Crea-PA orienta sobre riscos na instalação de recarga de carros elétricos
Conselho orienta que estações de recargas sejam instaladas com equipamentos adequados e após avaliação técnica por profissional habilitado

Silenciosos, econômicos e com menor impacto ambiental, os carros elétricos têm se tornado cada vez mais presentes nas ruas brasileiras. A aquisição desses veículos vem crescendo em todo o país, principalmente pelas vantagens que oferecem em relação aos modelos tradicionais movidos a gasolina — como menor custo de manutenção, eficiência energética e zero emissão de poluentes. No entanto, especialistas alertam que, para usufruir desses benefícios com segurança, é preciso atenção redobrada com a estrutura elétrica do local onde a recarga será feita.
Segundo o vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Pará (CREA-PA), Everton Ruggeri, um dos principais pontos de atenção está na infraestrutura elétrica das edificações. “Quando você adquire um veículo elétrico e precisa fazer a recarga desse veículo dentro do seu prédio ou da sua casa, é preciso tomar cuidado em relação à adequação das instalações elétricas daquela edificação, especialmente no que tange a demanda de potência que esse veículos requerem dessa instalação elétrica residencial ou comercial”, explica.
De acordo com Ruggeri, grande parte das edificações da cidade de Belém são antigas e não estão preparadas para a alta demanda energética exigida por esses veículos. A ausência de adequações pode trazer sérios riscos à segurança.
“Você tem que ter essa adequação com relação ao cabeamento, aos sistemas de proteção que você precisa condicionar dentro da sua edificação e é por isso que você precisa ter um profissional habilitado para poder estar dimensionando adequadamente e não ter um risco de sobrecarga que pode levar a uma falta, a um curto circuito e naturalmente isso provocar um superaquecimento de condutores e até possível incêndio ou risco elétrico”, afirma Ruggeri.
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A importância do profissional habilitado
O CREA-PA reforça que o acompanhamento técnico é indispensável desde a compra até a instalação das estações de recarga. “Então, nós sempre recomendamos que na aquisição desse veículo elétrico, na instalação deste produto que é estação de recarga, se contrata um profissional habilitado do grupo modalidade de engenharia elétrica, engenheiro eletricista, engenheiro de automação, engenheiro de energia, qualquer um desses profissionais que possam estar garantindo, de acordo com as normas técnicas, a preservação do seu patrimônio”, diz o vice-presidente do Conselho.
Ele alerta que os veículos elétricos são bens de alto valor e que, por isso, é fundamental adotar práticas que evitem acidentes como incêndios, choques elétricos e falhas no aterramento. “Utilizar esses itens para evitar esses riscos como sobrecarga, incêndio por superaquecimento e até mesmo risco de choque elétrico ou problemas no aterramento e no dispositivo de proteção é indicado que se tenha um profissional habilitado.”
Equipamentos certificados e normas técnicas
Outro cuidado importante está relacionado à certificação dos equipamentos usados para o carregamento dos veículos. Ruggeri chama a atenção para a importância de escolher dispositivos homologados. “Ao adquirir o veículo, o proprietário precisa ter alguns cuidados. O primeiro é atender o que o Inmetro, as normas internacionais e normas nacionais determinam para o sistema de proteção embarcado. Então, esse carregador deve ter homologação do Inmetro, caso não tenha uma certificação daquela norma internacional ou da norma nacional, com os conectores mais padrões que existem, CCS2, GBT, que é da China, o tipo 2 de acordo com as NBR 17.019.”
A norma NBR 17.019, citada por Ruggeri, determina diversos aspectos técnicos da estação de recarga, como a posição correta do carregador, o distanciamento entre veículos e os cuidados estruturais da edificação. Em construções mais antigas ou com sinais de desgaste, o risco pode ser ainda maior. “Se for uma edificação que naturalmente já apresenta patologias estruturais já apresenta predisposições com base diversa na sua estrutura como um todo, a gente tem que ter um cuidado por exemplo se aquela NBR 15.200 ela não poderia estar sendo utilizada para análise é de algum tipo de problema que você possa ter na sua edificação.”
Outro ponto crítico é o uso de acessórios não originais ou adaptadores. “Evitar o uso de adaptadores. Usem elementos originais que já vêm de fábrica que são homologados pelo Inmetro”, recomenda.
Instalação e riscos do ambiente
O local onde a estação de recarga é instalada pode influenciar diretamente na ocorrência de acidentes. Ambientes úmidos, mal ventilados ou sujeitos a corrosão exigem cuidados adicionais. “O local onde é instalado a estação de recarga de veículo elétrico possui, sim, influência a algum tipo de sinistro que possa ocorrer. […] Se o equipamento está preso diretamente na parede da sua edificação, a própria norma fala que o concreto vai perder a resistência dele devido a esse superaquecimento".
Segundo Ruggeri, garagens subterrâneas, por exemplo, devem contar com ventilação adequada para evitar o acúmulo de gases e o superaquecimento dos equipamentos. “Você vai estar precisando ter um ambiente que seja bem ventilado, que tenha proteção contra intempéries, que naturalmente tenha quadros de distribuição bem dimensionados conforme a NBR 5410. Então tudo isso é uma análise que o proprietário do veículo deve fazer junto ao seu profissional sobre as condições de instalação.”
Modos de carregamento e uso adequado
Ruggeri também explica que há normas internacionais, como a IEC 61851, que sugerem boas práticas para prolongar a vida útil da bateria dos veículos. Uma delas é evitar a descarga completa. “É recomendável que se evite descarregar totalmente a bateria do veículo. […] Você no seu aparelho móvel, no seu celular, você naturalmente evita com que ele descarregue por completo. E essa é a recomendação que a norma também faz.”
Outro ponto é o horário de recarga. Evitar os picos de consumo pode reduzir o risco de sobrecarga e permitir um carregamento mais eficiente. “Se você for utilizar uma estação de recarga de 5 KW, por exemplo, de potência, naturalmente o seu carregamento vai ser mais lento. É preferível que você faça isso dentro de um horário onde não há uma demanda tão alta na sua residência.”
Infraestrutura adequada e gestão coletiva
Em condomínios, a instalação das estações requer ainda mais planejamento. “Com relação à infraestrutura do espaço onde esse carregador vai ser instalado a gente precisa sim. […] Então se você por exemplo está numa instalação monofásica você precisa fazer uma adaptação de infraestrutura para uma estrutura bifásica ou superior.”
Além disso, é recomendável a implantação de um sistema de gestão para controlar múltiplos carregadores, de forma a garantir segurança e eficiência. “Se for um condomínio, é altamente recomendável que se tenha um sistema de gestão para controlar múltiplos carregadores, com planejamento modular para a exploração futura, já que é um condomínio e a frota veicular elétrica, ela ainda está em expansão.”
O avanço da eletromobilidade representa uma conquista importante para a construção de um futuro mais sustentável. Porém, como destaca Everton Ruggeri, “se a gente está buscando um mundo mais sustentável, a frota de veículos elétricos é uma alternativa. Precisamos ter esses cuidados com a associação à estação de carga de veículos.”
A recomendação do CREA-PA é clara: a recarga de veículos elétricos exige infraestrutura adequada, equipamentos certificados e, acima de tudo, acompanhamento técnico profissional.
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