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Carne chega a recuar 10% para consumidores, segundo a Aspas

Associação reconhece que os preços não estão no nível em que estavam antes da alta

Keila Ferreira
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Ainda está longe dos valores que os consumidores estavam acostumados, mas, após vários reajustes em 2019, o preço da carne começa a se estabilizar e, em alguns casos, a recuar. Este é um comportamento que vem sendo registrado em todo o país e a tendência é que seja refletido no Pará. Presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal diz que a redução gira em torno de 6% para o setor e chega a 10% para o consumidor, conforme tem sido observado desde a segunda quinzena de dezembro. “Está recuando aos poucos. Não é no nível que estava, antes de haver os aumentos, mas reduziu em relação ao preço que chegou, porque nós tivemos um aumento de mais de 30%. Acreditamos que ainda vai reduzir mais. Aguardamos e torcemos para isso”, declarou.

Pelas informações que tem dos pecuaristas e frigoríficos, Jorge Portugal não acredita que o valor da proteína cairá aos patamares de antes da disparada de preço. “Se recuar pelo menos mais uns 10%, fica de bom tamanho”. Segundo ele, a redução tem sido geral, em todos os cortes. “Nós tivemos, por exemplo, o filé, que estava mais de 60 reais o quilo. Hoje, já se encontra até a R$ 49 o quilo. Esse é um dos cortes que teve redução maior”, avalia.

Nos primeiros dias de janeiro deste ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já apontava queda media de 15% na cotação da arroba (15 quilos) do boi gordo, registrada no final de dezembro. Em alguns Estados, como São Paulo, a redução no preço do produto já vem sendo observada em determinados açougues.

Francisco Victer, presidente da União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (Uniec) afirma que os preços da indústria já tiveram uma redução entre 20% e 25% de novembro até esta primeira quinzena de janeiro, em todo o Brasil, inclusive no Pará, e que esse comportamento já era esperado. Segundo ele, houve um pico de demanda e problemas com oferta no final do ano passado, ocasionado pela questão do ciclo pecuário.

Em novembro do ano passado, o aumento da demanda e redução da oferta, ainda de acordo com o representante do setor industrial, foi provocada pelo abate de matrizes (gado propício à procriação) e prolongamento do período seco, que começou por volta de abril e se estendeu até novembro. 

“As chuvas mais intensas começaram em dezembro. O período seco reduz o ganho de peso do gado e interfere na oferta. Tivemos um pico de demanda motivado pelo saque do FGTS, pelo 13º salário que gerou uma nova demanda. As exportações não foram tão determinante quanto foi propagado. Se você olhar no final, o volume exportado no Pará foi inferior a 2017 e muito parecido a quantidade exportada em 2018. Como você exporta menos quantidade e isso vai ser a causa de aumento? Mas como houve abertura para a China, todo mundo resolveu atribuir à China”, ressalta Francisco.

Com a volta das chuvas e a demanda sendo normalizada, sem o impacto do 13º ou resgate do FGTS, Francisco Victer acredita que a tendência é de que os preços se acomodem, mas não é possível prever se voltarão aos patamares anteriores. “O preço da carne vai ter um redução, mas ficar igual ou um pouco maior que os preços históricos. Porque a qualidade está melhorando e é o próprio consumidor que está dando base para essa demanda mais qualificada. O consumidor quer um corte específico, numa fraldinha, num contrafilé, numa alcatra. Ele já vai começando a demandar cortes, a demanda da carne tem mudado”, avalia.

Dieese

Técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), Everson Costa diz que a entidade ainda não identificou recuo nos preços, na pesquisa que vem sendo elaborada, neste início de janeiro. “O que encontraram é algo pontualmente, em determinado bairro, o açougue, onde a carne não subiu de preço. Nos supermercados, a gente verificou que há certa estabilização, mas não recuo”, observa.

Ele ressalta que o preço da carne disparou e fechou o ano de 2019 com reajuste de 44% na cesta básica, chegando num patamar altíssimo e puxando com ela outras proteínas, como o preço do frango, da carne suína e dos embutidos. “Podemos ter queda? Podemos! Mas isso é mais um pouco à frente, é o tempo que vai nos dizer. O que a gente ouve dizer é que a China comprou o que tinha que comprar, então aquela correria já deu uma diminuída e isso deve trazer uma estabilização. Por outro lado, o setor agropecuário sinalizou que está repondo as matrizes, que está começando a melhorar o pasto. Em função dessas notícias, se espera que em alguns locais do Brasil possamos ter essa queda”, declarou. “Vamos torcer para que a carne possa ter recuo de preço, sobretudo para o assalariado, que já gasta 40% do salário mínimo dele só com alimentação aqui no Pará”.

Substituição

Para o consumidor, o produto continua muito salgado e substituí-lo por outras proteínas tem sido a melhor saída. O pedreiro Elton Sandim, de 41 anos, e a esposa, a dona de casa Maria de Lourdes Soares, de 46 anos, ainda não sentiram queda no preço do produto. Ele conta que a família consumia muita carne durante a semana, mas ano passado passou a consumir mais ovos, mortadela e frango. “Tenho comprado mais carne de segunda também”, declarou Elton.

A dona de casa Sônia Oliveira, de 60 anos, conta que também ainda não percebeu redução no preço da carne, neste início de ano. Ela afirma que comprava uma bandeja de chã pra bife por cerca de R$ 16, mas a mesma quantidade subiu para até R$ 26. Para driblar os altos valores, a dona de casa diz que começou a fazer guisado com quantidade maior de legumes, comprar mais carne moída, frango e peixe. “Ainda está tudo caro. Acho que não vai chegar ao preço de antes. Acho que estão fazendo isso para a população se acostumar com esse valor e comprar”, concluiu.

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