Carreiras diferentes: amor une pais e filhos além das escolhas profissionais
Confira as histórias repletas de amor e compreensão em especial ao Dia dos Pais

Nem sempre os filhos seguem a mesma trilha profissional dos pais, mas isso não significa uma ruptura, pelo contrário! Em muitas famílias, a diferença entre as áreas de atuação revela laços ainda mais profundos: admiração mútua, incentivo diário, apoio sem cobranças e respeito pelas individualidades. Neste Dia dos Pais, histórias como a de Daniel Orlando e da filha Daniela Bastos, e de Osvaldo Silva e do filho João Marcos mostram que o que realmente importa é caminhar lado a lado, mesmo que em direções profissionais diferentes.
Daniela Bastos cresceu vendo o pai, Daniel Orlando, mergulhado no universo dos sistemas, códigos e planilhas. Formado em Ciências da Computação e também contador, Daniel sempre apoiou a filha, que desde cedo decidiu seguir outro caminho.
“Nunca cogitei seguir a área da tecnologia. Sempre gostei, achava interessante, mas nunca pensei nisso como algo que pudesse ser a minha vida. Eu percebia que meu pai realmente tinha vocação para aquilo, porque ele sempre gostou de sistemas, de matemática… Mas eu nunca me imaginei fazendo a mesma coisa que ele”, relembra a advogada.
Daniela escolheu o direito, uma área vem diferente do caminho técnico trilhado pelo pai. Mas a escolha nunca foi um motivo de distância entre os dois. Pelo contrário. “Quando escolhi o direito, meu pai me apoiou muito. Ele deixou claro que me via realmente nessa área, principalmente por perceber como eu sempre tive afinidade com disciplinas como sociologia, filosofia e história. Além disso, o senso de justiça sempre foi algo que moldou muito a minha forma de ver o mundo. Eu sempre admirei profundamente as pessoas que atuam nessa área. Então, quando comuniquei minha escolha, ele não só me apoiou, como disse que fazia todo o sentido.”
Do lado paterno, a mesma sintonia. Daniel conta que nunca tentou influenciar a filha a seguir seus passos. “A área de tecnologia exige muito autodidatismo, e a Daniela tem essa questão da relação entre pessoas muito forte dentro dela. Com relação à escolha da Daniela pelo Direito, fiquei muito feliz porque foi a escolha dela e de mais ninguém. Foi a forma como ela se via no futuro".
Apesar de não ter trilhado a mesma profissão, Daniela carrega ensinamentos valiosos herdados do pai e que aplica todos os dias no exercício da advocacia. “Desde criança, meu pai sempre me ensinou que, com prática e dedicação, tudo é possível. Ele dizia que, se eu não soubesse matemática, bastava exercitar bastante para aprender. Foi com ele que aprendi a não ter medo das coisas, a enfrentar os desafios. Ele também sempre me ensinou a colocar a educação acima de tudo, a respeitar todas as pessoas, independentemente da circunstância”.
Mas talvez o maior legado do pai não tenha sido técnico, mas, sim, emocional. “Meu pai é uma pessoa extremamente tranquila, mesmo sob pressão. No ambiente profissional, tento manter essa calma, mesmo diante dos erros ou dificuldades. Quando algo dá errado, lembro do que ele sempre me disse: o importante é aprender com os erros e não repeti-los. Reinventar-se. Essa visão é algo que levo comigo todos os dias”.
A conexão entre os dois vai além do apoio. “Cada conquista minha, por menor que fosse, ele acompanhava com muita atenção. Sempre quis saber onde eu estava estagiando, o que eu estava fazendo. Quando surgia alguma notícia ou discussão jurídica, ele queria conversar comigo sobre meu ponto de vista, saber o que eu pensava. Ele sempre me incentivou muito”.
E mesmo atuando em um campo completamente distinto, Daniel acredita que seu papel como pai ajudou Daniela a se encontrar profissionalmente. “Ouvir os filhos sobre suas pretensões profissionais é muito importante. Ouvindo a Daniela, pude sonhar junto com ela e isso, acredito, a influenciou na sua escolha.” Sobre a trajetória atual da filha, ele é direto: “Enxergo de maneira muito positiva. A profissão é um casamento consigo mesmo e percebi que, apesar do início cheio de fraquezas, dúvidas e questionamentos, ela tem um potencial incrível que foi, e está sendo, fundamental para superar os desafios da profissão que ela escolheu”.
Vida militar e área da saúde
Na casa da família Silva, o espírito de servir ao próximo também moldou a história de pai e filho. Osvaldo Silva dedicou longos anos à Polícia Militar. Hoje reformado, ele vê com orgulho a escolha do filho João Marcos Silva pela área da saúde. Estudante de enfermagem, João também decidiu cuidar das pessoas.
“Desde pequeno, eu via o quanto ele era dedicado. Ele era o tipo de policial que conversava com todo mundo, resolvia conflito com calma, e isso me inspirava. Eu percebia que ele cuidava da comunidade. Quis fazer isso também, mas de outro jeito. Em vez de usar uma farda, uso um jaleco.”
Osvaldo conta que a escolha do filho surpreendeu-lhe, mas de uma forma boa. “Claro que imaginei que ele pudesse seguir meus passos, porque ele via muito esse mundo, ia comigo nos batalhões, nos compromissos que estavam ligados à vida militar. Mas quando ele falou que queria ser da área da saúde, eu também fiquei bem feliz."
Mesmo com trajetórias diferentes, Osvaldo se vê refletido no filho. “A farda me ensinou a servir. E meu filho, com o jaleco, está aprendendo a mesma coisa, só que no hospital. Quando ele chega em casa e conta que ajudou alguém a melhorar, que cuidou de um idoso ou acalmou um paciente em crise, eu tenho certeza de que ele escolheu o caminho certo.”
O legado que ultrapassa gerações
Essas histórias mostram que a escolha da profissão não define a proximidade entre pais e filhos. O que realmente constrói laços sólidos são os valores transmitidos, a presença nas conquistas e nas dúvidas, o incentivo para que cada um encontre sua própria identidade profissional.
Daniela, hoje advogada, e João Marcos, futuro enfermeiro, são frutos de pais que respeitaram suas individualidades e estiveram ao lado deles em todas as fases. Daniel e Osvaldo, por sua vez, mostram que o verdadeiro papel de um pai não é traçar o caminho do filho, mas segurar sua mão enquanto ele descobre por si só.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA