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Paraense selecionada pelo Bolshoi faz vaquinha virtual para se mudar para Santa Catarina

Coleta virtual tenta garantir que Maria Victoria do Rosário, de 11 anos, consiga se sustentar nos primeiros meses em outro Estado

Vito Gemaque

Entrar para a mais prestigiada escola de balé do Brasil é uma tarefa extremamente difícil. Por ano são de 40 a 60 vagas para estudantes de todo o Brasil interessados em cursar a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC). Somente o talento é insuficiente para garantir uma dessas vagas. A cada ano um número crescente de meninos e meninas paraenses se aventura na seleção na busca do sonho de cursar o Bolshoi, superando dificuldades multiplicadas para os paraenses com a distância e falta de recursos financeiros. Por isso a conquista da jovem Maria Victoria do Rosário, de 11 anos, foi comemorada por toda a escola de dança da menina.

O orgulho da escola está estampado logo na entrada com os parabéns em letras garrafais para Maria Victoria, que tentou pela segunda vez entrar no Bolshoi. No ano passado, Vic, como é conhecida pelos professores chegou até a última etapa da nacional, mas não passou. Determinada, ela voltou este ano. “A gente até pensava que ela ia chegar nesse momento de desânimo, mas foi muito pelo contrário. A vontade só se intensificou, nunca demonstrou desinteresse”, diz a mãe Viviane Fonseca do Rosário.

Após a volta para Belém, o primeiro desafio da menina foi a mudança de escola de balé. Como a antiga professora, Luana Alves, fechou o projeto em que Maria Victória participava, indicou a escola da amiga professora Paula Lisboa. A nova professora investiu no potencial e exigiu dedicação. “É importante a bailarina ser eclética. A base tem que ser o balé clássico, mas precisa ter um time com outras metodologias. Além da persistência, ela é muito dedicada. Até doente vem, ela não é de faltar. Na terça, quando chegou a Belém [após a última seletiva do Bolshoi] veio de malas e cuia para a escola ensaiar”, conta. Outra dificuldade, onde muitos paraenses esbarram, foi o dinheiro para viajar. Durante o ano Victória vendeu canetas e a escola fez eventos para angariar fundos para a viagem. Todo o esforço valeu a pena.

A menina com porte expansivo e gestos de uma adulta entrega a inocência ao abrir o sorriso infantil logo ao falar do sonho de ser um dia uma grande bailarina. “Meu sonho e meu amor pela dança era entrar no Bolshoi, uma das melhores escolas de balé do mundo. Eu não sei, é uma paixão que de repente ligou em mim e parecia que podia mudar minha vida. Comecei a treinar porque queria chegar ao meu objetivo”, revela Vic.

Agora toda a família de Victória se mudará para Santa Catarina. Os pais negociam a saída dos empregos para seguirem o sonho da filha. A família continua com desafio de angariar recursos para se sustentar durante os primeiros meses no outro Estado. Para isso organizou uma vaquinha virtual, em que as pessoas podem contribuir pelo site da campanha.

Na expectativa para o Bolshoi, uma lição do professor de balé de Victória, Bruno Carvalho, servirá para a vida toda. “Vic, trabalho duro supera talento! Por mais que o bailarino seja talentoso, se não tiver seriedade, não consegue. Se um outro bailarino que não tenha todo o privilégio como um corpo físico bom e um pé bonito, mas tenha trabalho duro pode ter um talento mágico”, assegura.

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