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Ceia de Natal em Belém: preço do bacalhau sobe 23% e puxa alta em 2025

Pesquisa do Dieese aponta reajustes acima da inflação em itens tradicionais. No Ver-o-Peso, consumidor antecipa compras e busca o pirarucu como alternativa regional.

Gabriel da Mota e Fabyo Cruz
fonte

O cheiro de fim de ano já tomou conta dos corredores dos supermercados e das feiras de Belém, trazendo consigo aquela mistura única de ansiedade e esperança que marca dezembro. No entanto, para o paraense que começa a planejar a reunião familiar, a conta na ponta do lápis tem se revelado mais salgada do que o tempero habitual. Uma pesquisa divulgada na última quarta-feira (17) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) confirma o que o bolso já sentia: a ceia de Natal está significativamente mais cara em 2025, com reajustes que chegam a superar os 25% em itens essenciais, muito acima da inflação acumulada de 4,5%.

O grande vilão — ou herói, dependendo da paixão gastronômica — continua sendo o bacalhau. O pescado importado, que reina absoluto nas mesas mais tradicionais, sofreu o impacto direto da valorização do dólar e dos custos logísticos. Segundo o balanço do Dieese, o quilo do tipo Porto está custando, em média, R$ 229,49, uma alta de 23,39% em relação ao ano passado. Já o tipo Saith, opção geralmente mais acessível, saltou para R$ 102,67, encarecendo 24,57%.

No coração comercial de Belém, o Complexo do Ver-o-Peso, a movimentação reflete essa preocupação. Entre as barracas de peixe, o cenário é de negociação intensa. Claudenir Souza, 46, que há 25 anos vive a rotina do mercado, nota que o cliente não quer deixar para a última hora.

"A procura está boa. Graças a Deus, estou vendendo bastante. O consumidor procura com um pouco mais de antecedência, já para tentar pegar um preço mais barato", afirmou o vendedor.

image Claudenir Rodrigues, vendedor (Igor Mota / O Liberal)

Nas feiras, os valores oscilam. Enquanto o Dieese aponta médias de supermercados, no calor das bancas é possível encontrar o bacalhau desfiado na faixa de R$ 85 e o filé do Porto alcançando R$ 230, mantendo a coerência com os dados oficiais de alta.

O consumidor sente o peso no bolso

Quem vai às compras precisa de estratégia. A professora Andrea Cavalcanti, 56, não abre mão da tradição, mas admite que foi preciso se organizar mais cedo. Caminhando entre as bancas, ela confirmou a percepção de alta generalizada.

"Eu senti que, esse ano, realmente deu uma subidinha na questão dos preços desses alimentos. Eu até prefiro comprar fora de época, porque são coisas que a gente pode armazenar, congelar. Então eu já procuro ir me adiantando, comprando aquilo que eu vou usar para o Natal", disse a consumidora.

image Roberto Pontes (vendedor) e Andrea Cavalcanti (consumidora) (Igor Mota / O Liberal)

Além do pescado, as carnes também pesam. O pernil suíno com osso (marca Dália) teve o maior reajuste da lista do Dieese: 25,03%, custando em média R$ 21,78. O peru, símbolo clássico da data, subiu quase 9% na marca Perdigão, chegando a R$ 31,98 o quilo. Até o frango, refúgio habitual para orçamentos mais apertados, não escapou, com o quilo da marca Avispará subindo 12,71%.

A vez do ‘Bacalhau da Amazônia’

Diante dos preços proibitivos do importado, o paraense, com sua sabedoria ribeirinha, volta os olhos para o que é da terra. O pirarucu salgado, carinhosamente chamado de "bacalhau da Amazônia", ganha força como substituto de honra.

Pedro Morais, 47, feirante no Ver-o-Peso desde a adolescência, é categórico ao dizer que o produto regional tem salvado as vendas, já que o bacalhau estrangeiro assusta pelo preço.

"O bacalhau é um peixe que vem de outros países, e o nosso pirarucu não, vem aqui do Brasil, do Amazonas. O preço dele é mais em conta do que o do bacalhau. As pessoas estão procurando o pirarucu mesmo para substituir", avaliou.

image Pedro Moraes, vendedor (Igor Mota / O Liberal)

A diferença no caixa é evidente. Enquanto o quilo do bacalhau nobre ultrapassa os R$ 200, o filé de pirarucu é comercializado na feira entre R$ 40 e R$ 50. Roberto Pontes, 53, também vendedor no complexo, reforça que a qualidade do peixe regional não deixa a desejar.

"O preço do bacalhau se torna mais caro. O pirarucu é salgado também, dá para fazer frito, desfiado, assado, para o almoço de Natal. É uma opção para quem não quer comprar o bacalhau", concluiu.

Principais altas nos itens da ceia

Pernil Suíno (Dália): R$ 21,78 (+25,03%)

Pernil Suíno (Sadia): R$ 22,69 (+10,52%)

Bacalhau Saith: R$ 102,67 (+24,57%)

Bacalhau Porto: R$ 229,49 (+23,39%)

Frango (Avispará): R$ 13,39 (+12,71%)

Peru (Perdigão): R$ 31,98 (+8,92%)

Fonte: Dieese/PA

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