Nos bastidores de Pssica: Grupo Liberal visita com exclusividade o set da série da Netflix em Belém

Literatura paraense, de Edyr Augusto, ganha nova trama com direção de Quico e Fernando Meirelles. Distribuição de produção será para 190 países

Bruna Dias
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A série Pssica, da Netflix, estreia no próximo dia 20 de agosto no streaming. Mas, como a geração Z diz por aí, com esse anúncio do lançamento várias “memórias foram desbloqueadas”. Em agosto de 2024, o Grupo Liberal foi convidado com exclusividade para um set visit da Netflix em Belém. Durante dois dias, vivemos uma imersão nas gravações, conversamos com o elenco, diretores e vimos os bastidores de perto.

Pssica é baseada na obra homônima do escritor paraense Edyr Augusto.

Em um desses momentos, na avenida Generalíssimo Deodoro, esquina com a rua Oliveira Belo, onde Marleyda Soto gravava, o premiadíssimo Fernando Meirelles assistia a tudo sentado em uma cadeira, com um brilho no olhar. Isso não era só pelo trabalho sendo bem realizado, mas, em paralelo, o brilho se intensificava quando ele falava sobre as sensações que o Pará causava nele, junto com esse desejo de mostrar Pssica para o mundo. A trama será distribuída pela plataforma para 190 países. 

A série é dirigida por Quico Meirelles, filho de Fernando, que também é contemplado com um episódio dirigido por ele. Gravada ao longo de 2024, em diversas locações do Pará, incluindo os bairros da Cidade Velha e Umarizal, em Belém, e o Marajó, Pssica conta com um elenco majoritariamente formado por novos talentos.

“Eu vim para cá em 2015. Não conheci direito Belém, vim com uma ópera no Theatro da Paz e fiquei aqui uns 45 dias. Nesse processo, alguém me deu um livro do Edyr Augusto e eu fiquei muito encantado com a forma como ele escreve. Quem não leu, precisa ler! E fiquei pensando como esse cara não é conhecido no Brasil inteiro. Acabei lendo tudo dele, passei para o Quico e alguns amigos. Quando meu filho leu Pssica, ele disse que queria filmar essa história, que é tão impressionante e mostra um mundo diferente do nosso”, revelou Fernando Meirelles.

A produção ainda demorou alguns anos para acontecer, até que a Netflix embarcou com a dupla nessa jornada pelos rios do Pará, literalmente. “Acho o Pará um lugar diferente, ele é meio descolado do Brasil, é como se fosse um país à parte. A gente que é de São Paulo anda por aqui e só ouve música paraense, só come comida paraense. O paraense é tão carregado na sua cultura que simplesmente ignora o Sul. Acho muito legal, porque parece que você mudou de país quando vem para cá”, acrescenta Fernando.

O diretor está à frente do terceiro episódio, e Quico dos demais. De acordo com ele, foram alguns anos tentando tirar do papel Pssica, e dividir com o pai foi ainda mais especial por ser uma pessoa que conhece como a cabeça dele funciona, além de ser uma das coisas mais felizes que aconteceram: “Estamos tentando fazer essa história há sete anos, vender e fazer dar certo. Eu já conhecia muito bem e ele também”.

A dinâmica entre eles flui com precisão e liberdade, dentro do pensamento geral dele. Quico revelou ainda que, no primeiro momento, Pssica seria um longa, mas se transformou em uma série após as profundidades que essa história traz.

“Na segunda página do livro já fui convencido a tirar essa história do papel. Pensei: ‘Caraca, o jeito que esse cara escreve! Essa história tem uma vertigem que a gente precisa assistir, a gente precisa tentar reproduzir de algum jeito na tela’. A gente tem esse pensamento e vontade de, de alguma maneira, tentar passar também na tela essa sensação vertiginosa, que é essa metralhadora que é a prosa do Edyr, esse jeito maluco de ‘as coisas vão acontecendo, você vai sendo atropelado, e só vem mais coisas, e não consegue parar de ler’. É uma vertigem que, de alguma forma, queremos passar para a história”, explica.

