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Quando é hora de mudar de emprego? Psicóloga aponta sinais e dá dicas

Pressão excessiva, estresse e falta de reconhecimento estão entre os principais motivos para o pedido de demissão, segundo levantamento.

Bianca Virgolino | Especial para O Liberal
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Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os principais motivos que levam uma pessoa a pedir demissão são: a perspectiva de um novo emprego, salário abaixo do esperado, falta de reconhecimento profissional, estresse ou problemas éticos com a cultura da empresa. As informações fazem parte de um levantamento feito pelo MTE com 53.692 trabalhadores que pediram desligamento voluntário entre novembro de 2023 e abril de 2024.

A pesquisa apontou que, entre os que pediram demissão nesse período, 36,5% já tinham outro emprego em vista, 32,5% saíram devido ao salário baixo e 24,7% se sentiam desvalorizados profissionalmente. Outros fatores mencionados foram problemas éticos com a gestão (24,5%), conflitos com chefia imediata (16,2%) e falta de flexibilidade na jornada de trabalho (15,7%). O adoecimento mental por estresse foi apontado por 23% dos entrevistados.

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“Estava me sentindo exausta”

Recém-formada em Administração, Andressa Moraes, de 22 anos, vivenciou essa realidade. Ao ingressar no seu primeiro emprego com carteira assinada, ela buscava adquirir experiência, mas logo se deparou com um cenário oposto ao que imaginava.

“Eu não tinha muitas expectativas, fui mais pela experiência mesmo. Mas a realidade não correspondeu. Era um trabalho muito cansativo, com várias funções acumuladas, mudanças constantes e um ambiente extremamente desorganizado”, relata.

Com o tempo, o esgotamento físico e emocional se tornou difícil de ignorar. A rotina acelerada, sem estrutura, começou a afetar sua saúde mental e motivação.

“Teve um momento em que percebi que a empresa não estava me fazendo bem. Eu estava me sentindo exausta e sobrecarregada o tempo todo. Aquilo virou um alerta”, lembra Andressa.

Antes de tomar a decisão final, ela buscou apoio na família e em amigos. “Conversei com meus pais e também com alguns amigos próximos, que me apoiaram a sair. Foi importante sentir que eu não estava sozinha.”

Hoje, ela segue um novo caminho: “Estou focada em concurso público. Quero estabilidade e um ambiente tranquilo, onde eu me sinta bem para trabalhar e consiga exercer as funções de forma saudável.”

Como saber quando é hora de mudar?

Para a psicóloga Sandra da Silva Vieira, que atua há mais de 13 anos na área, é importante observar sinais emocionais, cognitivos e comportamentais que indicam a necessidade de repensar a trajetória profissional. Entre os principais estão:

  • Desgaste emocional constante
  • Perda de sentido no trabalho
  • Falta de crescimento pessoal
  • Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional
  • Ambiente tóxico
  • Incompatibilidade de valores

“É fundamental diferenciar se o problema está no ambiente externo — como empresa, cargo, cultura organizacional — ou se há questões internas, como crises pessoais, inseguranças ou dificuldades emocionais que também precisam ser trabalhadas”, avalia a psicóloga.

Pensar antes de agir

Mudar de emprego é uma decisão que exige planejamento e não deve ser tomada por impulso. “Muitas decisões impulsivas podem levar a arrependimentos. Processos de orientação profissional e até terapia são aliados importantes nesse momento”, ressalta Sandra.

A especialista recomenda que o profissional avalie fatores objetivos e subjetivos antes de tomar a decisão:

Fatores a considerar:

  • Autoconhecimento: compreender suas motivações, valores e propósito;
  • Análise do ambiente: pesquisar a cultura da nova empresa e seus processos;
  • Aspectos emocionais: perceber se a motivação vem de um desejo estruturado ou da vontade de fugir de um problema;
  • Reserva financeira: ter uma base que permita transições sem desespero;
  • Rede de apoio: contar com familiares e amigos;
  • Impacto na saúde mental: avaliar se a mudança trará melhora no bem-estar;
  • Momento de vida: analisar se é o melhor momento pessoal e profissional para a transição.

Sandra também alerta para riscos comuns:

  • Idealização do novo emprego: achar que qualquer lugar será melhor pode gerar frustração;
  • Sair de um problema para outro: trocar sem analisar o novo ambiente pode ser um erro;
  • Mercado instável: há riscos de não adaptação, demissão ou mudanças repentinas;
  • Culpa ou insegurança: sentimentos que podem afetar a tomada de decisão e o bem-estar.

Planejar a mudança

Buscar um novo emprego enquanto ainda está no atual pode ser uma estratégia segura, desde que feita com discrição. A psicóloga recomenda:

  • Buscar oportunidades fora do horário de trabalho, de forma ética;
  • Ativar o networking, participar de eventos, grupos no LinkedIn e comunidades profissionais;
  • Investir no desenvolvimento pessoal, com cursos e atualização do currículo.

“A decisão de mudar de emprego não é apenas técnica ou financeira, mas profundamente psicológica e subjetiva. Envolve o equilíbrio entre desejo, necessidade, saúde mental e planejamento. Um processo de psicoterapia ou orientação profissional pode ser fundamental para transformar essa fase em crescimento e desenvolvimento”, conclui Sandra.

Trocar de emprego pode ser um passo importante para a realização pessoal e profissional, mas exige preparo. Quem investe tempo em planejamento não só aumenta as chances de acerto, como também fortalece sua confiança diante do novo.


 

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Economia
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