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Sambistas paraenses lamentam a morte de Arlindo Cruz

Em Belém, artistas que conviveram com o cantor e compositor destacaram a grandiosidade de sua obra

Bruna Lima
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A morte de Arlindo Cruz, nesta sexta-feira (8), um dos maiores nomes da história do samba, comoveu o Brasil e gerou forte repercussão entre sambistas de várias gerações. Em Belém, artistas que conviveram com o cantor e compositor destacaram a grandiosidade de sua obra, sua generosidade artística e o legado eterno que ele deixa para a música brasileira.

O cantor, compositor e instrumentista Arthur Espíndola lembra com emoção do momento em que dividiu o palco com Arlindo, em 2017, poucas semanas antes do AVC que interrompeu sua carreira. “Foi um baque grande quando aconteceu o AVC porque eu tinha pouco tempo batido um papo com ele, dividindo o palco com ele”, relembra. O encontro aconteceu durante o Festival de Samba de Raiz, realizado em Belém. Segundo Espíndola, os dois já haviam se conhecido anteriormente no Rio de Janeiro, em 2006, mas a proximidade foi reforçada quando Arlindo o reconheceu anos depois em um show em Belém, no Amazônia Hall.

image Arthur Espindola e Arlindo Cruz

“Em 2017, quando a gente dividiu o palco, eu entreguei meu DVD pra ele, e ele me disse que estava ligado no meu trabalho, que já me acompanhava, que estava muito contente de me ver surgindo no cenário. Foram palavras muito carinhosas, que guardo no meu coração. Ele falou pra eu seguir em frente, que esse era o meu caminho”, lembra Arthur.

Ao falar sobre o impacto de Arlindo Cruz na música brasileira, Arthur é categórico, “Talvez ele seja um dos mais importantes do samba. Não existe um só sambista da geração dele pra cá que não tenha gravado alguma coisa dele, que não tenha se inspirado nele. Ele é, sem sombra de dúvidas, o maior poeta, o maior melodista, o maior tudo. Ninguém teve uma criatividade tão grande quanto ele”.

Espíndola ainda destaca a força da identidade musical de Arlindo, mesmo com uma vasta gama de parceiros ao longo da carreira. “Mesmo mudando tanto os parceiros, a gente sabia que era dele. A identidade mais forte nas composições era a dele. Sempre que quero aprender, que quero me inspirar, eu escuto Arlindo. A obra que ele deixou é realmente divina”.

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Para o cantor e compositor Bilão, um dos nomes mais respeitados da cena do samba em Belém, Arlindo foi mais do que uma referência musical, foi um amigo de longa data. O primeiro show que fizeram juntos foi em 1997, em um bar na Pedro Álvares Cabral, próximo à Doca. A partir daí, a amizade se consolidou.

“Tivemos muito contato. Arlindo era um cara muito parceiro em Belém, de muita resenha, muito papo, muito samba. A gente sempre se encontrava. No Rio também, quando eu ia pra lá, encontrava com ele em estúdios, nos sambas, sempre trocando ideia. Era um cara super do bem, sempre de boa”, conta.

Bilão afirma ter dividido o palco com Arlindo pelo menos cinco ou seis vezes em suas casas de samba na capital paraense. Como compositor e intérprete, ele destaca o peso da obra de Arlindo em seu repertório. “Vai fazer muita falta. As composições dele são divinas. A maioria dos sambistas tem seu repertório baseado nas músicas do Arlindo. No meu caso, uns 50 a 70% do repertório é dele. Arlindo Cruz é eterno”.

A morte de Arlindo Cruz representa não apenas a perda de um ícone do samba, mas o encerramento de um ciclo de originalidade, sensibilidade e excelência musical. Com mais de 40 anos de carreira, ele ajudou a popularizar o samba de raiz e elevou o gênero a novos patamares, seja como integrante do grupo Fundo de Quintal, seja em carreira solo ou em parcerias memoráveis com nomes como Sombrinha, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, entre tantos outros.

Para os sambistas paraenses, fica a dor da despedida, mas também o compromisso de manter viva a chama do samba que Arlindo acendeu com tanta maestria. Como define Arthur Espíndola. “Fico tranquilo de saber que ele está em paz, descansou. E fico grato, principalmente grato, pela vida dele, pela obra dele. Por tudo que ele nos ensina, e sempre vai ensinar”.

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O produtor cultural Jango Vidal diz que teve a honra de trazer algumas vezes Arlindo Cruz para Belém. Inclusive a últma apresentação do sambista na capital paraense. "Tivemos a honra de trazer a Belém o poeta Arlindo Cruz algumas vezes, trouxemos no Rancho, no Pará Clube, em Barcarena no Cabana Club, no Hangar, o último show que ele fez em Belém foi Hangar um festival de samba de Raiz em fevereiro de 2017”, diz Jango.

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