Ataques a navios no Oriente Médio impactam indiretamente economia paraense

A costa do Iêmen é estratégica para o comércio internacional, no entanto, exportações e importações paraenses seguem outras rotas.

Igor Wilson

O aumento abrupto no custo do frete marítimo internacional em janeiro, devido aos ataques houthi a navios comerciais nas proximidades do Iêmen, impactou significativamente a economia global, dobrando o preço médio para transportar 1 contêiner. Em dezembro o valor era de US$ 1.520, saltando para US$ 3.070 em janeiro, desde o início dos ataques do grupo islâmico em retaliação aos constantes assassinatos em massa de palestinos cometidos pelo Estado de Israel.

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A costa do Iêmen é estratégica para o comércio internacional. É a porta de entrada do canal de Suez, no mar Vermelho, que é o menor caminho para navios da Ásia, sobretudo a China, acessarem a Europa. Estima-se que 15% das exportações globais passem pelo trecho. Após os ataques, o governo dos EUA interviu com apoio de países europeus e iniciou na semana passada uma ofensiva para destruir bases houthis. O grupo respondeu dizendo que a ação terá consequências e que seguirá atacando navios de países aliados ao Estado de Israel, o que causou ainda mais tensão no mercado internacional.

Apesar da crise global sem precedentes na última década, na economia paraense os efeitos serão sentidos indiretamente. É o que garante José Maria Mendonça, vice-presidente executivo da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) e presidente do Centro de Indústrias do Pará |(CIP). O especialista destaca que em alguns destinos europeus, os aumentos chegam a mais de 170%, no entanto, ele ressalta que as importações paraenses não serão afetadas, pois as provenientes da China contornam a África e chegam pelo Canal do Panamá, e as da Europa chegam pelo Oceano Atlântico, distante da rota afetada.

“Os países que dependem econômicamente do mar mediterrâneo serão os grandes sofredores. Eles utilizam muito o Canal de Suez, região severamente afetada pelos bombardeios recentes. Vamos sofrer um impacto indireto porque se a Europa está pagando mais caro, vai cobrar mais caro para o Brasil, mas aqui chegam poucos produtos de lá. Então o impacto é reduzido, ainda não é possível avaliar na totalidade dos produtos que chegam ao Pará, mas acreditamos que por enquanto estamos livres desse problema”, disse o vice presidente da Fiepa.

Nas exportações, o impacto será, segundo José Maria Mendonça, praticamente nulo. Com a maior parte dos 84% das exportações de minério de ferro (principal produto paraense e que exportou mais de US$ 12.9 bilhões em 2023) indo para a China, o risco de impacto é bastante reduzido. Para chegar ao país asiático, a rota utilizada contorna o sul da África. Por enquanto, de acordo com José Maria, o Pará está relativamente livre desse problema, mesmo considerando possíveis cobranças mais altas vindas da Europa devido aos aumentos de custo que enfrentam.

Para China nós utilizamos uma rota que contorna o sul da África, nem precisamos pegar o Canal do Panamá, devido ao tamanho dos navios e ao pedágio mais caro. Também exportamos para os EUA, mas é bem aqui, longe de lá. Ultimamente temos feito negócios com países do Oriente Médio, mas também são rotas que não passam por ali. Isso não quer dizer que nacionalmente isso não possa ter um grande impacto e obviamente seremos afetados. Vamos aguardar”, disse.

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