Dá para montar uma academia em casa? Veja as dicas de quem investiu em um espaço para treino

Em tempos em que conciliar rotina e saúde tem sido um desafio crescente, montar uma academia em casa deixou de ser um luxo para se tornar uma alternativa prática e relativamente acessível. Para quem deseja treinar no próprio ritmo, sem depender de horários, deslocamentos ou da superlotação das academias, a estrutura doméstica de treino pode ser a solução ideal. Mas é preciso conciliar o orçamento com as necessidades do projeto. A estudante universitária Kamila Rodrigues é um exemplo de quem apostou nesse caminho.

A decisão de Kamila surgiu em um contexto delicado. Era pandemia, os exames dela tiveram alterações preocupantes e aí surgiu uma necessidade de cuidar melhor da saúde. Sem poder frequentar uma academia convencional, ela começou com o que tinha à disposição: o próprio corpo e muita criatividade. "Eu comecei a me exercitar em 2020. Na época, era período de pandemia, e eu só tinha o peso do meu corpo. Fui improvisando com garrafas, materiais simples, até começar a adquirir equipamentos voltados para treino", conta.

Diferentemente de quem tenta montar toda a estrutura de uma vez só, e muitas vezes desiste por conta dos custos, Kamila seguiu aos poucos, respeitando seu próprio orçamento financeiro. Parte do salário era separada para a compra de um equipamento ou outro, priorizando o que faria mais sentido naquele momento da evolução do treino. "Fui comprando aos poucos, sempre encaixando no meu orçamento. Alguns itens eu comprava à vista, outros maiores e mais caros eu parcelava. Mas nunca me enrolei por conta disso", relata.

Hoje, ela possui uma estrutura completa, que inclui halteres, anilhas de diferentes pesos, barras, suporte para agachamento, cadeira extensora que também funciona como mesa flexora, leg press, monocross (tipo de polia), cordas, tornozeleiras com strap para carga maior e até bicicleta ergométrica. Ela ainda improvisa supino com o step e suporte de agachamento, e tem planos de adquirir uma esteira e um banco de supino reclinável no futuro.

Benefícios de ter o próprio espaço de treino

Para Kamila, os maiores ganhos de ter uma academia em casa não estão apenas na economia financeira com mensalidades, mas no tempo e na autonomia. "Treino na hora que eu quero, no dia que eu quero. Não dependo de horário de funcionamento. Já treinei em academia e gostei, mas a lotação me desanimou. Então, preferi voltar para casa e investir no meu próprio espaço", diz.

Ela também destaca a liberdade de adaptar os treinos ao próprio estilo e necessidades, além da possibilidade de evitar deslocamentos e manter a rotina mais organizada.

Improvisar é o primeiro passo

Para quem deseja começar, Kamila recomenda criatividade e paciência. "As minhas primeiras compras foram simples. Um step, que é barato e serve para várias coisas. Também usei caneleiras, que são mais acessíveis que halteres, e improvisava muito com garrafas PET, de água sanitária... Qualquer coisa que desse para treinar. Hoje em dia, ainda gosto de construir meus próprios halteres com cimento", comenta. Ela defende que tudo parte da força de vontade. "Dá para treinar muito bem com peso corporal também. Calistenia, por exemplo, é excelente", completa.

A média de investimentos desembolsados pela estudante varia de R$ 28 a quase R$ 2 mil, o que depende do equipamento e da sua complexidade. Equipamentos maiores costumam custar mais. No total, ela desembolsou uma quantia de aproximadamente R$ 4.726,34, somando o valor dos oito principais equipamentos que adquiriu ao longo de seis anos, sem considerar os valores de frete para cada um deles. Apesar do valor parecer alto, ela reforça que a escolha de trocar a mensalidade da academia pela pagamento dos equipamentos compensa a longo prazo e destaca que também começou devagar, comprando aos poucos.

Nova modalidade, novo negócio

De acordo com Leandro Santos, proprietário de uma loja de equipamentos fitness em Belém, a procura por itens de treino para uso próprio cresceu significativamente nos últimos anos. Ele explica que é possível começar com um investimento baixo, dependendo da necessidade e do foco do treino.

"Com R$ 500 reais, a pessoa já consegue adquirir um halter, corda, um colchonete ou talvez até uma barra simples. Com cerca de R$ 2 mil a R$ 3 mil, já dá para montar uma boa estrutura, com banco de supino, anilhas e suporte de agachamento", explica.

Os materiais principais para quem deseja começar nessa nova modalidade incluem: colchonete, ⁠pesos livres (Kettebbels, barras, anilhas e halteres), ⁠banco regulável, rodinha abdominal e ⁠bike. No entanto, ele esclarece que essa lista pode aumentar conforme a necessidade de cada treino, considerando esta lista para treinos mais leves e iniciantes.

"O ideal é começar com o básico e ir evoluindo conforme o condicionamento e a necessidade. Um step, por exemplo, é extremamente versátil e barato. Depois, vale pensar em barras e suportes mais robustos", recomenda.

Embora os preços online possam parecer mais atrativos em alguns casos, Leandro alerta para os riscos. "Na loja física, o cliente pode testar, sentir a pegada do material, tirar dúvidas na hora, ver o espaço que vai ocupar. Além disso, tem o suporte imediato caso algum item venha com defeito. Já tive muitos casos de pessoas que compraram online e se frustraram", afirma.

Ele também destaca que as lojas especializadas costumam oferecer condições de pagamento facilitadas, como parcelamento sem juros ou combos promocionais que ajudam a economizar.

Mesmo que a nova modalidade seja mais independente, Santos também enfatiza que a presença do personal trainer ainda é essencial no processo. Isso garante a segurança do treino e evita riscos, seja com os equipamentos ou com os movimentos e posições.

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Principais equipamentos:

Colchonete – R$ 28,00

Step – R$ 78,90

Kit tatame (20 unidades) – R$ 97,60

Barra Reta (1,20m) – R$ 202,94

Halteres Barra (35cm) – R$ 220,50

Halteres para Musculação – R$ 399,90

Monocross Anilhado – R$ 1.699,50

Extensora e Flexora – R$ 1.999,00

Total= R$ 4.726,34

Fonte: média de valores em plataformas de compras