Do campo à cidade: inovações paraenses fortalecem economia com tecnologia e sustentabilidade
Iniciativas ampliam postos de trabalho e ampliam geração de renda no estado
Ideias inovadoras têm utilizado matéria-prima e recursos locais para impulsionar a economia do estado, com novos produtos e tecnologias que auxiliam a cadeia produtiva. Seja na agropecuária, por meio do aprimoramento das pastagens, ou na geração de produtos que incentivem novos mercados, essas iniciativas ajudam a baratear custos em atividades econômicas, melhoram a qualidade e até os preços do produto para o consumidor final.
Uma dessas tecnologias desenvolvidas no estado é a estação sustentável de carregamento para veículos elétricos, que atende à demanda por opções menos poluentes, sendo pioneira no ramo.
O equipamento é produzido com biocompósito, um material renovável e biodegradável, feito a partir de fibras naturais, como a juta e a resina vegetal. Além da construção com materiais sustentáveis, a estação também se alimenta de energia solar, alinhando a necessidade de consumo a um padrão mais ecológico, o que atende tanto aos consumidores quanto ao mercado automobilístico. O diretor comercial do projeto, Sandro Leite, explica que a ideia surgiu para atender à demanda por veículos elétricos na capital paraense e no interior do estado, mas que extrapola as fronteiras estaduais.
Por corresponder a uma necessidade de diferentes atores da cadeia produtiva, a iniciativa apresenta potencial para impulsionar a economia local em diversas áreas. Mesmo com uma produção de estações ainda baixa, devido ao projeto estar em fase inicial, o diretor explica que cada unidade demanda mão de obra e esforços externos.
“A gente precisa de pessoas para fabricar as peças, então a gente vai gerar emprego conforme a escala disso cresça para a fabricação e para serviços como o de instalação, porque uma pessoa comum não vai conseguir pegar uma estação e montar por conta própria. É preciso de uma pessoa para fazer esse serviço”, explica Leite.
Existem modelos de estação de carregamento mais simples, pensados para atender à demanda do público que deseja recarregar seus automóveis em suas próprias residências. No entanto, mesmo esses formatos também desencadeiam a necessidade de outros setores no processo de instalação, gerando, além do lucro direto na venda, a movimentação de capital por meio dos serviços. Os mercados indiretos incluem os ramos da eletrificação, engenharia, indústria, entre outros, como enfatiza o diretor comercial.
Fora dos centros urbanos e do ambiente tecnológico das máquinas elétricas, há também tecnologias sendo aplicadas nos campos, auxiliando a agropecuária paraense a desenvolver mais qualidade e lucro. No Pará, esse segmento fechou o último ano com US$ 136,6 milhões, ou R$ 728.842.960 na cotação atual, apenas com a exportação de carne bovina, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O pesquisador Moacyr Filho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), destaca a técnica de manejo de pastagem como exemplo de tecnologia que pode auxiliar o setor.
A pastagem é um dos insumos que sustentam a agropecuária, por servir de alimentação ao gado criado para abate. Segundo o pesquisador, a aplicação de tecnologias, da instalação à manutenção do pasto, pode aumentar a receita dos produtores, economizar gastos e ainda auxiliar na preservação, sem a necessidade de mais desmatamento no processo.
“A valoração desses avanços em produtividade da pecuária não se resume apenas ao aumento da produção de carne do estado, mas também a outros ganhos, não diretamente mensurados. Por exemplo: a manutenção de pastagens produtivas custa em torno de quatro vezes menos do que a recuperação de pastagens degradadas”, explica Moacyr.
As pesquisas apontam que, a cada R$ 1 investido na pastagem empresarial, o produtor pode obter de retorno R$ 4. Enquanto na pastagem tradicional, o retorno é de apenas R$ 1,30, mas somente nos anos iniciais, pois o valor tende a decair até virar prejuízo.
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Outro ganho mencionado por Filho, entre os que não são diretamente valorados na economia paraense, diz respeito aos serviços ambientais gerados por pastagens produtivas. Ele detalha que, em comparação às pastagens improdutivas, as que recebem as tecnologias possuem maior capacidade de sequestro de carbono atmosférico, diminuição da erosão do solo e maior produção de alimento, como carne e leite, ou seja, maior segurança alimentar.
“A Embrapa vem, ao longo das últimas décadas, gerando tecnologias e difundindo essas tecnologias para produtores rurais. Isso tem, direta e indiretamente, gerado ganhos econômicos, sociais e ambientais para o estado do Pará”, conclui o pesquisador.
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