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Produções audiovisuais de estudantes paraenses ganham destaque no Globoplay

Projeto Geração Futura realiza primeira edição em Belém e resultou em quatro documentários disponíveis na plataforma

O Liberal
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Vinte estudantes universitários do Pará tiveram a oportunidade de vivenciar todas as etapas de uma produção televisiva ao participarem da 19ª edição do Geração Futura, oficina promovida pela Fundação Roberto Marinho em parceria com o Canal Futura. Esta foi a primeira vez que o projeto ocorreu em Belém. Durante duas semanas, os selecionados participaram de atividades que abrangeram desde roteiro, produção e direção até gravação, edição e finalização.

O programa foi realizado no contexto da COP 30, conferência internacional do clima realizada em Belém em novembro. A escolha da capital para sediar a edição deste ano reforçou a relevância de incluir jovens amazônidas nas discussões e narrativas sobre meio ambiente, justiça climática e desenvolvimento sustentável. Como resultado da formação, quatro mini documentários produzidos pelos participantes estão disponíveis no Globoplay.

Narrativas amazônicas e debates sobre clima

Entre os filmes produzidos está o documentário que discute como a população de Belém enxerga a COP 30 e seus impactos sociais e ambientais. A diretora Maiteh Gil relata que o grupo buscou ouvir pesquisadores, ativistas e moradores da periferia para ampliar o debate sobre os efeitos das mudanças climáticas na cidade. Segundo ela, trazer essa discussão para o cotidiano dos belenenses foi fundamental. “Os eventos climáticos afetam diretamente a cidade, como ilhas de calor e racismo ambiental. É merecido que os moradores participem desse debate”, afirmou.

Outra produção aborda o racismo ambiental na baixada da Terra Firme. Dirigido por Laura Miranda, estudante de Cinema e Audiovisual da UFPA, o documentário apresenta histórias de moradores que enfrentam desigualdades estruturais na luta pelo direito à cidade. “É urgente colocar essa temática em foco. Revelar essas realidades ajuda a transformar o olhar sobre as baixadas de Belém”, disse.

A oficina também deu origem a um filme sobre o projeto “Escola Viva em Movimento”, iniciativa de educação ambiental que reaproveita resíduos plásticos para a produção de ecotijolos usados em construções sustentáveis. Para a estudante de jornalismo Jennifer Barros, retratar o trabalho foi desafiador, especialmente pela logística das filmagens, mas também inspirador. “Dar visibilidade a iniciativas como essa ajuda a ampliar recursos e fortalecer ações que fazem diferença nas comunidades”, destacou.

imageGravação do documentário “Nós na Tela”, que retrata o trabalho da produtora e jornalista Joyce Cursino na ampliação do acesso ao audiovisual nas periferias e interiores do Pará (Reprodução/ Arquivo pessoal)

No documentário Nós na Tela, que acompanha o projeto “Telas em Movimento”, outra perspectiva surgiu de dentro da própria produção. Rogi Roberto, assistente de direção e produtor, afirma que a experiência o levou para fora da zona de conforto. “A troca entre diversas áreas da comunicação foi a melhor parte do programa. Aprendemos sobre produção, fotografia, enquadramento e, principalmente, sobre respeito às pessoas e aos territórios que abordamos”, disse. Ele explica que o grupo escolheu destacar o audiovisual como ferramenta política e de denúncia nas mãos de comunidades indígenas, quilombolas e periféricas. “Muitas vezes somos isolados do restante do país, e até aqui dentro há segregação. O audiovisual traz visibilidade e voz para essas populações”, completou.

Impacto profissional e orgulho da visibilidade nacional

João Lucas Ribeiro Maciel, estudante de Publicidade, descreveu a vivência como transformadora. “Participar do Geração Futura foi uma das melhores experiências que já tive. Aprendi e vivenciei todas as etapas de um projeto real, que hoje está no Globoplay”, afirmou. Ele destacou que se identificou especialmente com a área de produção executiva. “Foi nessa função que me enxerguei atuando no futuro. Aprendemos detalhadamente todas as etapas da pré e pós-produção, sempre acompanhados por grandes referências do audiovisual paraense e nacional.”

Rogi também descreve que a vivência o levou a experimentar novas funções. “Foi através do Geração Futura que me vi cuidando de pautas e atuando em um ritmo diferente do cinema. Isso expandiu minha forma de pensar o audiovisual”, relatou.

A estreia dos filmes em uma plataforma nacional trouxe sentimento de conquista para os jovens. “Me sinto extremamente honrado em ter um projeto estreando no Globoplay logo de início”, declarou João Lucas. “Durante muito tempo o Norte ficou à margem, apesar da qualidade de seus profissionais. Estar nessa vitrine é significativo para mim, para a minha cidade e para o cenário paraense.” Rogi reforçou a ideia: “Quebrar essa barreira e abrir uma janela para falar sobre nossa identidade é um marco na minha carreira.”

Ao reunir estudantes de diferentes áreas e promover trocas com profissionais da região e do país, o Geração Futura reforça o potencial do audiovisual produzido no Pará e amplia o espaço para que jovens amazônidas contem, com autenticidade, suas próprias histórias.

Sobre os curtas 

O Futuro Mora Nas BaixadasNa baixada da Terra Firme, em Belém, a comunidade resiste aos impactos históricos do racismo ambiental e fortalece a luta coletiva pela preservação do território através de alternativas sustentáveis.

Roteiro: Laura Miranda e Emily Pinto 
Direção: Laura Miranda 
Produção: Felipe Valente, Gabriel Mendonça e Laiza Souza 
Direção de Fotografia: Emily Pinto
Câmera: Emily Pinto e Gabriel Mendonça

Nós na Tela: Cineasta amazônida, Joyce Cursino, transforma o audiovisual em instrumento deresistência, levando o cinema às periferias e comunidades da Amazônia para ecoar vozes e pautas climáticas.

Direção e roteiro por Thaline Silva
Assistente de direção: Rogi Roberto
Direção de fotografia: Henrique Pimenta e Ivaneza Sousa
Produção e assistência de câmera: Rogi Roberto e João Lucas

Vozes do Clima: O documentário narra a visão dos moradores de Belém sobre a principal discussão na COP30: Mudança Climática. Ao ouvir uma ativista, um especialista e os moradores da capital da Amazônia, que lidam com as mudanças climáticas, fica a pergunta: A COP é para quem mora aqui ou apenas para quem vem de fora?

Direção: Evelyn Ludovina 
Co-direção: Maiteh Gil
Direção de fotografia: Pedro Moura
Diretor de produção: Davy Araujo 
Roteirista/assistente de produção: Francy Ramos

Ecotijolos: um movimento vivo: “Escola Viva em Movimento” é um movimento itinerante que produz ecotijolos a partir da reciclagem de resíduos, e servem de sustentação para casas de barro, além de ser uma alternativa sustentável”

Direção, Produção e Roteiro: Jennifer Barros
Câmera e Roteiro: Amanda Moraes
Direção de Fotografia: Erick Goulart
Produção: Marina Jares
Roteiro: Bárbara Palheta

 

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