Montagem teatral resgata a história de Hilda Furacão

A prostituta ficou conhecida ao ser interpretada pela atriz Ana Paulo Arósio em minissérie da Rede Globo

Alexandra Cavalcanti
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Se estivesse viva, Hilda Furacão, que ficou conhecida do grande público em 1998 com a estreia da minissérie homônima, na Rede Globo, e no livro de Robert Drummond, estaria completando este mês 91 anos. Hilda Maia Valentim nasceu em 30 de dezembro de 1930, em Recife, mas se mudou ainda criança para Belo Horizonte, onde se tornou uma das prostitutas mais conhecidas no estado mineiro e, posteriormente, no país. É essa história que será encenada neste sábado (18), às 19h30, no Cine Teatro do CCBEU, por 25 atores e atrizes da Casa de Artes Tiago de Pinho.

O espetáculo tem direção de Tiago de Pinho. Ele conta que a história dessa pernambucana sempre lhe encantou. “Contar a história de Hilda Müller, ou Hilda Furacão, é uma forma de homenagear alguém que teve coragem de se privilegiar e dizer não para o destino selado de muitas mulheres: o matrimônio. No Brasil dos anos 1950, casar era o ponto final da vida das mulheres. Não havia esperança de carreiras ou outras expectativas. Me encanta poder exaltar essa figura mítica que esteve a frente do seu tempo. Nessa montagem, a personagem é interpretada pela atriz Ana Clara”, destaca.

A peça mostra a jovem bem-nascida que decide ir contra o casamento, escandalizando toda a sociedade local. “A busca pela liberdade e autonomia de vida dão o tom para a personagem. Outra parte da trama se debruça sobre o dilema de Frei Malthus, oprimido entre o desejo de seguir a Cristo e viver o amor despertado ao conhecer Hilda, mas, que ao final acaba desistindo de tudo. Falamos também sobre política e traçamos um paralelo entre o Brasil atual e o Brasil pré-Golpe Militar em 1964”, acrescenta Tiago.

O pano de fundo da história traz questões como a ditadura militar e a coerção social, além de temáticas relacionadas ao fanatismo religioso e a importância do feminismo. “A peça traz personagens como Dona Lolo, que representa a igreja e os bons modos; o delegado que interage diretamente com o núcleo dos comunistas, onde se pode ver o prenúncio do Golpe Militar de 1964”, explica o diretor.

De acordo com ele, o espetáculo mostra a trajetória da personagem central em um momento bem específico. “A peça faz um recorte da vida da Hilda naquilo que ela tem de mais latente: o desejo de ser livre, sem amarras ou sem que alguém determinasse o seu futuro. Isso é muito bem explorado em seu texto e ações”, afirma.

Para ele, o espetáculo pretende ser fiel ao que se passava de fato na época em que Hilda viveu, “sem romantizar ou exagerar demais. É a história do nosso povo sendo contada através dos costumes e tradições”, resume.

A personagem Hilda, segundo o diretor, exerce um papel importante na luta das mulheres ainda hoje. “Eu sinto como se ela fosse umas daquelas pioneiras que quebram costumes e tradições e que vão para luta em favor da sua vida. Ela é uma inspiração para todas as mulheres que ainda precisam viver vidas que não lhe cabem por pressão, seja ela religiosa, social, estética ou racial”, avalia. “É preciso cada vez mais falarmos e exemplificarmos essas heroínas para que mais mulheres se reconheçam nelas”, completa.

No espetáculo, Hilda é vivida por Ana Clara Santana, de apenas 19 anos. Quando a minissérie foi exibida na Rede Globo, a atriz ainda não era nem nascida e precisou se aprofundar na vida da personagem para encená-la. "Tive que fazer um estudo mais profundo, construir um corpo, voz, entender a personalidade forte dela e pôr em prática durante todo o processo de preparação", conta.

A atriz ressalta que a história de Hilda deixa uma mensagem importante para sociedade atual. “A de que devemos buscar a nossa felicidade, independência financeira e emocional", acredita.

Já o frei Malthus, que na minissérie foi vivida por Rodrigo Santoro, na montagem paraense, é interpretado pelo ator Gabriel Monteiro. "Ele é um homem que se descobre em um momento onde já há um compromisso em dedicar a vida a Deus através da batina. O laboratório foi através de pesquisas sobre os estudos necessários para se tornar um padre, as abdicações durante a vida e os desejos que de repente podem surgir", disse.

Agende-se: Espetáculo Hilda Furacão. Dia 18/12, às 19h30, no Teatro CCBEU (Tv. Padre Eutíquio, 1309). Censura: 14 anos. Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), comprando antecipado todos pagam valor promocional de meia. Mais informações: @sigateatro

 

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