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Exportações do Pará para a Argentina já caíram 93% em 2022

Em crise, a Argentina tem buscado fortalecer a economia com uma política de impulso da produção local, com menos espaço para produtos estrangeiros

Eduardo Laviano e Eduardo Rocha
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Apesar da atual crise na Argentina, com inflação acima de 55% e quase 40% da população vivendo na linha da pobreza, o país sul-americano segue sendo um parceiro comercial estratégico para o Pará, especialmente quando o tema é transformação de produtos alimentícios. Os principais produtos paraenses exportados para a Argentina são a pimenta, os sucos de frutas, madeiras, farinhas e sêmolas, além de artigos de madeira para material de cozinha e outros móveis de madeira. Atualmente, a Argentina tem buscado fortalecer a economia com uma política de impulso da produção local, com menos espaço para produtos estrangeiros.

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De janeiro a abril de 2022, o Pará exportou para a Argentina US$ 1.358.666 milhão, 92,96% a menos em comparação com o mesmo período de 2021, quando exportou US$ 19.295.844 milhões. A queda também se deu nas importações: de janeiro a abril de 2022, o Pará importou US$ 16.842.886 milhões da Argentina, com variação negativa de -37,82% em comparação com o ano de 2021, quando importou US$ 27.088.293 milhões. O trigo responde por 89% das importações do Pará que vem da Argentina, e ainda assim houve uma queda de 41,62% no primeiro quadrimestre de 2022 em relação a 2022. 

"Isso chama a nossa atenção porque esse resultado pode impactar outros produtos derivados do trigo. Outro produto bastante importado é o malte não torrado, usado na transformação de bebidas, principalmente, que chegou a um valor importado de US$ 1.725 milhão, com um aumento de 57,44% em comparação com o mesmo período do ano passado", conta Cassandra Lobato, coordenadora do Centro Internacional de Negócios do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Pará. Para ela, a queda em 2022 é muito expressiva.

"Essa queda se concentra principalmente pela ausência de produtos registrados anteriormente na balança comercial e que são relevantes, como a alumina calcinada e o minério de ferro, que foram responsáveis nesse período por uma venda de mais US$ 18 milhões em valor exportado. Observamos que isso pode ter sido resultado de um contrato pontual de venda para a Argentina. O bloco econômico Mercosul não chega nem a 1% de toda a exportação paraense, ou seja, é um bloco que pouco confere vantagens comerciais ao estado do Pará e, principalmente, aos demais estados da Amazônia", afirma. 

Segundo o diretor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, Guilherme Minssen, as relações comerciais com a Argentina sempre devem ser tratadas como prioridade, pois o país é o principal parceiro do Brasil na América Latina. "É um país muito importante para nós porque sempre foi importador, principalmente dos produtos brancos e nós sempre trouxemos dele o trigo, já que o trigo argentino é fundamental para o agronegócio brasileiro. Com a crise, o mercado foi muito abalado", afirma.

Ele conta que quase todos os pães e derivados consumidos pelos paraenses são feitos com trigo argentino e, quando não, com trigo canadense. "E quando vem do Canadá fica bem mais caro para nós. A Argentina diminuiu as exportações para todos os países com barreiras econômicas internas proibindo principalmente a saída de carne e soja, com o intuito de abaixar o preço interno. Sabemos que isso não funciona, é um artificialismo. A Argentina infelizmente vai passar, nos próximos anos, por um período bastante difícil. Já está passando agora", lamenta.

Nacionalmente, a Argentina é o 3º maior parceiro comercial do Brasil, responsável por 4,24% da balança comercial, atrás somente da China (31,28%) e dos Estados Unidos (11,09%). Desde 2020, o Brasil não é mais o principal parceiro comercial da Argentina, perdendo o posto para a China. Foi neste ano que a balança comercial entre o Brasil e Argentina teve um superávit de US $591,6 milhões, logo, o Brasil importou mais da Argentina.

Por outro lado, em 2021, até o mês de novembro, o Brasil teve um valor de negociações no comércio exterior de US$454.9 milhões. Dessa forma, foi gerado um total de exportações de US $256.028,3 milhões e importações de US $198.968,5 milhões. Ademais, houve um superávit de US$57.059,8 milhões. O produto mais exportado no ano de 2021 foi o Minério de Ferro, enquanto que o produto mais importado foi Adubos ou Fertilizantes Químicos .

Panificação

Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Pará (Sindipan), André Carvalho, o estado enfrenta um momento muito delicado neste setor produtivo no que se refere ao nosso principal insumo da panificação, que é o trigo. "A Ucrânia, um dos principais exportadores mundiais de trigo, vem sofrendo com a guerra e está impossibilitada de escoar sua produção, fazendo com que países que importam seu trigo busquem outros mercados e um desses mercados é a Argentina. O trigo consumido no Brasil vem em sua maioria da Argentina, e com o aumento da procura, os preços aumentaram afetando o nosso mercado", destaca.

André Carvalho observa que o trigo vem tendo o seu preço constantemente elevado. Nos últimos dois meses, segundo ele, o aumento acumulado chegou a 45%". Ele esclarece que o Sindicato da Panificação não interfere sobre reajuste do preço dos produtos de panificação, por entender que cada panificadora possui um custo fixo de acordo com a sua estrutura, mas orienta os panificadores ficarem atentos quanto à precificacão, "pois é necessário um controle e acompanhamento constante dos seus custos para evitar prejuízos", como salienta o presidente da entidade.

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