Psica 2025 celebra a cultura pan-amazônica: Dona Onete, Martinho da Vila e Jorge Aragão em Belém
Festival ocorrerá de 12 a 14 de dezembro no bairro histórico da Cidade Velha e no estádio Mangueirão
Não à toa, aos 86 anos de idade, a cantora e compositora Dona Onete, natural de Igarapé-Miri, no nordeste do Pará, é a grande homenageada do Festival Psica 2025, a ocorrer nos dias 12, 13 e 14 de dezembro, em Belém. Na apresentação do line up do festival, com mais de 70 atrações, entre as quais os sambistas Martinho da Vila e Jorge Aragão e o rapper Mano Brown, nessa terça-feira (9), no Atrium Hotel, ao lado de Jeff Dias e Gerson Dias, diretores do evento, e a diretora criativa Bruna Suelen, Dona Onete anunciou seu novo show/audiovisual (“Quatro Contas”, sobre suas raízes negras) a ocorrer no Psica e ratificou sua missão de cantar ritmos amazônicos, em especial o carimbó. Ela comparou essa dança ao bailado da rosa na roseira ao sabor do vento, guarnecida pelo também dançarino, o pássaro beija-flor, que a protege. “Temos de cuidar da nossa terra, terras dos nossos avós, e da nossa cultura”, destacou Onete, que se emocionou ao lembrar de Mestre Damasceno, recém-falecido.
Essa imagem de elementos do cenário amazônico utilizada por Onete, que por muito tempo atuou como professora e sempre gostou de poesia e música, também foi adotada pelos diretores Jeff e Gerson Dias para falar do Psica 2025. Como disse Jeff, o peixe dourada funciona como um símbolo da Pan-Amazônia. Essa espécie, como frisou Jeff, conecta a Amazônia, ao nascer no pé dos Andes, no Peru, na nascente do Rio Amazonas, e vem pela extensão toda do Amazonas até chegar à Baía do Marajó. Pelo caminho, passa por vários países.
“Por meio da dourada a gente consegue falar de cultura, também. O Pará recebe muita influência da Colômbia, do Peru, até do Caribe. E a manda de volta, é o mesmo percurso que o peixe faz, ele vem e volta”, destacou Jeff. Esse ciclo serviu de base para a definição do line up do Psica 2025, e a dourada vai estar presente em todo o material do festival. Tanto que o título do evento é “Festival Psica 2025 - O Retorno da Dourada”, ideia que , desde 2024, traduz o fluxo do evento.
“Dona Onete traduz totalmente essa conexão dos paraenses com sons de outros países da Pan-Amazônia e vice-versa, com o seu carimbó chamegado, bolero, cúmbia. A Dona Onete faz música universal”, enfatiza Jeff Dias.
Sons na floresta
E nesse clima de parceria musical, o Psica 2025 vai contar com Luedji Luna, Ajuliacosta, Urias, Armando Hernández (Colômbia), a banda japonesa The 5.6.7.8´s (da trilha de “Kill Bill”), Maleïka, o percussionista franco-martiniquense Boris Percus.
E tem muito mais: o manguebeat do Nação Zumbi e a vibração de Jaloo, Edson Gomes, Viviane Batidão, Carabao, Rubi, Crocodilo, Carol Lyne, Mano Brown, Marina Sena, Wanderley Andrade, BK convida Evinha Terno Rei, Melly, Patrícia Bastos, Ronaldo Silva, Trio Manari, Manga Verde, banda Voo Livre, Batucada Misteriosa & Toró Açú e D’água Negra.
O festival tem o patrocínio master da Petrobras via Lei Rouanet e patrocínio de O Boticário, com apoio da Tim via Lei Semear. A realização é da Psica Produções, Fundação Cultural do Pará e Governo do Pará, e Ministério da Cultura e Governo Federal.
Nação Zumbi apresentará "Da Lama Ao Caos – 30 Anos". Di Melo é outra atração no festival, misturando soul, funk, groove e psicodelia. Célia Sampaio mostrará sonoridades da cultura afro-brasileira. A banda Cravo Carbono, que mistura rock e guitarrada, entre outros ritmos, vai agitar a galera no Psica 2025.
Nos palcos do festival vai ter de tudo. No palco Megazord, vai ter soundsystems, sob o comando da radiola maranhense Freedom FM e das aparelhagens paraenses Carabao O Máximo, Rubi A Nave do Som e Tudão Crocodilo. A banda Fruto Sensual, "rainha do tecnobrega" e das aparelhagens, dispensa apresentações para fãs e público que gosta de dançar
No palco Karretinha, será a vez de Dj Lorran e Dj Elison New Age e da música eletrônica nacional como Ramemes, Batekoo e Clementaum, além de abrir espaço para o coletivo amazônico Vacilo.
A DJ Baby Plus Size (“Rock Doido de Caju”, da cantora Liniker) estará ao lado de Zek Picoteiro, Cleide Roots, para mostrar o novo som periférico eletrônico que vem sendo feito nas ruas do Pará, e que se funde nos sets das sudestinas Malka, Kiara Felippe e Apropri4damente.
“Ano após ano nós seguimos quebrando as barreiras entre a Amazônia. Queremos torná-la cada vez mais orgânica e reconectada. Por isso é tão importante olharmos não só para os artistas nacionais, mas também entre as nossas fronteiras de estado e com os demais países da Amazônia Internacional", disse Gerson Dias, diretor do festival.
Nessa pegada, vão estar no festival o roraimense Ian Wapichana (pertencente aos Wapichana, povo originário do norte de Pindorama-TO) que tem trabalho com o rapper paraense Moraes MV. O público vai conferir a arte do Grupo folclórico Paracauari, de Salvaterra (Marajó), bem como o artista Amazônico, dono da faixa "Formigueiro Humano (Serra Pelada)".
E ainda: Os Garotin, Selo Caquí apresenta Marés com Sidiane Nunes, Agarby e Laiana do Socorro, W Mate-U, Paso, Lina Leão, Mist Kupp, Cout, Ressoa, Matheus Pojo, Jheni Cohen e Batuque da Lua Crescente; Mateus Fazeno Rock junto com Fernando Catatau e Mumutante; Os Haxixins; o Cortejo Encantado, espetáculo teatral itinerante; coletivo Ponto BR, Flor de Mururé. Também terá a pesquisa sonora de Lucho Pacora, dj peruano que é um dos co-fundadores do Bomba Tropical (cumbia amazônica)
A Ballroom Pará, Hous Of Carão e o Festival Psica apresentarão o "Corpo Dourado Ball 2.0", uma batalha de dança e performance sobre a retomada da dourada no festival. Mais informações aqui
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