Fipa propõe projetos para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da Amazônia

Fiepa anunciou o Pacto Amazônia Sustentável e a Jornada COP+, iniciativas multissetoriais e colaborativas para construir uma agenda de interesses comuns da região

O Liberal

A 16ª edição da Feira da Indústria do Pará (FIPA) chegou ao fim neste sábado (25). Mesmo após a desmontagem dos estandes e o apagar das luzes do Hangar, em Belém (PA), o evento continuará reverberando na Amazônia, no restante do Brasil e no mundo. Durante a programação, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, lançou dois instrumentos colaborativos e multissetoriais: o Pacto Amazônia Sustentável e a Jornada COP+.

O Pacto é fundamentado na defesa da legalidade, proteção ambiental, crescimento econômico e valorização da sociobiodiversidade. “A partir da união de diferentes saberes e grupos sociais, queremos transformar a iniciativa em um instrumento efetivo de governança e mobilização em prol de uma Amazônia protegida e próspera. O pacto também tem a finalidade de posicionar a própria Amazônia como protagonista e criadora de um novo modelo de desenvolvimento. Nós vamos criar uma agenda local, de interesses comuns da região, para contrapor os interesses dos países mais ricos e poluidores, que desejam imobilizar o desenvolvimento da Amazônia”, afirmou o presidente da FIEPA, entidade que promove a FIPA há mais de 30 anos.

image Alex Carvalho, presidente da Fiepa (Pedro Sousa/ Divulgação Fiepa)

É comum a região ser lembrada pelo papel imprescindível no equilíbrio ambiental do planeta. No entanto, segundo Carvalho, o mundo parece esquecer que a Amazônia Legal tem cerca de 28 milhões de habitantes que precisam de logística, energia e infraestrutura para prosperar. “São pessoas que, além de terem necessidades e direito a uma vida mais digna e desenvolvida socialmente, possuem o conhecimento indispensável para encontrar a fórmula deste desenvolvimento sustentável. E, mesmo vivendo em uma região tão rica em recursos naturais, concentramos oito dos dez piores IDHs do país e temos aproximadamente 25% da população vivendo em situação de pobreza ou extrema pobreza. São contradições inaceitáveis”, enfatizou.

Jornada COP+

A Jornada COP+ é realizada em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com trajetória inicial de um ano e meio, a programação culminará na COP 30, em novembro de 2025. Antes, também passará pela edição 29 do evento, que ocorrerá em novembro deste ano, no Azerbaijão.

A iniciativa, que já entrou na programação e no Congresso Técnico da FIPA, nasce com o objetivo de promover debates qualificados sobre assuntos fundamentais nessa nova agenda socioeconômica e ambiental: transição energética, descarbonização da indústria, bioeconomia, transformação digital, reforma tributária e infraestrutura. Para isso, serão realizados fóruns, webinars, workshops, bootcamps e o Summit Amazônia Industrial.

Trabalho colaborativo

Carvalho reforça que as duas iniciativas são colaborativas. A Jornada, com foco nos diversos segmentos industriais, foi pensada para colaborar no crescimento sustentável do setor e promover estratégias para quem quer continuar no mercado pelos próximos 30 anos.

Já o Pacto Amazônia Sustentável deve contar com a participação do poder público, entidades empresariais e de trabalhadores, organismos internacionais, empresas, pesquisadores de várias áreas do saber, o terceiro setor e a própria sociedade civil. A Federação das Indústrias, além de integrar o debate, quer ser uma mobilizadora das ações.

“Esse movimento foi lançado pela FIEPA, mas não pertence à FIEPA, é de todos os amazônidas e dos demais brasileiros. É de todos aqueles que acreditam que precisamos ser ouvidos e ter espaço às mesas que discutem o futuro do planeta. Por isso, é necessário encontrar as prioridades que atendam aos interesses comuns do nosso desenvolvimento. Só desta forma o mundo entenderá que a Amazônia não pode viver mais um ciclo pautado em imposições externas”, garantiu Carvalho.

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image COP 30 é destaque no terceiro dia de programação da XVI Feira da Indústria do Pará
Hana Ghassan, vice-governadora do Pará, é uma das presenças confirmadas no painel “A COP 30 é Nossa!”, dentro do Congresso Técnico da FIPA.

O presidente da FIEPA afirma, ainda, que o Brasil já desponta como um exemplo internacional em sustentabilidade. “Em termos de emissão de gases de efeito estufa, o nosso país está muito longe das nações desenvolvidas, sendo responsável por algo em torno de 2,4% das emissões globais. Ou seja, doze vezes menos que a China e quase cinco vezes menos que os Estados Unidos. Mas, logicamente, estamos em busca de resultados ainda melhores”, declarou Alex Carvalho.

Para o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento Econômico, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o Pacto Amazônia Sustentável e a Jornada COP+ estão em consonância com as políticas industriais e ambientais do Governo Federal. “O Brasil é o grande protagonista da sustentabilidade. Temos a energia mais limpa do mundo, a energia mais renovável. O nosso diesel tem ‘bio’, nossa gasolina tem 7,5% de etanol anidro e vamos produzir hidrogênio verde. O Pará e a região Norte têm tudo para poder desenvolver hidrogênio verde, um mercado regulado de carbono”, afirmou.

O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, destacou que Belém é a “capital do futuro”, parabenizou a iniciativa da FIEPA e declarou apoio aos projetos. “O respeito às populações tradicionais e à natureza é a nova economia. Não há nada mais vergonhoso, indecente e imoral do que nós retirarmos a possibilidade das gerações futuras, nossos filhos e netos, de conhecerem a natureza que nós temos hoje. Portanto, a nova indústria tem que promover a reconciliação da humanidade com a natureza. Tenho certeza de que daqui sairá a resposta que o mundo precisa.”

Líder da indústria na Amazônia enfrenta desafios

Responsável por 46,37% da produção industrial da Amazônia, o Pará vive um momento privilegiado neste setor, sendo a unidade da federação com maior participação da indústria em seu Produto Interno Bruto (PIB), com a geração e manutenção de cerca de 200 mil empregos diretos no Estado. E esses números poderiam ser ainda maiores caso o potencial industrial fosse plenamente utilizado.

Apesar da participação expressiva, 70% da indústria paraense ainda é extrativista. A verticalização, tão esperada tanto pelo setor produtivo quanto pelo Governo do Estado, ainda não é realidade. A Nova Indústria Brasil, política de reindustrialização lançada este ano pelo Governo Federal e recebida com entusiasmo pelo setor, pode ser o ponto de partida para a tão esperada mudança.

Nesse contexto, os grandes projetos e indústrias presentes na região podem e devem ser indutores de novos negócios, apoiando as pequenas empresas e investindo em soluções baseadas na natureza. “O elo entre a agenda ambiental e a econômica deve estar ancorado no social. Não teremos desenvolvimento sustentável enquanto a população da Amazônia não tiver dignidade para viver”, finalizou o presidente Alex Carvalho.

Sustentabilidade

Em consonância com a proposta sustentável do evento, a FIPA compensou 49 toneladas de CO2 equivalente (CO2e), que é a medida utilizada para comparar as emissões de vários gases de efeito estufa (GEE), e recebeu o Selo Evento Neutro. Com a mesma proposta, em parceria com a Equatorial Pará, o evento contou com pontos de coleta de materiais recicláveis. Além disso, recebeu da Norte Energia certificados de energia renovável I-REC (International Renewable Energy Certificate), emitidos pelo Instituto Totum, reconhecidos internacionalmente, e que comprovam que a energia utilizada no evento é de origem limpa e renovável, como a hídrica.

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