gera melhorias para o cliente final. O que buscamos aqui é nos destacar pela qualidade do serviço, do atendimento e pelo ambiente acolhedor, com muita personalidade”, ressalta.
Apesar do cenário promissor, a empresária também aponta a escassez de mão de obra qualificada como um dos principais desafios. “Manter uma barbearia rentável é um desafio constante, mas o maior entrave é, sem dúvidas, conseguir formar uma equipe realmente qualificada. Profissionais preparados ainda são raros”, explica.
Dicas para empreendedores do ramo, segundo o Sebrae
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) reforça que o setor da beleza é um dos mais promissores, mas exige preparo e atenção às tendências. A analista Maria Consuelo listou sete estratégias fundamentais para crescer no segmento:
1. Atendimento personalizado - Oferecer experiências que respeitem o estilo e a diversidade dos clientes;
2. Sustentabilidade – Utilizar produtos naturais e com responsabilidade social;
3. Presença digital e e-commerce – Estar ativo nas redes e vender online;
4. Inovação – Atualizar processos e criar experiências únicas para os clientes;
5. Inteligência artificial – Usar ferramentas que ajudem no atendimento e recomendação de produtos;
6. Foco no bem-estar – Apostar em serviços voltados ao autocuidado e à identidade individual;
7. Exportação – Pequenos negócios brasileiros já têm potencial para conquistar mercados internacionais.
O setor de serviços é hoje o que mais emprega no Brasil, favorecido por um cenário de desemprego em queda e massa salarial em alta. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em maio ficou em 6,2%, menor índice para o período desde 2012. Essa conjuntura impulsiona o consumo de serviços e cria novas possibilidades de renda e autonomia.
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