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Ambulantes de Salinas andam muito atrás de ganhar a vida

Trabalhadores percorrem quilômetros vendendo produtos aos veranistas

Eduardo Laviano / O Liberal
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As andanças dos ambulantes costumam ser longas em qualquer cenário, mas nas areias da praia do Atalaia, em Salinópolis, elas são mais desafiantes.

Diante do sol, da areia e da poluição sonora, o vendedor de ostras Alexandre Silva não se desanima. Ele está há 32 anos nessa vida e chega a fazer o trajeto de uma ponta a outra da praia seis vezes - totalizando 15 quilômetros percorridos.

"Já é um exercício, tanto que nem faço academia. Chego às nove da manhã e saio às sete da noite. Às vezes fico parado num canto mais movimentado e tenho minha pausa para o almoço também", afirma ele.

Alexandre vende uma ostra por cinco reais, três por dez e cinco por vinte. Ele afirma ter passado por maus bocados em 2020, mas está animado com a retomada econômica de um possível futuro pós-pandêmico. 

"O vírus não acabou, né? Mas o povo já voltou a vir para cá em peso. O movimento está bom, graças a Deus. A pandemia nos prejudicou muito, mas a pesca e os auxílios nos ajudaram. Me vacinei e sei que com o tempo todos vão se vacinar também. É um mercado bom que tem muita gente que conhece e entende de ostra e faz questão de comer. É com esse dinheiro que sustento meus dois filhos", conta ele. 

Longas distâncias, mas compensa

Vendendo camarão rosa, Antônio tem metas diárias altas: considera um dia "bom" quando fatura pelo menos mil reais com as vendas. Para tal, já chegou a fazer cinco idas e cinco voltas entre o início da praia do Farol Velho e o Atalho da Atalaia.

"O que ajuda é que às vezes o pessoal tá andando de carro e para rapidinho para comprar. Mas ando muito, sim, todo dia. Tem que ir até o cliente. A concorrência é muito grande. Antigamente eram uns três que vendiam camarão rosa aqui. Hoje tem bem uns 50", conta.

Ele chega à praia às sete da manhã e volta para a casa com o céu já escuro, depois das seis da tarde. Toda a renda familiar de Antônio vem do camarão há 12 anos. 

"Vivemos bem lá em casa e consigo me manter assim. Tem dias que o faturamento cai para uns 600, 700 reais, mas tenho fé que vai melhorar agora com a vacina e o povo viajando de novo", diz.

Quem anda muito também são os barraqueiros e os garçons contratados por ele nesse período de julho. Descendentes de indígenas Tupinambás, dona Helena Moraes comanda uma barraca que já possui meio século de vida no Atalaia. Além dela, outros oito funcionários trabalham entregando pedidos de clientes na beira do mar.

Atendimento diferenciado

Diferentemente de Antônio e Alexandre, que batem o ponto na praia aos finais de semana, Helena abre o restaurante diariamente.

"O pessoal quer estar perto da água e comer bem, ser bem atendido. É uma comodidade, um diferencial. Eu nem sei dizer quantas vezes a gente vai e volta por dia, olha. São muitas, e sempre carregando comida na mão", conta.

Ela lembra que julho do ano passado teve um movimento bom, mas abaixo do normal, pois "cinco da tarde todo mundo se recolhia".

"A pandemia afetou muito nossas finanças, pois tínhamos muitos funcionários e contas para pagar. Mas em 2021, conseguimos retomar o trabalho de todos. O importante é continuar aberto. Na época não tinha estrada quando começamos. Só andávamos de barco, tinha muita mata. Depois, a Coca Cola fez essas barracas e patrocinou, por meio de um sorteio. Estamos aqui até hoje e vamos continuar", avisa. 

Biojoias

Sentado no restaurante de Helena, Marcelo Freire é um artista que utiliza materiais recicláveis para fazer biojoias. Ele percorre a praia oferecendo pulseiras e colares inteiramente feitos de plásticos e vidros que são descartados irregularmente na água. Para ele, não são só os banhistas que precisam criar consciência ambiental, mas também os ambulantes e comerciantes.

"Reciclamos tudo e transformamos em souvenir para que os turistas possam levar para casa um pouco desse lixo. Trabalho com isso há um ano e temos mais de dez mil garrafas em nosso ateliê, prontas para serem beneficiadas. Passei três dias nessa semana trabalhando mal na praia, pois cortei o pé numa garrafa", lamenta ele, que chega a vender biojoias de até 100 reais na praia do Atalaia.

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