Workshop em Belém apresenta a figura histórica de Zé Pelintra
O projeto irá abordar com detalhes o impacto cultural e social desta figura, que agiu na construção do Brasil no período da pós-escravatura
Um mergulho histórico, cultural e sem preconceitos sobre a figura de Zé Pelintra. Esta é a ideia do Workshop “As 7 faces de Zé Pelintra”, que será realizado em Belém no próximo dia 12 de janeiro, quando a cidade completa 408 anos.
O evento ocorrerá na Casa do Gilson, local tombado como ponto de cultura pela FUNARTE, e se trata de uma iniciativa que visa compartilhar informações históricas, culturais e religiosas sobre Zé Pelintra e os malandros. Muitos o conhecem como guias espirituais, mas o workshop também mostrará como essas pessoas agiam na construção do Brasil pós-escravatura, empregando a sua famosa malandragem pelas ruas do país.
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O projeto foi criado por Diego Gomes, que é presidente e co-fundador do Santuário do Zé Pelintra, localizado no Rio de Janeiro. Ele é integrante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do RJ (CCIR) e desde 2015 trabalha na área artística de representações da malandragem e do Zé Pelintra. Ele e outros companheiros realizaram pesquisas históricas sobre Zé e notaram que falta um conhecimento geral sobre a figura deste brasileiro.
“Vimos a necessidade de uma reestruturação dessa história, que ficou marcada pela lei da vadiagem e muitos processos históricos sofreram apagamento. A intenção é poder conversar com o público em geral, que gosta da cultura de nosso país, dando um direcionamento histórico sobre o Zé pelintra, a sua artimanha e o seu modo de vida”, destaca Diego.
O Workshop terá uma duração aproximada de cerca de três horas. Durante esse período, serão abordados 7 tópicos principais sobre Zé Pelintra, incluindo a sua origem e as ligações de seu trabalho espiritual.
Após as informações e interações realizadas no workshop, a casa do Gilson abrirá espaço para a roda de samba “Saravá seu Zé Pelintra”, que contará com a presença do grupo Fé no Batuque. Na ocasião, Diego Gomes apresentará uma atividade lúdica interpretando o Dom Malandro Juremeiro.
“Irei fazer uma representação artística do malandro, onde interpreto seus arquétipos e trejeitos, tudo feito com muito samba no pé. O intuito é lembrar a origem do samba e como ele se conecta com o Zé Pelintra e a malandragem carioca. Esse samba traz o resgate da ancestralidade e das mães pretas que faziam a proteção do samba para que fosse realizado”, explica o produtor cultural.
Em sua primeira visita a Belém, Diego afirma que está ansioso para a troca cultural com os paraenses e espera que o workshop possa incentivar mais produções artísticas do gênero na cidade.
“Estou feliz de poder fazer essa troca de culturas e ser inserido em Belém. Espero que a cidade seja agraciada com nossos corações cariocas, uma troca de muita humildade, afeto. Espero também que esse intercâmbio possa trazer mais políticas sociais, festividades, entre outros trabalhos em conjunto com a comunidade afro”.
Além das informações históricas e culturais da figura de zé Pelintra, o workshop também tem o objetivo de combater a discriminação, intolerância religiosa e racismo que, ainda hoje, persistem no Brasil.
Para Diego Gomes, a maior arma contra a intolerância é a educação. “Através do workshop fazemos o trabalho de colocar para a sociedade as informações necessárias para que ela saia do ‘disse me disse’, que ela entenda verdadeiramente o que representa Zé Pelintra. A partir do momento que a gente informa a população, ela se torna instruída e vai ter propriedade para combater o racismo. Porque a intolerância só acontece quando há falta de educação”, destaca Diego.
Serviço:
Workshop “As 7 faces de Zé Pelintra” e Roda de Samba do grupo Fé no Batuque
Data: 12/01/2023
Endereço: Casa do Gilson - TV. Padre Eutíquio, 3172 bairro: Condor
Horário: Workshop: 17H / Roda de Samba: 21h
Inscrições: (91)98529-3286
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