Obra do escritor Dalcídio Jurandir é patrimônio cultural imaterial do Pará

Lei sancionada pelo governador do Estado traz o reconhecimento a esse paraense apontado como um dos maiores escritores do Brasil e com uma obra apreciada em outros países

Eduardo Rocha
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Considerado um dos grandes nomes da literatura produzida na Amazônia e no Brasil como um todo e tido um dos principais prosadores do Século XX, o escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979) acaba de ter sua obra literária elevada ao patamar de patrimônio cultural imaterial do Pará. O Diário Oficial do Estado, em edição desta quarta-feira (14), trouxe a Lei nº 10.967, de 13 de maio de 2025, assinada pelo governador Helder Barbalho, declarando "como patrimônio cultural e artístico de natureza imaterial do Estado do Pará a obra de Dalcídio Ramos Pereira, do autor Dalcídio Jurandir".

No texto da lei, é relatado que a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) estatuiu e ele sancionou a nova legislação. No artigo 1º da lei é indicado: "Fica declarada como integrante do patrimônio cultural e artístico de natureza imaterial do Estado do Pará, a obra de Dalcidio Ramos Pereira, do autor Dalcídio Jurandir, nos termos dos arts. 18, inciso VII e 286, incisos I, II, III e IV da Constituição do Estado do Pará". 

Reconhecimento

O professor e pesquisador Paulo Nunes, da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e Universidade da Amazônia (Unama) e sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), conhece de perto a obra e a trajetória de Dalcídio Jurandir. Paulo lançou recentemente o livro "Dalcídio Jurandir, o reinventar do caroço de tucumã", pela Imprensa Oficial do Pará/selo editora pública Dalcídio Jurandir

"Dalcídio Jurandir e sua obra de romancista recolocam a Amazônia no cenário da literatura brasileira, na medida em que ele representa a nossa cultura diversificada, notadamente as do Marajó e de Belém. A pedagogia das ruas é as culturas das periferias, dos pretos e caroços tem em Dalcídio uma escrita privilegiada. Assim, reconhecer sua obra como patrimônio do Pará é gesto de reconhecimento fundamental. Que isto antecipe a republicação de sua obra, fundamental para o Brasil", pontua Paulo Nunes.

image Professor Paulo Nunes, admirador e pesquisador da obra de Dalcídio, celebra a homenagem ao escritor paraense (Foto: Arquivo Pessoal)

Dalcídio Jurandir é um autor singular, como frisa o professor. "Ele escreveu, disciplinadamente, durante 50 anos ininterruptos, uma obra grandiosa, denominada por ele Ciclo de romances do Extremo Norte. Mas ele é autor também de textos jornalísticos, crônicas, poemas e belas cartas, que dizem muito da nossa gente, da nossa cultura. Impossível tratar da Amazônia paraense profunda sem conhecer seus autores e autoras. Dalcídio é um grande exemplo", ressalta.

Esse autor nascido no Arquipélago do Marajó, no norte do Pará, inicia o seu romance com as marcas da segunda geração do Modernismo brasileiro, como diz Nunes. "Ele é autor da aquonarrativa, espécie de contraponto à sedenarrativa de Graciliano Ramos", acrescenta.

Amazonicidade

"Dalcídio é um humanista, um socialista convicto; ele aprendeu a mergulhar fundo em nossa amazonicidade. Essa experiência foi depurada pela sua vivência na Academia do Peixe Frito (encontro de intelectuais em Belém) e no Partido Comunista.  Congratulo-me com este reconhecimento a Dalcidio Jurandir", enfatiza o professor Paulo Nunes.

Dalcídio Ramos Pereira nasceu em 10 de janeiro de 1909 na Vila de Ponta de Pedras, no Marajó, filho de Alfredo Pereira e Margarida Ramos. Aos 20 anos de idade, ele começou a escrever suas obras que traduzem literariamente a vida dos habitantes das cidades do norte do Brasil, da Amazônia, em um cenário de beleza exuberante mas também de muito sofrimento para as comunidades mais pobres, sem estrutura para o bem-estar de cidadão em todas as faixas etárias. Dalcídio chegou a atuar como jornalista.

Dado seu talento na confecção de livros como "Chove nos Campos de Cachoeira', "Marajó", "Belém do Grão-Pará" e outros, esse escritor conquistou diversos prêmios, como Dom Casmurro de Literatura (1940), Prêmio Paula Brito (1960) e o Prêmio Machado de Assis de Literatura (1972), pelo conjunto da obra. Dalcídio Jurandir faleceu na Cidade do Rio de Janeiro em 16 de junho de 1979.

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