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Setor de livros volta a respirar em 2021, mas o que é necessário para continuar?

No segundo ano de pandemia vendas voltaram a crescer; reflexo no Pará também foi positivo com Prêmio Jabuti e volta da Feira do Livro

Alexandra Cavalcanti - Especial para O Liberal
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Se em 2020, durante a chegada do coronavírus no Brasil, as pessoas estavam com certa resistência à leitura, em 2021 elas conseguiram se dedicar um pouco mais a essa atividade, aquecendo o mercado. Um dos indicadores desse resultado é o Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) em parceria com a Nielsen Bookscan Brasil.

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Para se ter uma ideia desse crescimento, de janeiro de 2021 até 7 de novembro do mesmo ano, houve um aumento de 33% no volume de vendas de livros no País. Já em 2020, segundo pesquisa da Produção e Vendas do Setor Editorial brasileiro, da Nielsen Book, com coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do SNEL, houve uma queda de 18,4% nas vendas.

No Pará, as conquistas também foram grandes no ano que passou. Embora ainda não se tenha um levantamento do montante de livros vendidos no estado ao longo de 2021 é possível fazer uma projeção positiva. Durante a 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, na Arena Guilherme Paraense, o Mangueirinho, em Belém, por exemplo, 35 mil livros foram comercializados, de acordo com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), um número positivo diante do panorama atual da economia do País.

Paraense leva Prêmio Jabuti

image Monique Malcher venceu o Prêmio Jabuti na categoria conto (Reprodução Instagram)

Mas não só isso. O livro Flor de Gume, da escritora paraense Monique Malcher, venceu a maior premiação da literatura brasileira, o Prêmio Jabuti 2021, na categoria Contos. A boa notícia, anunciada em novembro passado, foi bastante comemorada pela escritora em suas redes sociais.

“Para o norte que existe e é lindo. Para Santarém. Para o rio escuro que faz o magma do meu coração. Para os orixás que dançam comigo, bebo e como de seu manjar. Sou filha da rua e meu território vai ser sempre onde meu pé firmar como vela. Eu vou escrever até o fim, porque estou de passagem, mas a palavra é eterna”, escreveu ela, em suas redes sociais.

Alguns meses antes disso, ainda no primeiro semestre, uma campanha puxada por escritores e frequentadores mobilizou as redes sociais para evitar o fechamento da livraria da Fox, um dos mais conhecidos pontos de encontro de autores e leitores da capital paraense.

O estabelecimento existe há 34 anos e corria o risco de fechar as portas por conta da crise que se instalou. A campanha “Abra um livro pra Fox não fechar” acabou sendo um sucesso e a livraria, que já se tornou um patrimônio da cidade e continua ativa. 

Relembre - 

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O estabelecimento, conhecido como ponto principal de venda das obras de autores paraenses, é centro de campanha que incentiva a compra de livros

Continuação do crescimento do setor não depende só de boa vontade

À nível nacional, o bom momento desse mercado pôde ser medido especialmente pelo retorno de eventos importantes. A 1ª Bienal Virtual Internacional do Livro de São Paulo, toda em ambiente virtual por conta do coronavírus, teve 1,33 milhão de visualizações, o dobro do número de pessoas que passaram pelo pavilhão do Anhembi na edição de 2018 da Bienal Internacional do Livro de São Paulo recebeu 663 mil visitantes. Foram mais de 190 horas de programação, 100 expositores, 220 autores nacionais, oito estrangeiros e 114 reuniões de negócios com compradores internacionais.

Apesar dos bons resultados de 2021, Vítor Tavares, presidente da CBL, alerta que muitas batalhas ainda precisam ser vencidas. Uma delas, segundo ele, é a necessidade de incentivar a leitura no País. Segundo a 5ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil 2019-2020”, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, e aplicada pelo Ibope Inteligência, o Brasil tem cerca de 100 milhões de pessoas que leem, o equivalente a 52% da população. Mas 67% dos brasileiros não contaram com alguém que incentivasse a leitura. E do total, só 56% leram ao menos um livro, ou parte dele, nos três meses anteriores ao levantamento. “Mudar esta realidade requer não apenas o esforço dos livreiros, mas também de políticas públicas para incentivar novos leitores”, defende Vítor. 

O presidente da CBL manifestou ainda preocupação com o Projeto de Lei 3.887, da reforma tributária apresentada pelo Ministério da Economia em julho de 2020, que ainda está em tramitação no Congresso Nacional. “Se o projeto for aprovado será o fim da imunidade tributária do livro, conquistada há quase 80 anos, pois passará a ser cobrada uma alíquota de 12% sobre ele. Isso levará a um necessário aumento, estimado em 20% sobre o preço final de capa, o que vai prejudicar ainda mais o acesso à leitura”, diz.

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