‘Terapia’: Marcelo Serrado traz a Belém espetáculo que transforma crises em humor
Ator interpreta múltiplos personagens e divide com o público reflexões sobre saúde mental, exageros e cotidiano
Marcelo Serrado chega a Belém com o espetáculo “Terapia”, que terá apresentações únicas no Teatro Margarida Schivassapa, no bairro de Batista Campos. A estreia será no sábado (13), às 20h30, mas a grande procura levou à abertura de uma sessão extra no mesmo dia, às 18h30. No domingo (14), o público também poderá conferir o monólogo, às 19h. Os ingressos estão disponíveis pela plataforma Sympla e, nos dias das sessões, haverá venda presencial na bilheteria do teatro.
VEJA MAIS
O espetáculo marca um novo momento na trajetória do ator, conhecido pelo personagem que marcou a televisão brasileira em “Fina Estampa”, da TV Globo, e por sua versatilidade no teatro. Em “Terapia”, Serrado traz ao palco um humor construído a partir de vivências pessoais, ficção, improviso e uma relação direta com a plateia.
A obra, escrita por ele em parceria com Guilherme Rocha, convida o público a mergulhar na mente de um homem tomado por crises, dúvidas e exageros. Claro, tudo contado com leveza cômica.
Reflexões sobre saúde mental
Marcelo explica que o ponto de partida da peça surgiu de suas próprias reflexões sobre saúde mental, tema do qual já fala em palestras. “Eu sempre quis fazer um espetáculo, uma comédia falando sobre o tema. Tipo o ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ de Annie Hall. E criei uma persona, que na verdade não sou eu, mas é um cara meio neurótico, que passa por problemas existenciais, e que tem um pouco do Marcelo também”, contou.
A passagem do ator por Belém acontece após uma estreia de grande repercussão em outra capital. A expectativa é repetir a recepção calorosa. “Eu fiz agora em Recife e foi um estouro. Quando você monta um espetáculo novo, sempre tem aquela dúvida: ‘Será que vai rolar?’. E deu certo”, afirmou. A última vez que Marcelo esteve na capital paraense foi em setembro deste ano para participar do Amazônia Live, que contou com apresentações de artistas internacionais como Mariah Carey e nacionais como Joelma, Dona Onete, Viviane Batidão e Gaby Amarantos.
Apesar de algumas cenas reais, Serrado destaca que a maior parte da narrativa é fruto de imaginação. “Do espetáculo todo, 5% são histórias reais. O resto é tudo invenção. O Guilherme escreveu o texto em cima do que eu pedi”, disse, acrescentando que essa mistura conduz o público por cenas tragicômicas envolvendo crises conjugais, viagens desastradas, conflitos internos e situações cotidianas.
Público como terapeuta
A relação com a plateia é um dos pilares do espetáculo. Segundo Marcelo, a peça começa com ele deitado em um divã, encarando o público. “Eu olho para a plateia e falo: ‘Vocês estão entendendo o que eu estou falando?’. Como se eu estivesse fazendo uma terapia. O público é meu terapeuta”, explicou.
Ao longo da apresentação, ele mantém esse diálogo direto, interrompendo cenas para checar reações, comentar a própria fala ou envolver espectadores. No desfecho, uma pessoa da plateia é convidada ao palco para uma ‘sessão’, conduzida de forma cômica.
Serrado esclareceu que o espetáculo não segue a estrutura do stand-up tradicional. Ele explica que dá vida em cena a diferentes personagens - sua mulher, o psicólogo, o médico, os filhos, vizinhos e até figuras imaginadas - apenas mudando a voz e a postura física. “Eu faço todos os personagens sem mudar de roupa. É muito legal, porque se você visualiza isso como ator, o público visualiza também. Então, eles embarcam junto”, afirmou.
A composição desses personagens conversa com a longa experiência de Serrado na TV, no teatro e no cinema. O público que o acompanha há décadas encontrará referências conhecidas. “Eu falo muito do Crô, das minhas histórias de personagens, mas sempre com um lado engraçado e patético. Eu rio de mim mesmo”, contou.
Episódios de viagens, como uma ida à Disney ‘em que só a viagem é real e o resto é invenção’, ganham versões dramatizadas no palco, aproximando o humor do absurdo, mas sem perder a identificação do público.
Transformando a experiência em novo tom
A peça também aborda temas como ansiedade e burnout, assuntos que o artista já viveu de perto. Nos últimos anos, Marcelo tem utilizado sua visibilidade, principalmente nas redes sociais, para trazer à tona questões sobre saúde mental. Em uma entrevista recente, ele relembrou episódios difíceis que enfrentou, especialmente durante a pandemia, quando percebeu que precisava de tratamento. “Acabei tendo uma crise de pânico e ansiedade, e não sabia o que era. Achei que fosse morrer e que estava tendo um troço. A gente nunca sabe o que é. Por isso muita gente se mata, se joga...”, disse ao Gshow.
Ao transformar sua própria experiência em cena, Marcelo explica que deseja dar um novo tom ao tema. “Eu tive uma crise de pânico e superei isso com palestras, terapia e remédio. Hoje em dia eu quero rir disso”, afirmou.
Segundo ele, a reação do público tem sido uma surpresa positiva. “O mais legal é que o público ri do que eu falo, mas ri de si próprio. Tem uma identificação”, acrescentou.
Mesmo tratando de questões delicadas, ‘Terapia’ busca entregar uma mensagem final de leveza. “Rir de si próprio é sempre muito bom. A gente não se levar a sério, não achar que sabe tudo. A gente tá aqui como mais um passageiro nesse grande metrô da vida. Vamos tentar levar tudo com leveza e tranquilidade”, comentou.
SERVIÇO:
Marcelo Serrado apresenta ‘Terapia’
- Data: 13 e 14 de dezembro;
- Hora: sábado (13) ás 18h30 e às 20h30; domingo (14) às 19h;
- Local: Teatro Margarida Schivasappa - Av. Gentil Bittencourt, 650 - Batista Campos;
- Ingressos: online no site da Sympla e nos dias do espetáculo venda física na bilheteria do teatro.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA