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Brasil presta homenagens ao centenário do inesquecível cantor Nelson Gonçalves

Filha do 'Rei do Rádio' fala sobre a importância do pai para a história da música

Lucas Costa
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A história da música brasileira tem diversos nomes que contribuíram na construção de uma identidade que reflete à cultura do país, nos contextos e locais onde elas surgiram. Nelson Gonçalves é considerado uma dessas grandes vozes dentro dessa importante história, e nesta sexta-feira o país comemora o centenário de nascimento do artista.

A voz poderosa de Nelson chegou a ditar padrões do que seria um verdadeiro intérprete, assim como os de Orlando Silva, Ângela Maria, entre outros. Foi só quando João Gilberto surgiu com sua bossa nova e seu canto baixinho, no fim da década de 1950, que foram abertos caminhos para outros estilos de cantores, que não tinham necessariamente vozeirões potentes. Mesmo assim, Nelson Gonçalves continuou a ocupar o posto dos grandes intérpretes.

Considerado o Rei do Rádio, Nelson Gonçalves recebe diversas homenagens pelo seu centenário. Uma delas é o show “Uma Saudade Chamada Nelson Gonçalves”, onde a cantora e compositora Cristina Amaral homenageia o artista.

O projeto foi idealizado pelo produtor Saulo Aleixo, e tem o aval de Margareth Gonçalves, uma das filhas do Nelson. “Quando o Saulo me procurou achei o projeto lindo e na mesma hora autorizei. Fui a estreia, em Recife, e me emocionou muito ver a Cristina cantando. Ela realmente me encantou e eu não conhecia ela. Fiquei impressionada com a voz e a interpretação que ela fez e foi a primeira vez que uma mulher fez isso. Tenho uma gratidão enorme a ela”, declara Margareth.

O espetáculo virou DVD, que foi gravado no dia 18 de abril de 2019. O Teatro de Santa Isabel, em Recife, foi o palco escolhido para o registro. Beto Hortis, Bia Villa-Chan, Gerlane Lops e o paraense Arthur Espíndola foram os artistas escolhidos para participarem da gravação. O produto será lançado em dezembro e tem a direção de Carlos Pacheco.

“Sempre falo das minhas referências. Começando pela minha casa, minhas irmãs eram seresteiras e gostavam de cantar Nelson Gonçalves, Ângela Maria e todo esse pessoal do rádio. Então eu cresci com isso dentro de mim, e trouxe essa história da minha infância”, relembra Cristina.

Antes de cantar Nelson, a cantora participou de um projeto onde interpretava Ângela Maria, foi quando Saulo a convidou para o projeto onde interpretaria Nelson, em homenagem ao centenário do cantor e compositor. Ao longo da carreira, Cristina também chegou a conhecer Nelson pessoalmente.

“Ele fazia baile na minha cidade e tive o prazer de conhecê-lo em um desses. Ele foi fazer um show e nossa banda o acompanhou em várias cidades. Com isso a gente teve uma aproximação não de amizade, mas de admiração por ter vivido esse shows. Me tornei mais fã ainda”, conta.

Uma das principais características pelas quais Nelson é lembrado até os dias de hoje é seu timbre de voz marcante. Cristina assumiu o desafio de ser uma voz feminina a frente de um projeto que homenageia Nelson Gonçalves em seus cem anos.

“É comum ver homem cantar Nelson e ele traz muita coisa do Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, de quem eu também sou fã; assim como Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano. Todos eles traziam muito essa coisa da música romântica”, explica Cristina.

Margareth diz também ter ficado feliz em saber que uma mulher interpretaria as canções do pai em uma homenagem. “É difícil cantar Nelson. Não por ser meu pai, mas é difícil e as pessoas são criticadas as vezes, o que eu acho um absurdo. Outro dia o Luan Santana cantou na TV e eu achei incrível. Quando vi a Cristina cantar fiquei impressionada e virei fã número um”.

“Acho que meu pai, onde quer que esteja, ficou muito feliz. Ela cantou maravilhosamente bem, não desafinou. Porque tem músicas que são muito difíceis e ele mesmo falava isso”, relembra Margareth.

Cristina também destaca com alegria a participação de Margareth no projeto. “A Margareth foi muito simpática. Ela é uma pessoa muito sensível, acessível, e adorou o projeto, ficou encantada. Ela está sempre indo com a gente, em agosto faremos um show em Fortaleza e ela vai estar também”, diz.

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Filha do cantor fala sobre os últimos momentos do artista

Margareth é um das filhas que teve grande aproximação com o pai, principalmente antes de sua morte. Ela relembra que os dois trabalhavam juntos, e tinha 40 anos quando o pai faleceu. “Foi na minha casa. Ele tinha uma casa, mas então ele teve um infarto e depois ficou bem. O médico disse pra eu pegar ele na casa dele ou ele ia morrer, eu disse ‘como assim?’, e o médico respondeu que seria de solidão. Então ele morou na minha casa por um ano em meio, e ia toda semana na casa dele, até que faleceu”, relembra.

“Ele perdeu a voz em janeiro e falou ‘agora eu vou morrer’, eu disse que não, e ele rebateu: ‘passarinho quando para de cantar, morre’”.

Além do show de Cristina, Nelson Gonçalves será homenageado com o lançamento de um selo pelos correios oficial, ema cidades que fizeram parte de sua trajetória. Além disso, a Sony Music vai liberar nas plataformas de streaming, a partir desta sexta-feira, grande parte da obra do cantor.

“Fico muito orgulhosa de tudo o que está acontecendo em homenagem a ele. Começou em janeiro com um musical que estreou no Rio de Janeiro e agora está em São Paulo, depois veio a Cristina Amaral com esse show. Também pode ser que role um documentário até dezembro. Está acontecendo muita coisa boa”, destaca Margareth.

Atualmente o legado de Nelson, como destacado por Margareth, é hereditário. “Os netos conhecem com os avós”, diz a filha. Pedro Gonçalves, neto de Nelson e filho de Margareth, é um dos que tenta manter viva a memória do avô.

Ele criou a página “Nelson Gonçalves – Eterno”, no Facebook. “Hoje ele é o único neto que faz tudo pra ele. Ele tem muito carinho pelo avô”, conta Margareth. “Acho que era isso o que ele queria, e não acreditava. Ele morreu há 21 anos e até hoje as músicas dele tocam, várias pessoas cantam. Tem vários artistas que morreram e ninguém toca”, diz Margareth.

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