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Obra de dirigida por Quico Meirelles, em parceria com Fernando Meirelles, é baseada no livro homônimo do escritor Edyr Augusto.

Com a adaptação do livro para o filme e posteriormente para a série, Pssica ganhou um pouco mais de fôlego: “A gente tem um pouco de pausa, já que nesse meio do audiovisual a gente precisa mais de respiro e pausa, para ir um pouco mais para dentro e psicologizar o personagem do que no livro. Crescemos algumas coisas, mas a estrutura é toda do que ele (Edyr) brilhantemente criou. Tentamos reproduzir para o espectador um pouco da sensação que tem o leitor. Eu gosto muito do que o Edyr escreve, depois que conheci fiquei apaixonado”.

Sobre essas sensações, Quico revela que cada personagem foi gravado de uma forma específica para que o público sinta as sensações da jornada que elas atravessam. A produção conta a história de Janalice (Domithila Catete), Preá (Lucas Galvino) e Mariangel (Marleyda Soto), que se entrelaçam quando acreditam que suas vidas se encontram enquanto estão sob uma “pssica” (maldição).

Nesse trio, apenas Domithila Catete é paraense. Mas, como foi citado em outras falas de Fernando e Quico, a ideia era trazer rostos novos para a trama.

“Para a gente era fundamental, principalmente para a Janalice, que tivesse a prosa e a forma de falar paraense, que fosse algo natural. Buscamos muito por ela, em testes e escolas de atores, até chegar às escolas de ensino médio, porque ela precisaria ter essa cara de jovem. E fomos atrás, achamos a Domithila, nos apaixonamos por ela. O rosto dela ama a câmera, você enquadra ela, ela cresce muito. Você vê ela fora da tela, ela é uma menina bonita; na câmera, é tipo: uau. Ela tem isso, além de ser uma excelente atriz”, pontua o diretor.

Dentro dessa narrativa, cheia de ação e temas urgentes, Quico também optou pelo uso de diferentes recursos de filmagens para transmitir essas sensações para o público: “O mundo da Janalice, por exemplo, como ela está sempre presa e tentando fugir, é todo mais fechado. Ela está sempre presa dentro daquele enquadramento. O mundo dos ratos d’água é mais dinâmico, perto do elenco e colado no rosto dos atores. O da Mariangel, que é de vingança, é mais de cinema. Na minha visão, o público não enxerga isso, mas sente”.

OLHAR DO AUTOR 

Com uma escrita de parágrafos curtos mostrando ações simultâneas e linguagem coloquial, Edyr Augusto encanta o leitor e foram essas características que seduziram Fernando e Quico Meirelles. Com Pssica essas referências também serão expostas na série.

“Eu acho maravilhoso nós podermos, como paraenses, assistir a uma história muito bem contada por causa da Netflix, por causa da O2, do Fernando Meirelles e do Quico Meirelles, com a Domithila, que é uma atriz paraense no papel principal, em um cenário que nós todos conhecemos”, disse ao O Liberal. 

image Para além de Pssica: conheça Edyr Augusto e sua obra
Confira o primeiro texto do professor e pesquisador Relivaldo Pinho sobre a produção literária de Edyr Augusto. Este conteúdo especial e exclusivo de O Liberal é uma espécie de “guia” ou provocação, para leitores e espectadores observarem e saberem mais sobre o autor paraense.

Outra curiosidade que irá despertar no público é o significado do nome da produção, tão comum para o nortista. Inclusive, o escritor explicou a origem do título da obra, expressão usada por um personagem em um momento decisivo, o que acabou virando inspiração. Segundo ele, “pssica” é uma palavra do Nheengatu, língua de origem tupi-guarani falada por povos indígenas da região. “Pssica é um desejo de azar, um desejo de que as coisas não dêem certo. Um exemplo é no futebol: há um pênalti contra o seu time e você espera que o adversário perca. Então, você fica ‘psica, psica, psica’, lançando nele uma maldição para que erre”, contou.

 

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