Rapper Daniel ADR lança clipe que fala sobre fé e afrorreligiosidade na Amazônia

“Afago de Oxum” traz a avó do artista, Raimunda, como protagonista

O Liberal
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O cantor e compositor Daniel ADR lançou na última sexta-feira o videoclipe “Afago de Oxum”, que classifica como uma homenagem à fé afro-religiosa que o orienta e “um profundo agradecimento ao milagre que lhe reorientou a vida”. “Eu sou filho de Oxum, mas antes, sou filho de Ogum. Então nessa combinação, acho equilíbrio entre o doce de Oxum, meu lado sensível, que chora, que sofro, que sente dor, tristeza; e a fúria de Ogum, a guerra, a força que eu trago”, afirma o artista.

Ogum é o orixá das batalhas, da pujança, aquele que transforma o metal em instrumento de luta. Oxum é a rainha da água doce, é a sabedoria, o poder feminino, ouro e búzios. “Essa música é uma homenagem à santa Oxum, pela minha profunda relação com o Tambor de Mina, que surgiu quando sofri um acidente de moto. Até então, eu, marxista e ateu, nunca tinha sentido o chamado da espiritualidade. Mas eu senti que algo poderoso me protegeu naquele acidente. Eu senti, algo me segurou, me carregou nos braços, me salvou. Ali, minha ancestralidade me chamou e eu segui a fé afro-religiosa”, relata o artista, que integra a comunidade do Tambor de Mina.

Filho de um casal muito jovem e que se separou quando Daniel ainda era bebê, o rapper foi criado pela avó materna, Raimunda. Entre os bairros do Guamá e da Cremação, periferia de Belém, cresceu ouvindo rap e samba. Sempre sob os olhos e cuidados da avó-mãe, que, no clipe, aparece como protagonista - assim como na vida de Daniel.

Em “Afago de Oxum”, dona Raimunda surge envolta em búzios dourados. Terna, acarinha a cabeça do filho-neto em frente às águas mansas dos rios. O clipe, dirigido por Ícaro Ésse, traz ainda a participação de Andrea Gonçalves, irmã de santo de Daniel, que se conheceram no terreiro do Tambor de Mina. O vídeo, com patrocínio da Natura Musical e produção executiva da Psica Produções, é o terceiro do álbum “Black Christ”.

“É muito importante para mim, enquanto jovem vindo do Marajó, fazer parte de algo tão grande e bonito quanto o ‘Black Christ’. É interessante perceber que o álbum fala muito sobre minhas vivências do lado de lá da baía, mesmo em cenários tão diferentes. Acho que isso foi uma peça chave pra produzir o clipe: se identificar com todo o discurso que norteia o álbum e a própria música do videoclipe”, diz Ícaro Ésse, produtor audiovisual e cultural, que estreia como diretor neste projeto. “Muito bom ver os pretinhos vencendo, fazendo coisas grandes e entrando para a história”, celebra.

Jesus preto

No disco “Black Christ”, lançado em março deste ano, Daniel ADR traz a figura do salvador injustiçado e dá a ele contornos de uma realidade crua, marcada pelo racismo. O disco marca os dez anos de carreira do artista. Inspirado no som dos Racionais MC’s, o mais influente grupo de rap do país, e sobretudo na estética de Emicida, Daniel traz para o trabalho Erick Di nos beats, e parcerias com Anna Suav, jvm LEO, Leonardo Pratagy e Lia de Itamaracá.

“Black Christ” foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Pará (Semear), ao lado de nomes como Azuliteral, Raidol e Festival Lambateria, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos até 2023, como Manoel Cordeiro, Dona Onete, Pinduca, Felipe Cordeiro e Thaís Badú.

Serviço
Assista o clipe “Afago de Oxum”, de Daniel ADR https://youtube.com/@DanielADR?si=sOIHudeoaFkmCbUF
Ouça o disco “Black Christ” https://onerpm.link/879741372249

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