O "Passinho" ganha força com estilo próprio na periferia de Belém

Jovens de Belém fazem sucesso com canal de vídeo em que dançam o ritmo do sudeste

Ana Carolina Matos
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De Norte a Sul do país, o funk tem mostrado que música e dança andam atrelados quase que obrigatoriamente. Há pouco tempo, o Passinho do Romano ditava as regras nas festas da periferia paulistana e ganhava repercussão em todo o Brasil.

Agora, a "moda" da vez é o Passinho dos Maloka, escrito assim, sem plural e com KA. O estilo, que tem tomado várias regiões do país, também chegou ao Pará e vem entrando na cabeça dos jovens da periferia e região metropolitana de Belém.

As sarradas no ar e braços mais soltos do antigo passinho agora cedem lugar para movimentos mais rápidos de pernas e braços em ritmo intenso e coordenado. Entre os movimentos, estão pés que precisam ser ágeis, dedos que apontam para o chão e para o céu e até movimentos parecidos com o que é visto frequentemente no mês de julho, dos meninos que empinam pipa, ou "papagaio", por todo o estado.

O jovem Yuri Lopes, de 22 anos, que ao lado de César Oliveira, conhecido como Passinho, de 20 anos, comanda o canal LK Oficial, dedicado ao assunto, fala sobre as diferença entre o outro famoso passinho. "No maloka, os passos variam com o beat (batida, em inglês). Dependendo do beat, aumenta a velocidade e é mais rápido. A gente também não utiliza muito a sarrada no ar", detalha ele, que já ostenta mais de 10 mil seguidores no Youtube ao lado do amigo.

Yuri lembra que, há pelos menos dois anos, quando ele e o companheiro de dança começaram a publicar vídeos na plataforma, poucas pessoas conheciam a moda dos passinhos. Hoje em dia, em um domingo no distrito de Icoaraci, ou em encontros da "tribo" marcados nas Praças da República ou Batista Campos, por exemplo, é possível ver o quanto o funk coreografado caiu no gosto de jovens e adolescentes paraenses - entre eles chamados de "família" - que de certa forma adequaram a tendência paulista à sua própria realidade.

Além dos passos ritmados, outra coisa chama atenção e destaca os pertencentes ao grupo: o estilo. Nos meninos, roupas largas, tênis de marca, óculos espelhados e cabelos descoloridos, muito bem penteados e colocados no lugar com gel ou até chamativos black powers. Já as meninas, ainda vistas em menor frequência pelos "rolês" paraenses, variam entre roupas largas e longos cabelos, que podem ser vistos acompanhados de bonés ou não. A maquiagem nelas também é presente.  

"A gente gosta de camisa larga e roupa grande assim porque é bom pra gente dançar, facilita os movimentos na dança", explica Cesar, que apesar de mostrar uma certa timidez durante toda a entrevista, não parece se acanhar na hora de desenrolar os complexos passos. 

A dupla de amigos, moradores do distrito de Outeiro, sonha em profissionalizar o canal no Youtube e, quem sabe, conseguir um dia comprar uma câmera profissional para gravar os vídeos, atualmente filmados e editados majoritariamente pelo celular. "Eu tenho o sonho de ser dançarino e dançar no palco, fazer apresentações. Minha família tá apoiando, tá vendo que tenho me dedicado a isso, mas minha família diz que tenho que ter estudo e tal pra ser alguém na vida, na dança e nos estudos", revela Cesar. 

Criador do canal NGDI Oficial, Chrystian Gomes, de 17 anos, conta que conheceu o passinho em janeiro de 2018, por meio do Youtube. De lá pra cá, reuniu mais nove amigos, sete meninos e duas meninas, para produzir conteúdo de funk para o perfil na plataforma. "Eu já dançava antes, desde o passinho do romano, aí fui ingressando, ingressando, aí cheguei no passinho do maloka. Eu já admirava uns cara de São Paulo, do Rio de Janeiro, aí dei continuidade com o intuito de criar o canal", lembra.

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